Depois do sucesso de Final Fantasy VII, a Squaresoft (nome antigo da atual Square-Enix) buscou criar RPGs com mecânicas inovadoras e acertou em cheio com a estreia da policial Aya Brea em Parasite Eve, jogo que completou 20 anos em 29 de março de 2018! A estratégia de sucesso do PlayStation foi oferecer mais liberdade de criação para as desenvolvedoras de jogos. A SquareSoft, empresa japonesa que já tinha muita moral com a Sony, aproveitou essa filosofia e segurança vinda de uma sequência de sucessos para arriscar algo novo. Depois de explorar muita fantasia medieval, decidiu combinar ficção científica, suspense, survival horror e RPG em tempos modernos com Parasite Eve.. e acertou em cheio!
Plataforma inaugural e ano de lançamento: PlayStation, 1998
Publicadora: Squaresoft
Gênero: RPG-Survival Horror
Designer: Yoshihiko Maekawa
Produtor: Hironobu Sakaguchi
Número de jogadores: 1
Para os mais novos nascidos na década de 2000, e que nunca ouviram falar de Parasite Eve, trata-se de um RPG de ação, cujo o sistema de batalha permite à personagem ficar em movimento enquanto a barra de ação é preenchida para ativar o ataque, algo novo para época. A trama começa com um romance policial contemporâneo (uma continuação do livro homônimo do escritor Hideaki Sena) que se passa na cidade de Nova Iorque e muda para um roteiro de ficção científica com monstros gosmentos e super poderes, algo mais comum na cultura japonesa.
Na véspera de Natal de 1997, a atriz Melissa Pearce faz uma apresentação de uma peça de teatro no Carniege Hall. Na plateia está a protagonista Aya Brea, uma policial de folga. As luzes se apagam e a ópera tem início. O olhar de Melissa se fixa em Aya e algo absurdo acontece: as pessoas na platéia, com exceção de Melissa e Aya, entram em combustão espontânea. Melissa assume um comportamento estranho e sua aparência muda. “Você ainda não está pronta”, diz para Aya. Isso aconteceu porque uma mutação de uma antiga mitocôndria, que descansava em um rim transplantado de Melissa há anos, despertou e se transformou na Mitocôndria Eve. Aya descobre que é imune à combustão e a polícia chega no local, mas não entra por causa do perigo que poderia afeta-los, e manda Aya sozinha com uma pistola e munição. O clima de mistério prende o jogador. Melissa assume uma nova forma, “Eve”, e agora ela pode transformar seres vivos e insetos em monstros, e seu objetivo é dar vida a um “ser definitivo”.
Mais tarde, Aya descobre que ela é mais forte que as outras pessoas pelo fato de que ela também possui a mitocôndria de Melissa em seu corpo (que foi transferida à ela por um transplante de córnea), mas as duas se desenvolveram de forma diferente porque elas foram separadas ou porque o transplante de Aya não afetou seu DNA, como aconteceu com Melissa. Eve começa a transformar animais e organismos em Criaturas Neo-Mitocondriais (ou NMC). Aya mata essas criaturas para acabar com o sofrimento que enfrentavam e eliminar o perigo que representavam. Conforme o enredo se desenvolve, somos apresentados a personagens secundários que despertam interesse. Destaque para o policial Daniel Dollis, parceiro de Aya, que lida com um divórcio recente e com a difícil situação de equilibrar muito trabalho e pouco tempo livre para passar com o seu filho de oito anos.
Parasite Eve foi o primeiro jogo da Square que teve parte da produção feita nos EUA e também receber indicação para maiores de 17 anos – devido ao linguajar mais adulto, referências a sexo, termos científicos e muita biologia, com cenas de transformação de monstros e mortes grotescas sem o menor pudor. Não é jogo para qualquer um, com uma progressão morosa e gerenciamento constante de detalhes para lidar com o sistema de configurações de armas. É preciso dominar o uso de ferramentas de modificação e melhorias, distribuição de Bônus Point (BP) nos atributos de Aya para melhorar habilidades e o entendimento de funções do sistema de batalha. Era uma época em que complexidade tinha algum valor no gênero RPG, ao contrário dos tempos atuais onde tudo é mais simples.
Os ambientes em Parasite Eve são incrivelmente caprichados e o visual dos personagens lembram bastante Final Fantasy VIII, outro hit da Squaresoft. O mapa principal do jogo é a ilha de Manhattan nos Estados Unidos, com algumas localidades exploráveis e em uma retratação fiel e competente para os padrões da época. No tocante à trilha sonora, Yoko Shimomura foi o responsável, incluindo a introdução “Primal Eyes” e o encerramento “Somnia Memorias”, ambas tocadas por Shani Rigsbee. Parasite Eve possui, segundo boa parte da crítica especializada, uma das melhores trilhas sonoras originais em jogos de videogame, usando influências que iam de ópera até música eletrônica.
Além de muita atenção aos detalhes da trama e desafios bastante empolgantes, Parasite Eve ganha ainda uma boa sobrevida após o seu término, com o modo EX: vencer 77 andares do edifício Chrysler.. uma verdadeira loucura!
Parasite Eve recebeu, de forma geral, analises positivas dos críticos. No Metacritic e GameRankigs, por exemplo, o jogo obteve as notas 81/100 e 76.72%, respectivamente. O jogo vendeu mais de 1,9 milhões de unidades em fevereiro de 2004, com 1,05 milhões de unidades vendidas no Japão apenas e 0,89 milhões vendidas na América do Norte. No Japão, foi o sétimo jogo mais vendido de 1998. Tal sucesso rendeu continuações: Parasite Eve II em 1999 e The 3rd Birthday em 2010. Sem dúvida, a Squaresoft, ao misturar elementos de RPG com o survival horror, em uma história repleta de mistérios e com uma carismática protagonista, criou um dos maiores clássicos de todos os tempos da história dos videogames, um jogo que permanece sendo uma ótima pedida para se jogar!
Redator do EvilHazard, paulista, 21 anos, gamer amante de jogos de computador, fã de videogames antigos e de jumpscares em jogos de terror.