Lá nos idos da década de 90, mais precisamente em 1996, o mundo foi apresentado a Resident Evil, o jogo que se tornaria uma das maiores franquias do mundo dos games, e a maior franquia da gigante Capcom. No Brasil, as locadoras e lojas de games tiveram Resident Evil como assunto por muito tempo, afinal, era um jogo de ação diferente, permeado de mistérios, monstros e sustos. Entre amigos, tenham eles jogado ou não, sempre se falava da cena dos cachorros quebrando a janela ou do enigma dos quadros. Se você é um gamer mais novo e não viveu esse período, pergunte a um jogador mais velho e perceba sua emoção ao falar a respeito.
O tempo foi passando, novos Residents foram surgindo, até chegarmos em 2002, quando Shinji Mikami, criador do jogo, surpreendeu meio mundo e lançou o Remake do primeiro Resident Evil, exclusivo para o GameCube, novo console da Nintendo.
Plataforma inaugural e ano de lançamento: GameCube, 2002
Publicadora: Capcom
Desenvolvedora: Capcom
Gênero: Survival Horror
Diretor: Shinji Mikami
Número de jogadores: 1
O Remake de Resident Evil não era só um “remake”, e sim uma verdadeira releitura do primeiro jogo! RE Remake tinha várias novidades, como abertura em CG, novo visual, novos monstros, bem como cenários e segredos inéditos. Um jogo bastante diferente, porém familiar por manter a mesma trama.
Resident Evil Remake foi desenvolvido ao longo de um ano e dois meses como parte de um acordo de exclusividade entre Capcom e Nintendo. Foi dirigido por Shinji Mikami, que também projetou e dirigiu o Resident Evil original. Mikami decidiu produzir um Remake do primeiro jogo porque sentiu que o original não tinha envelhecido bem e que as capacidades do GameCube poderiam trazer o jogo mais perto de sua visão original.
O jogo mantém a mesma apresentação gráfica dos jogos clássicos, com modelos 3D sobrepostos por fundos pré-renderizados. No entanto, e naturalmente, a qualidade dos gráficos foi melhorada em um nível extraordinário, devido ao potencial do GameCube. O Remake também apresenta novas mecânicas de jogo, quebra-cabeças revisados, áreas exploráveis adicionais, um roteiro revisto e novos detalhes da história, incluindo toda uma subtrama cortada da versão de 1996.
A beleza dos cenários com suas texturas refeitas funcionam bem com os ângulos de câmera quando se trata de efeito dramático. Em RE Remake, é perceptível uma incrível riqueza de detalhes no tecido das roupas, identificação de pequenas inscrições e, principalmente, a expressão facial dos personagens, se compararmos com sua versão original. A reação de medo ou nojo em certos momentos, ou a sutileza do olhar e pequenos gestos fazem você querer observar tudo. Ver o rosto dos zumbis se mexendo ou perceber os traços assassinos da carranca do Hunter é bem bacana.
Diferente de todo o dinamismo e ação frenética de hoje, a progressão vagarosa de Resident Evil Remake tem bastante charme, além de ser uma marca da franquia, como usar a máquina de escrever para salvar seu progresso ou armazenar itens dentro de baús. Este último é necessário devido à quantidade de itens que cada personagem carrega. Jill leva até oito itens e Chris se limita a seis. Isso implica em muito vai e vem para realizar tarefas, um ponto que pode ser chato para muitos, mas que, à época do lançamento do jogo, ainda era cultuado, principalmente entre os fãs da franquia.
A história de Resident Evil Remake segue a espinha dorsal do enredo contado no jogo original: os eventos se sucedem no dia 24 de julho de 1998, quando uma série de assassinatos bizarros ocorreram na periferia da cidade de Raccoon City. O Serviço de Resgate e Táticas Especiais (S.T.A.R.S.), que é dividido na Equipe Alpha e Equipe Bravo, é designado para investigar esses assassinatos. A Equipe Bravo é enviada primeiro, mas após o contato com eles ser perdido, a Equipe Alpha é enviada para investigar o seu desaparecimento. Eles localizam o helicóptero caído do Time Bravo e vão até o local, onde são subitamente atacados por uma matilha de cães monstruosos, um dos quais mata um dos membros da equipe. Depois do piloto do helicóptero do Time Alpha, Brad Vickers, entrar em pânico e decolar sozinho em fuga, os membros restantes da equipe (Chris Redfield, Jill Valentine, Albert Wesker e Barry Burton) são forçados a procurar refúgio em uma mansão abandonada.
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Os protagonistas do jogo são Chris e Jill, e ambos os personagens vivem a mesma história, porém eles possuem diferenças: um é mais resistente e possui ataques com faca mais fortes, o outro tem acesso a mais armas e pode arrombar portas. Em comum eles podem carregar itens defensivos e se proteger, automaticamente, ao ser agarrados por inimigos. Eventualmente, é possível jogar uma porção do game com Rebecca Chambers, no jogo de Chris.
Entre os inimigos, temos os clássicos zumbis, os corvos, os cães-zumbi, aranhas, o tubarão Neptune, a Planta 42 e os Hunters, exatamente como no jogo original, isso só pra citar alguns exemplos, porém, em RE Remake, um dos inimigos inéditos mais irritantes são os Crimson Heads, zumbis vermelhos que correm e possuem ataques mais fortes que zumbis comuns, o que dificulta e muito a vida do jogador. E, ainda falando em dificuldade, mesmo jogando RE Remake na dificuldade mais baixa, ele ainda é um jogo difícil, que sempre desafia o jogador a se superar e lidar com a limitação de recursos – quanto maior a dificuldade, menos itens. Mesmo sem comandos para usar esquiva, evitar zumbis e passar por eles sem sofrer dano torna-se uma arte a ser dominada com maestria!
