ESSE ARTIGO CONTÉM SPOILERS DO FILME “SEXTA-FEIRA 13” DE 1980!
O ano era 1979, onde um jovem, Sean S. Cunningham, com um certo desespero por dinheiro, assistiu “Halloween” de John Carpenter e pensou: “Olha, isso é bem fácil de fazer e dá um bom dinheiro”. Foi então que começou a surgir a ideia para um dos filmes de terror mais famosos de todos os tempos: SEXTA-FEIRA 13!
Na trama do filme, nós conhecemos um grupo de adolescentes que vão ao Acampamento Crystal Lake (alguns dias antes de ele abrir para as crianças na temporada de verão) para reformar o lugar, porém acabam sendo alvos de um misterioso assassino em busca de vingança.
Sexta-Feira 13 (Friday The 13th, no original) traz uma trama simples, mas que aterrorizou os espectadores quarenta anos atrás. Claro, assistindo o filme hoje, parece bobo dizer que aterrorizou alguém, porém, na época, eram poucos os filmes de terror com uma violência tão explicita. A maquiagem impecável do lendário Tom Savini foi a maior responsável por isso, até hoje é extremamente bem feita e realista (principalmente a morte de Kevin Bacon na cama).
O roteiro de Victor Miller e do próprio Cunningham (que também dirigiu o filme) foi severamente alterado durante as filmagens, o que acabou por ser algo muito benéfico à produção, já que o roteiro original é ainda mais simples, conta com menos personagens (o policial e o louco Ralph não estão presentes) e acreditem se quiserem, não conta com a maioria das cenas de morte. A final girl, Alice, apenas encontraria os corpos pendurados em árvores, decisão essa porque seria muito complicado produzir as cenas de morte, isso até Tom Savini entrar na produção e fazer sua mágica.
Já na direção, Cunningham foi muito inteligente em manter em segredo a identidade do assassino até o final do filme, assim como foi gênio em manter todos os planos feitos da perspectiva do assassino por entre as árvores, assistindo as vítimas à distancia, o que foi impecável para criar a atmosfera de terror. O simples fato de fazer você pensar que pode estar sendo observado é o suficiente para aterrorizar.
Não é um problema não dar nenhuma dica da identidade do assassino, entretanto? E quando é revelado, ser um personagem que nunca vimos antes? Na verdade, não. Durante o filme ouvimos várias histórias sobre o motivo do fechamento do acampamento, assim como a cena de abertura de dois monitores sendo assassinados no local anos antes. A primeira dica vem quando Annie é assassinada, já que ela pega carona com o assassino e depois vemos, quando a personagem é revelada, que ela sai do mesmo carro. É muito interessante lembrar também que Steve, o dono do acampamento, que sai do local antes do anoitecer, tem o mesmo carro, assim deixando uma dúvida de que o assassino talvez seja ele.
Ah, mas não é óbvio que o assassino é o Jason? Óbvio que não. Esse é o primeiro filme da franquia, o Jason ainda não existia e ele nem sequer é o assassino desse filme. O nosso gigante mascarado preferido só passa a ser o assassino da franquia a partir do segundo filme; aqui no original a figura misteriosa por trás dos assassinatos é sua mamãe, Pamela Voorhees, ou como é mais popularmente conhecida, Mrs. Voorhees, interpretada brilhantemente por Betsy Palmer.
Claro que o filme não é perfeito. Longe disso. Tem problemas de ritmo, principalmente por enrolar bastante com cenas como a da Alice fazendo café, que dura uns bons dez minutos. Ou a luta final entre Alice e Mrs. Voorhees que é muito longa, principalmente porque Alice fica continuamente apenas derrubando a assassina e correndo em seguida, ao invés de, sabe, aproveitar que a derrubou e resolver o problema.
Sexta-Feira 13 se tornou um clássico do cinema de horror. E nem é preciso dizer que fez sucesso, não é? As onze continuações confirmam isso. Aconteceu até um lendário crossover com Freddy Krueger, de “A Hora do Pesadelo”. Quem hoje em dia que não pensa em Jason imediatamente ao ver uma máscara de hóquei?
