Tá vendo este camarada vestido nesta futurística roupa espacial na imagem acima? Pois então, ele é Isaac Clarke, protagonista de uma das melhores séries de horror do mundo dos jogos, e não, não estamos nos referindo a Resident Evil ou Silent Hill. Um pouco antes de a franquia Resident Evil embarcar na ação desenfreada e repleta de decepções, por exemplo, a EA, através da Visceral Games, nos presenteou com uma gratíssima surpresa quando, em meados de 2008, lançou Dead Space 1, um dos survival horrors mais impactantes e com atmosfera mais assustadora da geração PS3/360!
Não é exagero não: Dead Space 1 não só consegue manter o clima de terror à flor da pele, como cumpre a promessa de trazer um gameplay intenso e cercado de ação, com algumas situações extremas, capazes de deixar o mais metódico dos jogadores desesperado!
Ano de lançamento: 2008
Publicadora: Electronic Arts
Desenvolvedora: Visceral Games
Gênero: Survival Horror
Diretor: Bret Robbins, Michael Condrey
Número de jogadores: 1
O que faz de Dead Space uma aposta tão segura é sua capacidade de sugar o jogador para dentro do clima de terror. O game rola dentro de uma estação espacial avariada, cenário que, por si só, mantém a tensão no limite com um silêncio perturbador e a sensação de que uma ruptura qualquer na fuselagem avariada pode mandá-lo para o espaço, literalmente. Além disso, há que se preocupar com a contaminação do ar em alguns locais ou com a escassez de oxigênio.
Sem marcadores adornando a tela, é quase como assumir o controle de um filme de terror, em que claustrofobia e nictobofia são constantes nos ambientes. O melhor de tudo é que não há pudor na hora de mutilar monstros ou ser destroçados por eles – e de assistir ao sangue jorrando ou vísceras à mostra.
O protagonista de Dead Space 1 é Isaac Clarke, um engenheiro espacial que, junto da especialista em computadores Kendra Daniels e do comandante e chefe em segurança Zach Hammond, partem ao espaço para investigar o que aconteceu com a gigante espaçonave USG Ishimura, que permanece inoperante, possivelmente avariada, próximo da órbita de Aegis VII. Isaac Clarke se voluntariou para esta missão devido à sua especialização em reparos de espaçonaves de grande porte. Ao menos essa era a versão oficial, já que, na verdade, ele tentava entender a vídeo-mensagem que recebeu de Nicole Breman, médica da tripulação da USG Ishimura e sua ex-namorada, enviada antes de a nave perder comunicação.
Ao entrarem na espaçonave, Isaac e o restante da equipe descobrem que a tripulação foi morta por seres bizarros. Ele tenta, então, sobreviver e investigar o acontecimento; preparado para atuar mesmo em áreas de gravidade zero, o engenheiro conta com botas magnetizadas para andar pelas paredes. A trama é bacana e ao mesmo tempo sutil, já que a descoberta dos fatos é gradativa, na medida em que se coleta arquivos de áudio e vídeo espalhados pela nave Ishimura, descobrindo-se ainda a verdade sobre os inimigos Necromorphs.
É fácil ficar embasbacado com o visual incrível do game, mesmo nos dias de hoje, especialmente em algumas áreas onde o jogo de luz e sombra é sensacional. Em ambientes escuros, a única iluminação disponível é a do visor do seu capacete ou da mira da arma- ambas extremamente precárias. Transitar por áreas de gravidade zero é outra coisa impressionante. A disposição dos comandos é bem confortável, com direito a uma quebra de tabu em jogos do tipo: controlar a câmera é excelente. Para aumentar a imersão, a produtora do jogo optou por tornar Isaac um protagonista “mudo”: nenhuma palavra é dita pelo engenheiro em todo o decorrer do jogo.
Criaturas diabólicas com visual realisticamente aterrorizante já não são novidade, mas a coisa em Dead Space é diferente, por vários motivos. Para começar, você vai aprender a sentir medo porque as criaturas simplesmente podem matar o engenheiro com apenas um único ataque (Isaac pode perder a cabeça em uma cena sangrenta, ou perder uma das pernas ao tentar passar correndo por uma porta com mau funcionamento..). O segundo motivo são os inimigos: em Dead Space 1, a maioria dos monstros não revela seus pontos fracos facilmente. Um deles, o ser chamado Brute, por exemplo, é revestido por uma carapaça resistente a todo o arsenal do personagem. O único meio de matá-lo é usar um equipamento especial, capaz de deixar os inimigos em câmera lenta por instantes, e aproveitar para correr até as costas do monstro e atirar em suas pernas.
