Chegou aos cinemas um novo filme de vampiro, Abigail. Um filme que veio sem expectativa e sem chamar muita a atenção, mas que surpreendeu e muito. É um filme de vampiro a moda antiga. Vampiro como deve ser. Aqui não tem vampiro brilhando no sol não.
Na trama, um grupo é reunido para sequestrar uma menina, levar para uma mansão isolada e dividir o dinheiro do resgate; o que eles não sabem é que a menina não é só filha de um chefão do crime, mas também uma vampira centenária.
Uma trama simples, mas que funciona lindamente. É muito satisfatório assistir a um filme de terror onde os personagens não são completos idiotas. Eles se separam algumas vezes? Sim, mas apenas em momentos que era necessário ou apenas para ir na sala ao lado pegar alguma coisa rapidamente. É satisfatório o fato de que, diferente de muitos filmes, eles conseguem identificar muito rápido que a menina é uma vampira e não perdem tempo em pegar alho e fazer estacas com os tacos de sinuca. Não tem aquele momento de “Meu Deus, o que ela é?”, “Com o que estamos lidando?” e isso é maravilhoso.
A direção de Matt Bettinelli-Olpin é eficaz em criar a tensão do ambiente e construir o perigo em que os personagens estão inseridos. É eficaz em nos mostrar a mansão inteira, mas ainda conseguindo deixá-la misteriosa. O fato de não sabermos exatamente os caminhos e tudo o que tem lá dentro torna tudo ainda melhor, e prova que dá sim pra fazer um filme inteiro de Resident Evil dentro da mansão icônica de RE1, fica a dica.
Em relação aos personagens, atuação ruim aqui não existe. A protagonista de Melissa Barreira é uma final girl raiz que não faz só correr e não é burra para ser enganada facilmente. Os outros sobreviventes não são aqueles personagens estereotipados sem personalidade, eles, olha só, agem como pessoas normais. Ficam com medo, se desesperam, mas ao mesmo tempo lutam e fazem o que precisam para sair de lá. Tem um momento onde a vampira morde um deles e a pessoa se desespera na duvida se vai virar vampiro ou não e é excelente. Giancarlo Esposito faz o dinheiro mais fácil da sua vida e Alisha Weir , a garotinha vampira, nos deixa de queixo caído sendo fácil uma das melhores atrizes do filme; a atriz de 14 anos conseguiu convencer com perfeição que tem centenas de anos de idade. A forma como ela vai de menininha assustada para mulher manipuladora é fascinante.
Nem tudo são flores, entretanto. Apesar de ser ótimo eles terem identificado que a menina é uma vampira e partir rápido a se armar apropriadamente, ficou esquisito eles concluírem tudo isso apenas de ver ela mordendo outra pessoa. Eles viram uma boca cheia de dentes e uma mordida e de imediato falaram “Vampira”. Não é ruim, mas talvez pudesse ter algo a mais na cena que ajudasse na identificação, só colocar a protagonista vendo que ela não tem reflexo já era o suficiente, mas o maior problema é o terceiro ato. O filme se estende mais do que devia e troca a ameaça do filme. E é justamente essa troca que enfraquece esse final, já que vimos um filme inteiro da menina caçando as pessoas para no fim uma das pessoas virar vampiro também e eles se aliarem a menina pra parar o cara… é o mesmo que você realizar um filme de Sexta-Feira 13 e no fim a galera se aliar ao Jason porque apareceu outra ameaça, é ruim. Enfraquece demais o filme.
Em conclusão, Abigail é um excelente filme de vampiro que, muito diferente do que vemos hoje em dia, segue as regras dos vampiros à risca e entrega uma história muito interessante com personagens bem construídos e que agem de forma convincente. Apesar de uma escorregada no terceiro ato ainda é um filme muito bom que com certeza vale a assistida!
Nascido em 1996 em Bauru (SP). Redator e Editor de Vídeos do EvilHazard. Escritor publicado. Diretor e roteirista de cinema.