A série live-action de The Last Of Us da HBO Max chegou para se tornar um fenômeno global, sendo considerada atualmente por muitos como a melhor adaptação já feita de um jogo. Com apenas 2 episódios, a série já conseguiu garantir a sua confirmação da segunda temporada, e o seu terceiro episódio foi lançado no dia 29/01, na sua plataforma de streaming.
O terceiro episódio da obra possui a duração de 1 hora e 15 minutos e tem a maioria do seu foco em Bill (Nick Offerman) e Frank (Murray Bartlett), personagens já conhecidos do primeiro jogo, e a relação de ambos. Vale lembrar que a relação deles no universo do jogo nos é apresentada de uma forma vaga e sutil. Há pouquíssimos vestígios que nos contam sobre a relação deles dentro do jogo. Sabemos apenas que Bill e Frank eram amigos próximos. Encontramos Frank em uma cutscene, onde o mesmo tirou a própria vida se enforcando na sala de estar da sua casa. De bônus, podemos encontrar uma carta destinada ao amigo que conta como um item colecionável. A série tomou a liberdade para conectar as pontas soltas deixadas nesse trecho do game, por exemplo: como Joel e Tess conheceram Bill, e também focou na própria relação entre Bill e Frank.
O episódio começa com Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) indo para a famigerada cidade do Bill após os acontecimentos do segundo episódio. Até aqui, a série tem se mostrado fiel ao seu conteúdo original, seguindo quase que à risca os eventos do jogo. Durante o trajeto, Joel conta à Ellie um pouco, mas detalhadamente sobre os fatos do Cordyceps, o fungo causador da ruína do mundo, sobre o próprio surto do fungo e também cita as datas dos acontecimentos, deixando a história ainda mais rica em informações e detalhes. É curioso citar um detalhe que pode passar despercebido por muitos. Logo no começo do episódio, mais precisamente nos 5 minutos e 57 segundos de apresentação, Ellie encontra uma máquina de videogame arcade do jogo Mortal Kombat II. No jogo, The Last Of Us, ela encontra a mesma máquina arcade dentro da cidade do Bill, mas de um jogo original do próprio universo de TLOU, chamado The Turning. A garota fica maravilhada com a máquina e começa a citar para Joel as características da personagem principal, que leva o mesmo nome do jogo, e as experiências que teve em sua vida com o jogo. Esse evento, inclusive, é um dos diálogos opcionais que se encaixam na linha de colecionáveis do jogo. Já na série, se segue a mesma linha de diálogo, mas Angel Knives é substituída por Millena, a irmã metade Tarkatânea de Kitana. Um detalhe bem marcante que aproxima o universo fictício da obra com o mundo real.
Depois, somos teleportados de volta a 2003 onde o estopim do surto acontece, e passamos a acompanhar o episódio na perspectiva de Bill. Algo que muitos notam logo de cara é a brusca mudança que a cidade teve. O que antes era um labirinto de prédios e construções repleto de infectados e armadilhas, agora é uma espécie de subúrbio rodeado por cercas com armadilhas posicionadas somente no lado exterior dela, livre de infectados em seu interior. No decorrer da história, vemos o dia-a-dia solitário de Bill buscando suprimentos e preparando as suas famosas armadilhas no lugar que foi evacuado, porém, uma de suas armadilhas capturam um homem chamado Frank, e é aqui que a história do episódio realmente começa. E também onde precisamos abordar um tema delicado ultimamente.