Outra desvantagem contra os inimigos é que não há como pausar nos momentos de perigo, nem para acessar o menu de armas e itens. A produtora acertou em cheio ao decidir que, para aumentar a sensação de imersão, teria que eliminar vantagens típicas desses jogos. Por isso, o personagem acessa um menu holográfico que se manifesta em tempo real na sua frente: além disso, o mediador de energia do personagem é representado barra azul de oxigênio da sua vestimenta e é preciso olhar para a própria arma para descobrir quanto ela ainda tem de munição.
Caso o jogador tenha um sistema de som adequado, vai se surpreender ainda mais com a lapidação da mixagem de som. Escutar o barulho de objetos caindo ao longe, metal rangendo, seres se arrastando, gritos ou grunhidos é um espetáculo! Tais ruídos são tão constantes e marcantes que o verdadeiro medo surge com o silêncio, um indicador de que algo vai (ou não) acontecer a qualquer instante.
Vagar por uma espaçonave gigante, com idas e vindas por vários ambientes (algumas vezes passando por áreas já visitadas para solucionar novos problemas) exala o odor de linearidade. Para reforçar isso é impossível se perder, graças ao sistema que sempre indica o caminho rumo ao objetivo. Embora isso seja um limitador, o foco de Dead Space é desviado para a ação e o alto desafio. O fato de sempre saber para onde ir não significa que você vai se dar bem ou encurtar a aventura.
Para piorar a tremedeira, há pouquíssima munição para ser usada. A falta de recursos o obriga a ser ousado e explorar ambientes paralelos quando estiver indo de um ponto ao outro. Isso pode salvar seu couro em certas situações – encontrar munição, recarregadores de HP, créditos (dinheiro) – ou trazer graves consequências, que resultam em algum tipo de morte horrenda.
Há também no game máquinas de compra, que estão espalhadas por toda a nave e oferecem armas, munição e itens de recuperação à venda. São adquiridos com créditos coletados ao longo de sua exploração pela espaçonave. Conforme seu progresso e a coleta de Schematics (um tipo de circuito), novas armas e modelos de armadura aparecem disponíveis. Quando acessar a máquina, você tem as opções Shop (comprar), Inventory (vender o que quiser do seu inventário) e Safe (cofre para poder armazenar itens). Para guardar itens no cofre, escolha a opção Inventory na máquina, selecione o item e escolha a opção Move.
A equipe de produção projetou o game de forma a trazer surpresas constantes, além de incentivar o uso de estratégia de combate e improvisação. O clima cinematográfico e a física no jogo são incríveis, assim como a sacada dos menus holográficos. Apesar de serem apenas 12 capítulos, a sensação de longevidade de Dead Space é alta. Tudo depende do nível de dificuldade no qual se está jogando -no modo Impossible, habilitado ao terminar o jogo pela primeira vez, a quantidade de horas é elevada e a ênfase na parte estratégica é dobrada-, mas de um jeito ou de outro a EA oferece uma agradável surpresa para quem buscava novidade em games de terror. Se tiver coragem, jogue de noite, sozinho, com som no talo e a experiência será compensadora.
Dead Space teve uma recepção positiva tanto comercialmente como na crítica. A Xbox World 360 premiou a versão em Xbox 360 em 91 de 100, dizendo que o jogo era uma experiência de roer as unhas, conduzida por um roteiro que vale um filme e cenário inspirador. Dead Space também foi comercialmente um sucesso, com o diretor de finanças da EA, Eric Brown, confirmando 1 milhão de cópias vendidas em 2008 nas três plataformas.
Todo este sucesso garantiu outros dois jogos para a franquia, dois longas em animação, e uma legião de fãs apaixonados por todo o belíssimo horror que Dead Space 1 nos presenteia, de forma única e inesquecível!
Redator do EvilHazard, paulista, 21 anos, gamer amante de jogos de computador, fã de videogames antigos e de jumpscares em jogos de terror.