No tocante ao fator replay, Resident Evil Remake oferece boas opções de jogo, após seu zeramento, opções estas que não existiam em RE1: o modo Invisible Enemy, onde os inimigos são invisíveis, e o modo Real Survivor, onde os baús para armazenamento de itens não se comunicam. Graficamente, como já ressaltamos, o jogo é um primor, sendo considerado até hoje um dos jogos mais belos de toda a franquia Resident Evil, e o mesmo podemos dizer de sua trilha sonora: com rearranjos de músicas clássicas do primeiro jogo, e trazendo ainda trilhas inéditas, Resident Evil Remake conseguiu trazer uma imersão ainda maior ao jogador, se compararmos com o jogo original.
Como foi lançado exclusivamente para o Nintendo GameCube em 2002, um console que não se saiu muito bem em suas vendas, a maioria dos fãs de Resident Evil nunca teve a oportunidade de jogar essa versão refeita de RE1, (mesmo após o lançamento da versão “Archives” para o Nintendo Wii, afinal, o game ainda se mantinha restrito a uma única empresa) porém, mais de 10 anos depois do lançamento original, essa ‘falha’ pode ser corrigida, com o lançamento em 2015 de Resident Evil HD Remaster para a geração atual, bem como para PS3, Xbox 360 e PC. Pode soar estranho para alguns, mas jogar Resident Evil HD Remaster no PlayStation, Xbox ou PC parece o jeito certo de apreciar o jogo! A nostalgia grita ao jogar a aventura de Jill e Chris e relembrar como tudo começou!
A versão HD Remaster suporta som surround 5.1, bem como uma resolução de 1080p e widescreen de 16:9, e, apesar de todas estas melhorias gráficas, a Capcom acabou deixando passar duas cenas com qualidade ruim: a do zumbi que desce a escada para a cozinha e o momento de esvaziar a piscina. Estamos sendo meio chatos em apontar estes “defeitos”, mas eles não afetam de forma alguma a experiência, apesar de quebrarem um pouco da magia do “tudo em HD”.
Em RE HD Remaster, a mecânica dura e o cenário estático mantêm o elo com o passado, e pode simplesmente parecer algo datado e ruim para quem não tem a referência da época em que o jogo foi lançado, mas a Capcom fez alguns ajustes a fim de reduzir essa estranheza para os novos fãs, e melhorar a experiência para os jogadores de longa data que evoluíram com as mecânicas de jogos de mundo aberto e câmera dinâmica. Além da jogabilidade original estilo tanque (cima e baixo faz avançar ou recurar, esquerda e direita faz virar), o Remaster tem uma segunda opção mais dinâmica na qual o personagem vai na direção apontada no direcional. Funciona bem, mas pode confundir devido ao ângulo de câmera em áreas estáticas: quando há uma mudança de cena, instintivamente você muda a direção no controle para ser coerente com o que vê na tela. Ao fazer isso, o personagem vai na direção contrária. Leva um tempo para se acostumar com a ideia de que se você mantiver a direção no controle, mesmo que a câmera mude, o personagem vai no caminho que você escolheu.
Ainda que seja um título requentado, a Capcom adicionou uma roupa inédita para cada personagem e um sistema de ranking online, um mimo para alegrar os fãs de longa data.
Após o seu lançamento inicial, a versão do GameCube de Resident Evil recebeu aclamação da crítica! O jogo foi considerado “um triunfo como uma aventura independente e uma grande realização como um remake” para alguns veículos da imprensa, sendo considerado ainda “o jogo mais bonito, atmosférico, envolvente e mais assustador que já jogamos” na opinião da respeitada IGN. O jogo foi amplamente elogiado por seus gráficos, tendo a imprensa se impressionado com a atenção do jogo aos detalhes, sangue realista, nevoeiro volumétrico, e a capacidade da Capcom para integrar iluminação em tempo real e sombras com fundos pré-renderizados, onde “o resultado é o jogo mais visualmente impressionante já lançado.” nas palavras do GameSpot. A versão de Wii também recebeu críticas favoráveis, assim como a versão HD Remaster; sua crítica, em especial, foi principalmente positiva: vários avaliadores observaram que algumas características como o sistema de inventário e a insistência em ter de revisitar áreas previamente exploradas não envelheceram muito bem, mas em geral concordaram que a remasterização foi um renascimento sólido de um clássico.
É, portanto, inegável: Resident Evil Remake traz as origens do survival horror e do clima de tensão que fizeram sucesso na década de 90, e com as regalias da alta definição de RE HD Remaster, o jogo se torna ainda mais bonito e atraente para o jogador! Embora sofra de limitações por ser um jogo antigo mecanicamente, ele ainda se mostra uma ótima opção coroada com uma trilha sonora fantástica.
Um dos maiores clássicos do mundo dos games, obra prima da Capcom, e a mais bela jóia da franquia, sem sombra de dúvida!
Redator do EvilHazard, paulista, 21 anos, gamer amante de jogos de computador, fã de videogames antigos e de jumpscares em jogos de terror.