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EvilFiles – Resident Evil CODE: Veronica (Análise)

Resident Evil vem se mantendo firme como uma das maiores franquias do mundo dos jogos, além de ser o maior patrimônio da gigante japonesa Capcom. São mais de duas décadas proporcionando aos fãs o que há de melhor no mundo survival horror, ditando tendências de gameplay, redefinindo o conceito de “action game”, apresentando uma trama imersiva, inteligente e repleta de mistérios, e mostrando sua capacidade de se reinventar.

A série também é uma das poucas que quebrou as barreiras do mundo dos jogos, marcando seu nome também nos livros, HQs, mangás, animações e nos cinemas. Como uma forma de homenagear todo este sucesso, o EvilHazard te apresenta a um dos games mais populares e queridos pelos fãs da franquia: Resident Evil CODE: Veronica.

Estamos no começo dos anos 2000. A SEGA ainda colhia os louros do lançamento do Dreamcast e o PlayStation 2 ainda não tinha chegado às lojas, logo, era o Dreamcast o console mais sofisticado da época, o mais potente e impressionante. Em uma tentativa de consolidar todo este sucesso, a SEGA surpreende: lança para o seu mais novo videogame um novo jogo de uma franquia “arrasa-quarteirão”. A SEGA anuncia, exclusivamente para o Dreamcast, o quarto jogo da série Resident Evil: Resident Evil CODE: Veronica.

Plataforma inaugural e ano de lançamento: Dreamcast, anos 2000
Desenvolvedora e Publicadora: CAPCOM
Gênero: Survival Horror
Produtor: Shinji Mikami
Número de jogadores: 1

Resident Evil CODE: Veronica chegaria às lojas ainda em 1999, para se aproveitar do “boom” do lançamento do Dreamcast, mas atrasos na produção levaram o jogo a ser oficialmente lançado em 3 de fevereiro de 2000, no Japão e nos Estados Unidos.  Foi o primeiro jogo da franquia feito para a sexta geração de videogames, e o primeiro da série a usar ambientes 3D em tempo real, abandonando assim os cenários pré-renderizados característicos dos jogos anteriores. Trazendo Claire Redfield em uma cena espetacular nos minutos iniciais, a história do game se passa em dezembro de 1998, três meses depois dos eventos de Resident Evil 2 e Resident Evil 3.

Em Code: Veronica, Claire invade uma base da Umbrella em Paris, na procura de seu irmão, Chris Redfield. Durante a infiltração, ela é capturada e posteriormente presa na Ilha Rockfort, mas acaba não permanecendo por muito tempo atrás das grades. Um homem chamado Rodrigo Juan Raval a põe em liberdade, uma vez que ela não é mais considerada uma ameaça, frente ao caos que dominou a ilha após um acidente com o T-Virus. Livre da prisão, e após escapar de mortos vivos em um cemitério, a moça se encontra, de uma maneira nada casual, com Steve Burnside, outro prisioneiro da ilha que está em fuga, e os dois se tornam parceiros no decorrer do jogo. Inserida em um ambiente estranho e tomado por criaturas perigosas, Claire agora tem um duplo objetivo: sobreviver a este pesadelo, e obter sucesso na busca por Chris.

O novo estilo gráfico certamente é uma das mais apreciadas novidades de CODE: Veronica. A Capcom fez, nos cenários e também nos personagens, uma total mudança para o 3D em tempo real, um aprimoramento que, mesmo ainda não dando ao jogador total controle sobre a câmera do jogo, trouxe muitos benefícios ao gameplay. As trocas de pontos de vista durante o gameplay agora se revelam súbitas e suaves, sem qualquer tipo de interrupção, o que confere agilidade ao jogo. Alguns efeitos são semelhantes aos vistos em Dino Crisis, onde a câmera acompanha o personagem quando este cruza uma sala ou corredor. Ainda há áreas onde a câmera é fixa, mas nestas ocasiões, seu posicionamento é estratégico. O 3D em tempo real também trouxe ao game cenas em tempo real, algo inédito até aqui na franquia de horror, e diferentemente das cenas em “CG”. Estas ainda existem no jogo, mas as cenas em tempo real são maioria, o que confere um efeito cinematográfico ao game.

As animações faciais também puderam ser aprimoradas com este novo modelo gráfico. Aliadas a closes inteligentes de câmera, as animações agora conferem maior dose de expressão e realidade aos personagens. Já os cenários, em sua maioria, são muito bem detalhados, atingindo o objetivo de criar um clima de suspense característico dos survival horrors. Em resumo, apesar de conter algumas falhas (como serrilhados e efeitos de pixels mal trabalhados), o novo modelo gráfico visto em Code: Veronica é bastante competente, encarado como um salto de qualidade, comparado aos jogos anteriores da série.

