Mais um ano e mais uma Brasil Game Show (BGS)! A maior feira de games da América Latina completou seus 15 anos nesse ano de 2024 e era esperada uma programação especial, assim como foi a edição da feira em seu retorno após o surto de COVID-19. Já dando um pequeno spoiler deste artigo: em algumas partes, a feira foi excelente, porém essa edição comemorativa deixou um questionamento um tanto inquietante: será que a feira está perdendo o seu fôlego perante a outros eventos? Qual será o seu futuro daqui em diante?
Uma semana após o término da maior feira de games da América Latina, nós do EvilHazard estamos aqui para analisar a feira como um todo e trazer alguns pontos que a nossa equipe discutiu sobre o que esperamos da feira no futuro. Para começar, é interessante já deixarmos claro que, apesar do legado sólido que a Brasil Game Show deixou ao longo dos anos (não sendo apenas uma feira para a exposição de jogos, mas sim o fato de já ter se tornado um ponto de encontro obrigatório no ano para fãs de jogos e profissionais da indústria, assim como era a falecida E3 que sempre atraía o olhar do público quanto aos anúncios) é inegável que a edição da BGS desse ano não foi de total agrado dos fãs.
Ao nos depararmos com comentários em redes sociais é nítido que até mesmo o público que gostou da feira sentiu que estavam faltando coisas, como mais expositores com estações de jogo com consoles e não só o PC como plataforma dominante e ainda uma melhor organização tanto de espaço quanto de pessoal interno.
A feira desse ano contou com presenças ilustres, como a estreia de nomes como Devolver Digital, SNK, Arc System Works e Pocket Pair que marcaram presença pela primeira vez (e esperamos vê-las novamente em futuras edições com estandes cada vez maiores e mais chamativos); além destes “novatos”, a feira também contou com a participação das já tradicionais Nintendo, Sega, HoYoverse e Blizzard (esta com seu Diablo 4), que se destacaram por seus estandes grandiosos e experiências imersivas. Junto delas também tivemos a participação da Samsung que, mesmo não sendo uma produtora de jogos, trouxe diversas tecnologias que potencializam a experiência dos jogadores, como seus novos monitores 3D que nos faz lembrar as tecnologias do Nintendo 3DS, além de televisores que melhoram e muito a qualidade dos jogos de PC e console (além disso, a Samsung, por ter um dos maiores estandes do evento, abrigou jogos de empresas como Ubisoft, Warner Games e EA).
Como dito anteriormente, essa edição teve como plataforma dominante o PC, que contou com a participação da Pichau e Shopinfo, que foram os maiores estandes da feira juntamente com a Samsung. Junto delas tivemos também a presença de Ronaldo Fenômeno que trouxe o seu estande da Ronaldo TV, contendo as suas taças de melhor jogador do mundo, fazendo do seu estande um ponto para muitos visitantes que são fãs do ex-jogador.
Em relação às participações especiais, a feira está de parabéns, pois trouxe grandes nomes da indústria, tanto os que já são conhecidos da casa (como Shota Nakama) quanto novos rostos (como Neil Newbon e o ator Roger Clark, que interpretou Arthur Morgan de Red Dead Redemption); a participação desses nomes atraiu a atenção do público, criando filas gigantescas para os seus respectivos Meet & Greet.
Como nem tudo são flores, agora devemos comentar um pouco do que não agradou muitos dos visitantes. Sabemos que empresas como Microsoft e PlayStation não aparecem em eventos presenciais há um bom tempo, sendo esse um dos motivos pelos quais a E3 não existe mais, mas é nítido que a falta dessas empresas deixa um vácuo gigante no evento, e dessa vez a estratégia usada no ano passado não teve o mesmo efeito. No ano passado, para compensar a falta das grandes empresas, os demais estandes presentes apostaram nos influenciadores para chamar a atenção do público geral, mas esse ano essa estratégia na verdade se voltou contra, pois é nítido o esvaziamento do evento e a insatisfação do público que já notou essa estratégia.
Com essa edição de 15 anos, foi possível sentir um evento menos impactante, pois mesmo trazendo atrações de peso, nota-se que a edição de 2024 da BGS foi menos cheia (inclusive no sábado, dia 12, onde os ingressos haviam teoricamente esgotado). Esse ano muitos visitantes notaram a redução de conteúdo e o aumento de lojinhas, por exemplo.
Algo que particularmente deixou este Redator chateado foi a Área Indie, que novamente não teve o carinho que merecia, principalmente em momentos como esse onde a feira está com menos expositores é que deveria dar um maior destaque a esse mercado que só tem crescido aqui no Brasil. Neste ano, a Área Indie aparentemente estava menor, tendo apenas dois corredores pouco sinalizados e muito escondidos por estandes de lojas.
Para muitas pessoas (consultadas por nossa Equipe ou que se manifestaram nas redes sociais), esta edição de 2024 da BGS deu uma sensação de atualização para “versão 1.1” da BGS 2023, com poucas inovações e uma redução visível na oferta de atrações. Em outros momentos, isso seria apenas uma simples crítica do público geral e nada mais, porém agora a feira possui “uma concorrente” por assim dizer (a gamescom) e mesmo sendo realizadas em momentos diferentes do ano, comparações e até mesmo disputas são geradas nos bastidores para atrair a atenção do público em geral.
Nós do EvilHazard e os jogadores brasileiros amamos a BGS e a feira sempre terá um espaço especial no coração do público brasileiro (e no nosso!), mas a edição de 2024 deixou claro que a feira precisa de mudanças para continuar relevante, e ao que tudo indica, essas mudanças já devem estar sendo vistas, já que, segundo informações obtidas pela própria Equipe do evento, a edição de 2025 terá a duração de quatro dias (9 a 12 de outubro de 2025) ao invés de cinco dias, algo que pode sim fazer uma diferença grande, já que, na teoria, por ter menos dias, a feira terá um investimento maior para atrair a atenção em seu período de exibição. Os ingressos para a BGS 2025 estavam sendo vendidos em caráter antecipado, dentro desta edição de 2024.
Nós do EvilHazard adoramos a Brasil Game Show, fomos Parceiros Oficiais da feira durante anos consecutivos, e somos eternamente gratos ao fundador Marcelo Tavares e toda sua equipe de assessoria de imprensa por nos tratar com dignidade e respeito, confiando em nosso trabalho ao nos ceder todos os anos as Credenciais de Imprensa para a cobertura in-loco do evento. Esperamos que a feira melhore em futuras edições, onde se Deus quiser estaremos presente!
20 anos, paulista, Redator do Evilhazard, amante de jogos indies (em especial jogos de terror indies) e oldshool gamer!
