Uns amam, outros odeiam. O fato é que a franquia em live action Resident Evil no cinema foi a adaptação de game mais lucrativa até hoje na história, contando com seis filmes e um lucro acumulado de mais de US$ 1,233 bilhões mundialmente. O EvilHazard reconhece a importância da saga Resident Evil nos cinemas e, por isso, vai publicar uma análise de todos os filmes e animações da franquia, a começar por “O Hóspede Maldito”, primeiro filme da saga.
Em janeiro de 1997, antes mesmo do lançamento de RE2, o estúdio alemão Constantin Film comprou os direitos de adaptação do game, e quotou George A. Romero como escritor. O projeto passou anos na geladeira, e nesse tempo Romero dirigiu apenas o comercial em live action de RE2, em 1998. No final de 2000, a Sony comprou os direitos de distribuição, e o projeto escrito por Romero foi descartado pelo produtor da Capcom Yoshiki Okamoto, alegando “não estar bom”. Então em 2001, foi definido Paul W. S. Anderson como diretor e escritor do longa.
Título: Resident Evil
Ano de lançamento: 2002
Dirigido por: Paul W. S. Anderson
Classificação: 16 anos
O filme conta a história de Alice, uma agente que ao retomar a consciência descobre que está com amnésia, e que sua vida na verdade é um disfarce. Abaixo das ruas de Raccoon City há um complexo de pesquisa genética comandado pela Umbrella Corporation. Uma nova arma biológica chamada T-Virus é roubada e uma das amostras é quebrada, infectando todo o local. Em resposta, a inteligência artificial local, Rainha Vermelha, mata todos a fim de conter a infecção. Ao entrarem no local para investigar o ocorrido, uma equipe militar da Umbrella, acompanhados de Alice, se veem em uma luta para escapar do local com vida, ao passo que a protagonista relembra traços de suas memórias.
Desde o princípio, Paul Anderson (que até então não era casado com Milla Jovovich; se envolvendo com ela após o segundo filme) declarou que não queria produzir um filme ligado ao cânon dos jogos, pois pretendia que o filme funcionasse de forma individual. A ideia deu certo, pois com um orçamento de US$ 33 milhões, o filme arrecadou mundialmente US$ 103 milhões, iniciando assim uma franquia que contaria com mais cinco continuações.
A crítica considerou o filme mediano. Embora o roteiro mantenha a tensão dos primeiros títulos (explicando o porquê do surto e mostrando zumbis apenas a partir da metade do filme), a trilha sonora – basicamente eletrônica – é mal encaixada em muitas cenas, além da produção pecar no uso pobre de CG, o que tirou o clima do último ato. Os personagens secundários são descartáveis em sua maioria, e mesmo com o apelo da personagem Rain se ver infectada e seguir tentando escapar, os diálogos subaproveitados diminuem o envolvimento do espectador.
Entre a maioria dos jogadores, a recepção também não foi boa, por utilizar uma personagem que não é presente nos games e ter se distanciado muito do material de base. Se por um lado esse distanciamento foi uma decepção aos fãs e críticos, por outro, fazer um filme mais voltado ao público geral rendeu uma boa arrecadação em bilheteria mundial, e trouxe os filmes de zumbi (praticamente esquecidos desde o final da década de 80) de volta ao mercado, sendo seguido pela volta de franquias como Madrugada dos Mortos, por exemplo. Com o passar do tempo (e as sequências cada vez mais voltadas para a ação), O Hóspede Maldito segue considerado o melhor (ou menos mau) pelos fãs, por manter o clima de terror.
Apesar de não adaptar diretamente a história de nenhum jogo, o filme traz um grande número de referências, ainda que sutis. Visualmente, o longa teve inspiração nos dois primeiros jogos da saga, com pequenos elementos de outros jogos, como o trem (que recebe o nome Alexis-5000, em referência à Alexia de Code Veronica) e o final, baseado no terceiro jogo, apresentando Nemesis. Como curiosidades, corvos são visíveis rapidamente quando Alice examina a área externa da mansão, a estátua é similar à do primeiro jogo (que carrega um mapa), a foto do casamento está em preto e branco com o fundo desfocado (em referência aos files com fotos do primeiro jogo) e ao retornar ao corredor dos lasers, os corpos foram tirados intencionalmente, em referência aos zumbis mortos que “desaparecem”. Além disso, há momentos de ângulos de câmera fixos, a ideia de a última batalha no trem ser contra o tempo foi tirado dos final bosses cronometrados, e a espingarda pega no final carrega o logo dos S.T.A.R.S.
Uma triste curiosidade é que o filme originalmente se chamaria “Resident Evil – Ground Zero”, por ser uma espécie de prólogo aos jogos, mas o subtítulo foi removido por causa dos ataques de 11 de setembro de 2001.
E você, leitor, gostou do primeiro filme, o odeia ou acha apenas mais uma adaptação sem destaque em meio a tantas atualmente? Deixe sua opinião nos comentários.
Redator do EvilHazard, paulista, administrador, viciado em jogos de aventura e cultura nerd, com uma queda pelo mundo do Survivor Horror