A franquia Resident Evil é o lar de alguns dos protagonistas mais icônicos de todos os jogos, mas é difícil argumentar que qualquer um deles é realmente retratado como personagens realistas. Em uma série que constantemente tem seus protagonistas curando marcas de mordidas e facadas com ervas e sprays, enfrentando cientistas e cultistas maníacos e, ocasionalmente, socando pedras gigantes em vulcões, é praticamente impossível afirmar que personagens como Chris Redfield, Leon Kennedy ou Ada Wong são mais realistas do que um herói de filme de ação, e nem precisam ser. Nos últimos anos, entretanto, a franquia Resident Evil ficou um pouco mais corajosa.
Introduzido em Resident Evil 7, Ethan Winters inaugurou uma era mais realista para a franquia de survival horror. Embora Ethan Winters ainda pegue uma espingarda e parta para locais para matar criaturas como se ele tivesse nascido para isso, ele é um protagonista um pouco mais fundamentado do que os outros que vieram antes dele. E embora Ethan Winters não seja o protagonista favorito de Resident Evil de todos, essa abordagem fundamentada pode funcionar bem com uma personagem icônica da série, como Jill Valentine.
Por que Jill Valentine deveria receber um tratamento mais “realista” como recebeu Ethan Winters?
A grande maioria dos protagonistas de Resident Evil sente como se tivesse sido arrancada de um blockbuster de ação, e essa era a intenção dos desenvolvedores originais. Jill Valentine não é exceção, usando armas laser gigantescas para explodir monstros, milagrosamente se recuperando de uma infecção em pouco tempo e fugindo por pouco uma explosão nuclear, mas há um pouco mais na personagem de Jill Valentine sob o brilho do herói de ação.
No início de Resident Evil 3 Remake, os jogadores começam o jogo no apartamento de Jill Valentine em Raccoon City. De uma perspectiva em primeira pessoa, eles podem pesquisar o ambiente, lendo vários colecionáveis que dão uma breve sinopse das provações que Jill já enfrentou dos eventos do primeiro jogo. Quando eles vão para o banheiro, a câmera mostra o rosto de Jill pela primeira vez, e fica imediatamente claro que ela ainda está processando mentalmente tudo o que passou. Embora Nemesis apareça antes que ela possa realmente se expressar mais, é claro que Jill Valentine tem uma boa dose de trauma, e isso é apenas no início de sua jornada.
Em Resident Evil 5 – a última aparição canônica de Jill Valentine na linha do tempo – Jill é capturada por Albert Wesker e forçada a passar por uma série de experimentos biológicos antes de eventualmente ser transformada no fantoche controlado pela mente de Wesker. Embora ela tenha sido salva por Chris Redfield no final, está claro que toda essa experiência seria bastante traumática para Jill, e combinada com seus traumas passados, isso poderia facilmente levar a um ponto de ruptura, que o próximo Resident Evil poderia explorar.
Seria fascinante ver Jill Valentine receber o tratamento de Ethan Winters e se tornar uma personagem muito mais fundamentada, muito mais próxima da realidade. Além de dar a Jill Valentine o retorno que ela merece, essa abordagem mais realista pode levar a uma dinâmica realmente fascinante entre ela e o resto do elenco estelar de Resident Evil. Atualmente, parece que personagens como Leon e Chris são capazes de simplesmente se livrar e esquecer suas experiências profundamente traumáticas, e contrastar esse entorpecimento com um personagem icônico que é afetado por seu passado pode ser intrigante, especialmente se for trabalhado corretamente no narrativa do jogo.
Se Resident Evil continuar com seu tom mais corajoso, então uma nova abordagem para uma personagem clássica como Jill Valentine parece ser o melhor caminho a seguir!
Adaptado de GameRant.
Curitibano que aproveita o clima frio para tomar café e jogar bons jogos, e em alguns momentos de reflexão tenta explicar para si mesmo a diferença de remaster e remake nos dias de hoje. Jogos prediletos: Hollow Knight, The Witcher 3 e Super Metroid.