A jogabilidade de CODE: Veronica é bastante parecida com a jogabilidade de Resident Evil 2 e Resident Evil 3. Algumas características, como determinadas armas, a virada em 180 graus, barris de óleo para explodir, armas que possuem “upgrades” ao longo do jogo e os chamados “side packs” (que aumentam a capacidade do inventário) estão presentes neste quarto jogo da série, mas foram retirados dos games anteriores. Como novidade, CODE: Veronica traz a habilidade de atirar com duas pistolas ao mesmo tempo, os conhecidos “continues”, algumas armas, e a possibilidade de pegar e usar uma erva, mesmo com o inventário cheio. Outra novidade aqui é a sincronia do game com o “VMU” (Visual Memory Unit), o cartão de memória do Dreamcast. Ao jogar CODE: Veronica, se você tiver um VMU plugado ao seu controle, o status do personagem com quem você está jogando é exibido na tela de LCD monocromática do cartão (Fine, Caution ou Danger), dentre outras figuras.

Em CODE: Veronica, os puzzles marcam presença durante o gameplay, e o sistema de controles dos personagens se manteve tradicional. Neste ponto a Capcom poderia ter feito mais, afinal, o controle do Dreamcast contava com um direcional analógico que, mesmo podendo ser usado durante o game, ainda assim não foi aproveitado de forma realmente satisfatória. Em determinadas cenas, comandar o personagem se revela uma tarefa árdua, e o jogo poderia ter sido ainda mais impressionante, caso a Capcom tivesse feito melhorias significativas nos controles. No quesito trilha sonora, o jogo não desaponta, apresentando trilhas marcantes (como a trilha da sala de save) e que dão o tom em momentos de suspense, na medida certa.

Resident Evil CODE: Veronica conta com Claire e Chris como protagonistas, mas, diferentemente dos dois primeiros jogos da franquia, aqui você não pode escolher com qual personagem vai começar o jogo; o jogador é forçado a jogar com Claire na primeira metade do game, e com Chris na segunda metade. Durante o “cenário” de Claire, é possível jogar por algum tempo com Steve Burnside, e durante o “cenário” de Chris, é possível jogar um pouco com Claire. Como de costume, os personagens têm suas características distintas e bem definidas, e, no decorrer do game, uma relação de forte afeição é mostrada entre Steve e Claire, uma vertente que ainda não havia sido explorada na série, até aquele momento. Após terminar o jogo, um mini game “Battle Game” é destrancado, onde o jogador pode escolher um personagem para jogar, dentre cinco disponíveis (Claire [versão normal e versão secreta], Chris, Steve e Albert Wesker). O Battle Game consiste em andar por diversas salas, derrotando zumbis e monstros, até o jogador chegar ao chefe final do cenário e completá-lo, tudo isso no menor tempo possível.

Considerado por muitos gamers como o melhor “Resident Evil clássico”, CODE: Veronica para o Dreamcast recebeu notas extremamente positivas, de diversas revistas respeitadas do ramo dos games. O Gamespot, por exemplo, deu nota 9,5/10 ao jogo! O game vendeu mais de um milhão de cópias para o console da SEGA, carimbando seu sucesso de forma indiscutível e ajudando a alavancar as vendas do videogame da empresa de Sonic.

Em 2001, o PlayStation 2 recebeu uma cópia melhorada do jogo, entitulada “Resident Evil CODE: Veronica X” nos Estados Unidos. A mesma versão do PS2 também foi lançada para o Nintendo GameCube, em 2003. Nesta versão, os gráficos foram levemente melhorados, algunas cutscenes foram acrescentadas, e a participação de Wesker foi evidenciada em diversas cenas inéditas. No console da Sony, CODE: Veronica X vendeu quase um milhão e meio de cópias.

Ainda em 2001, para comemorar o quinto aniversário da série Resident Evil, a Capcom lançou um documentário fictício chamado “Wesker’s Report”, escrito pelo diretor de CODE: Veronica, e o vídeo do documentário foi disponibilizado em um DVD bônus na pré-venda do lançamento de CODE: Veronica X, no Japão. Em 2011, a Capcom lançou uma versão remasterizada de CODE: Veronica X, nas redes online do PlayStation 3 e do Xbox 360, versão que conta com gráficos melhorados e suporte a troféus/conquistas.

Por fim, o game foi relançado também para o PlayStation 4 e Xbox One.

Esqueça os Residents “modernos”! Se você é um gamer aficcionado por jogos de terror clássico, e pelo gênero “survival horror” em sua mais pura essência, não deixe de jogar Resident Evil CODE: Veronica, seja no Dreamcast, seja no PlayStation 2, GameCube, ou até mesmo nas plataformas da geração atual, remasterizados. A Capcom estava em sua melhor forma ao desenvolver o game, e mesmo contendo algumas deficiências nos controles e em alguns quesitos gráficos, o jogo não decepciona! Pelo contrário: oferece ao jogador a essência e todos os elementos do bom e velho “terror de sobrevivência”, elementos estes que a Capcom buscou resgatar, por exemplo, em Resident Evil 7.

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