O episódio 2 da série de The Last of Us da HBO foi exibido no domingo (22), mantendo o nível absurdo do primeiro episódio, investindo mais no survival horror, explicando um pouco da origem da infecção pelo Ophiocordyceps e terminando com uma sequência triste e impactante.
Dirigido por Neil Druckmann, que é o roteirista dos jogos do PlayStation, o episódio 2 da série começa na Indonésia em 2003, explicando de maneira ainda breve como se deu o princípio da infecção pelo Ophiocordyceps, com excelente atuação de todos os atores em cena em sequências nunca antes vistas nos jogos. Impossível não estabelecer aqui um paralelo com o princípio da pandemia do COVID-19, onde nos víamos com medo até de sair de casa, na expectativa do desenvolvimento de uma vacina que freasse o contágio e as mortes em massa.
De volta ao tempo presente, o episódio dá sequência à cena de revelação da infecção de Ellie e o fato de ela não ter sucumbido ao fungo, e mostra bem a relação de hostilidade entre ela, Joel e Tess. Bella Ramsey imprime muita personalidade à garota, assim como vemos no jogo (com inspirados momentos de humor, alguns deles idênticos aos do primeiro jogo vale ressaltar). Pedro Pascal está novamente excelente como Joel, muitas vezes com um tom de voz semelhante ao do dublador do jogo em Inglês, especialmente em momentos em que se expressa com frases curtas, assim como no jogo (e o mesmo acontece com o tom de voz da atuação de Bella). Dirigido por Druckmann, a fidelidade da produção ao jogo ainda assusta: até um simples armário bloqueando uma porta, que Joel precisa empurrar para liberar uma passagem, é idêntico a momentos do jogo. Para quem já jogou The Last of Us, tem-se a sensação de que você está com um DualShock ou Dual Sense nas mãos.
Os diálogos na série de The Last of Us são um tesouro, pois nos permite aprender (ou reaprender) mais sobre todo o universo dos jogos, sejam os jogos principais ou a DLC Left Behind. Em direção a uma das locações da história, a fotografia se mostra impecável e de tirar o fôlego, e não podíamos deixar de destacar aqui todo o brilho da atriz que interpreta Tess (Anna Torv). A sequência no museu é o mais puro suco do survival horror, perfeitamente executada, imersiva e que deixa o espectador tenso do princípio ao fim, mérito total da direção da produção. Aqui, os estaladores são as estrelas e estão EXATAMENTE iguais aos que vemos no primeiro jogo, com maquiagem sensacional e atuação de primeira. Os sons produzidos pelos estaladores da série são fiéis em absoluto ao som que ouvimos nos jogos, um trabalho que merece todo o reconhecimento. Esta sequência lembra com fidelidade máxima a gameplay do primeiro jogo no mesmo cenário, e devido ao excelente trabalho da direção e ângulos de câmera, também é eficiente em manter o espectador que nunca jogou os games com os nervos à flor da pele.
Abusando de takes idênticos ao jogo (como Ellie andando pela ponte de madeira) e de referências fotográficas retiradas do primeiro jogo, chegamos ao final do episódio, que novamente se mostra uma verdadeira homenagem ao primeiro game, com sequências, cenários e diálogos idênticos, destacando-se aqui o triste destino de Tess. O desfecho da cena é diverso do jogo, porém não menos eficiente e impactante, e ainda mostra na prática uma explicação dada no começo do episódio, sobre os infectados se reconhecerem e agirem em conjunto. Anna Torv brilhou como Tess, desde o episódio 1, e espera-se que sua participação não tenha se encerrado neste episódio 2 (a personagem pode aparecer em outros episódios, em cenas de flashback por exemplo).
O episódio 2 da série de The Last of Us é tão bom quanto o primeiro, o que sugere consistência na qualidade de toda a série, porém este episódio 2 não é melhor que o episódio 1. Com 55 minutos de duração, tem-se a impressão de que o episódio 2 teve um ritmo corrido para contar seus acontecimentos, algo não notado no episódio 1, este que tem mais de uma hora de duração. Ao mesmo tempo, foram perfeitamente compreensíveis todos os eventos contados neste episódio 2, seja para os amantes do jogo, seja para os novatos na franquia, e todo este mérito vai para Neil Druckmann, que conhece os jogos como ninguém, conseguindo transmitir para este episódio 2 todas as informações que necessitavam ser transmitidas. Talvez sua curta duração seja apontado como um “ponto negativo” unicamente por querermos mais e mais da produção.
Caso siga neste caminho de fidelidade extrema ao jogo original, com ótimo roteiro e atuações impecáveis, teremos um belíssimo episódio 3 desta série! Mal podemos esperar! Abaixo, confira um teaser com cenas do episódio 3:
Fundador e Administrador do EvilHazard, mineiro, de BH e da Independência, advogado, oldschool gamer, uma criança Wesker e fanático por Resident Evil.