É um fato consumado que a relação de Bill e Frank no primeiro jogo é um mistério. Como ambos se conheceram? Como era a comunicação e convivência deles? Qual foi o fim deles? A série tomou a liberdade de cobrir tais buracos, e isso é um ponto positivo, já que o objetivo de uma adaptação para as telas de streaming e cinema é enriquecer o material original enquanto se mantém fiel ao mesmo, deixando tudo fácil de se entender, mas a série acabou se preocupando em ir mais além, nos mostrando uma cena explícita de relação sexual entre ambos. A cena “quebrou a internet” e muitos a consideraram desnecessária, ao passo de que outros admiraram a coragem do roteiro e da direção da produção. Antes de continuarmos o assunto, vale ressaltar que relacionamentos homossexuais dentro da franquia The Last Of Us são comuns de se encontrar. Ellie e Riley em The Last Of Us 1, no DLC Left Behind, e Ellie e Dina em Parte II são exemplos claros, porém, no tocante a Bill e Frank, alguns telespectadores mais “conservadores” têm defendido que esperavam o relacionamento deles demonstrado de forma mais implícita na série, com um carinho ou um beijo por exemplo, e não de forma explícita com cenas de relação sexual entre eles, até porque isto inexiste no jogo. Fato é que a Parte II contém cenas de amor entre Ellie e Dina e Abby e Owen e nada disso atrapalha a história, e o mesmo vale para a série. Isso é um fato. Para aqueles que se espantaram com a cena, o argumento é de que, independentemente da sexualidade dos personagens, sendo hétero ou homossexual, tais cenas não acrescentam nada à história e em alguns casos até mesmo tiram um pouco da sua credibilidade. É de se destacar, finalmente, a coragem de Druckmann e Mazin de abordarem da forma que abordaram tal sequência, que ainda vai gerar muito debate entre fãs e novatos na franquia.
No decorrer do episódio, vemos o dia-a-dia de Bill e Frank na cidade cercada tentando viver uma vida corriqueira como um casal, e é onde nos é apresentado como Joel e Tess acabam conhecendo Bill. Logo após a polêmica cena, Frank fala que receberão amigos que se comunicaram através do rádio. Amigos esses que mais tarde são revelados como Joel e Tess. Um detalhe importante a ser citado aqui é Frank e Tess combinando os códigos do rádio baseados em músicas das décadas de 60, 70 e 80 no fundo de um diálogo entre Joel e Bill. Códigos esses que aparecem no primeiro episódio e é algo da própria série. Depois de um ataque de saqueadores repelido com sucesso por Bill e suas armadilhas com sucesso, somos levados de volta a 2023, ano atual da trama, e vemos o casal já velho e cansado. A série nos mostra que, em seu universo, os dois se casaram e cometeram suicídio juntos no mesmo dia, deixando um clima poético e triste e na relação de ambos. No jogo, Bill não possui um final definitivo, apenas Frank em ambos os universos.
Assim como na obra original, Joel leva Ellie à cidade do velho amigo, como Tess pede antes de sua morte. Chegando lá, ele descobre o bilhete de suicídio deixado por Bill. Então Joel e Ellie reúnem suprimentos e um carro funcional e partem em busca de Tommy, o irmão mais novo de Joel. Outro detalhe minucioso é o diálogo que ocorre entre os dois antes de partirem, onde Joel, basicamente, pede para Ellie obedecer às suas ordens. No jogo, o diálogo ocorre antes de ambos sequer entrarem nas redondezas da cidade. Já na série, ocorre quando eles estão a deixando.
Analisando apenas a série de uma forma conclusiva, The Last Of Us da HBO continua surpreendendo com os elementos apresentados. O show nos apresenta um enriquecimento grandioso na história e um amadurecimento progressivo entre Joel e Ellie. Os atores, apesar de algumas críticas destrutivas, merecem todos os elogios possíveis, pois conseguem transmitir para o público o “verdadeiro eu” dos personagens. A maquiagem e o figurino seguem impecáveis e fiéis à obra original, e os cenários continuam maravilhosos, demonstrando perfeitamente as suas propostas. E por último, mas não menos importante, a dublagem brasileira, que contém os mesmos dubladores do jogo original. A dublagem segue perfeita e consegue deixar os jogadores com aquele gosto de nostalgia e a vontade de rejogar o primeiro jogo da franquia.
O Episódio 3 foi altamente avaliado no site IMDB, conseguindo nota 10/10, e muitos fãs estão considerando-o o melhor até agora. Abaixo, confira um teaser do Episódio 4:
Do interior de São Paulo. Redator e coordenador chefe de redes sociais do EvilHazard. Possui um grande conhecimento e domínio da franquia Resident Evil.