Vamos conhecer agora algumas curiosidades sobre o filme?
Para filmar a cena de morte de Marcy, no banheiro, a produção não usou o banheiro do próprio acampamento. Foi construído um banheiro cenográfico, ou seja, a única coisa que funcionava lá era a pia que a personagem usa. Porém, antes que pudessem filmar a cena, foi necessário pausar as gravações por causa da temporada de verão do acampamento. O banheiro cenográfico ficou lá, o problema foi que ninguém avisou às crianças que era um banheiro cenográfico e, quando voltaram para as filmagens, encontraram uma não tão bela surpresa no local.
A cena mais famosa do filme, o sonho de Alice no final com Jason a puxando para o lago, não existia no roteiro. Originalmente, o filme terminaria com Alice sendo encontrada por um policial andando pela estrada. Porém, no set, Tom Savini (esse homem incrível) teve a ideia da cena de Jason e, mais uma vez, fez história.
Falando no roteiro, a cena de abertura era totalmente diferente. Mostraria o acampamento em pleno funcionamento durante o dia. Até que a assassina pegaria dois monitores sozinhos em uma clareira onde, durante o combate com o rapaz, ela perderia um dedo, forma como seria identificada posteriormente no filme.
Na cena em que Alice é surpreendida por uma cobra em seu chalé, há uma cena cortada do roteiro mostrando a assassina colocando a cobra lá. E também aqui tem o maior vacilo da produção: a cobra era um animal de estimação que foi emprestado para a realização da cena, mas apenas “esqueceram” de mencionar para o dono de que a cobra não sairia viva da cena.
A atriz Betsy Palmer, que deu vida a Mrs. Voorhees, aceitou o papel por achar que o filme não faria sucesso algum. Mal sabia ela que esse seria o papel mais conhecido de sua carreira. O mesmo vale para Jeanine Taylor, interprete de Marcy, que aceitou fazer a cena de topless por também acreditar que o filme não faria sucesso.
Na cena em que Alice é surpreendida com o corpo de Brenda sendo jogado pela janela, ali é o próprio Tom Savini brincando de dublê.
Na cena em que Alice encontra o corpo de Bill preso à porta, houve um problema com a maquiagem. Tom Savini não conseguiu comparecer ao set no dia, então a maquiagem ficou por conta de seu assistente. A prótese do olho não ficou como deveria e o sangue falso pegou no olho do ator, que teve que ser levado às pressas ao hospital após filmarem a cena. Isso se deu porque na época o sangue falso era feito como uma substancia tóxica.
A trilha sonora original do filme, diferente do que muitos pensam, não é “Ti ti ti ti.. Ha ha ha ha”. Na verdade seria o Jason falando para a mãe: Kill Mama (Ki ki ki ki Ma ma ma ma).
O nome, Sexta-Feira 13, foi pensado antes mesmo de existir qualquer ideia do que o filme seria. A primeira coisa que Cunningham pensou foi que o filme se passaria na data macabra. Foi apenas posteriormente que criou toda a história junto com Victor Miller.
O Acampamento Crystal Lake existe, o filme foi todo filmado no Acampamento No-Be-Bo-Sco em Nova Jersey, NY. O próprio acampamento atualmente permite que os fãs da franquia acampem no local. Você teria coragem de passar a noite no Crystal Lake? (E que fique claro, apenas esse filme da franquia foi filmado no No-Be-Bo-Sco).
SEXTA-FEIRA 13 teve um orçamento entre 550 e 700 mil dólares (o que para um longa metragem é pouco) e gerou uma quantia inacreditável de 59 milhões (quase 60 milhões na verdade) de dólares mundialmente, o que para um filme de terror lançado no começo dos anos 80 era inacreditável. Pensa só: você achar que com sorte vai lançar o filme em três salas de cinema, e seu filme gerar 60 milhões de dólares e ficar mundialmente famoso! E não parou por aí..
Nascido em 1996 em Bauru (SP). Redator e Editor de Vídeos do EvilHazard. Escritor publicado. Diretor e roteirista de cinema.
