ANUNCIE AQUI!

EvilFiles – Sweet Home (o “pai” da franquia Resident Evil)

Você, que se considera um gamer “sabe tudo”, me diga: ao ouvir a expressão “survival horror”, qual é o primeiro jogo que te vem à mente? Provavelmente você irá me responder “Resident Evil”, e não lhe culpo por isso, afinal, não é novidade pra ninguém que a franquia de horror da Capcom é a de maior expressão, dentre os jogos de horror de sobrevivência. Aí eu te lanço uma dupla pergunta: você sabia que Resident Evil não foi o primeiro survivor horror a ser lançado no mundo dos games? Qual teria sido o jogo que serviu como principal inspiração para a franquia de horror existir? Muitos jogadores ficarão pelo caminho ao se depararem com essa pergunta.. mas aqueles gamers old school que sabem valorizar os retro games, vão erguer a cabeça e dirão, confiantes: “Claro que sabia! Foi ‘Alone in the Dark’ o pioneiro que inspirou ‘Resident Evil’, há, fácil essa!”.

Lamento amigos, mas esta resposta está errada. Conheçam “Sweet Home”!

Plataforma inaugural e Ano de Lançamento: Family Computer (Nintendo), ano 1989
Desenvolvedora: Capcom
Publicadora: Capcom
Gênero: Role-playing Survival Horror
Número de jogadores: 1

Sweet Home foi produzido pela Capcom e lançado em 1989 (três anos antes do primeiro Alone in the Dark) para o Famicom (Nintendo Entertainment System – NES), exclusivamente no Japão. Se tratava de um RPG com elementos de survival horror (ou o contrário, rs) e é relacionado a um filme japonês de terror de mesmo nome, este, lançado também em 1989, distribuído pela Toho e produzido pela Itami Productions. A história do jogo é a seguinte: ela segue um grupo de cinco investigadores que entram em uma mansão abandonada pertencente ao falecido Ichirou Mamiya. Ichirou era um pintor, havia falecido há muito tempo, e pouco se sabia sobre sua morte, o que despertou o interesse do grupo em fazer uma pesquisa e um trabalho de restauração em suas várias pinturas expostas pela mansão deserta. Assim que entram na casa, a porta de entrada do lugar se fecha misteriosamente, e um tremor provoca um deslizamento de terra que bloqueia a passagem de saída da mansão. Para completar o susto, aparece diante dos aventureiros o espírito de uma mulher! Ela é Lady Mamiya, a esposa de Ichirou, e avisa que quem invadisse a casa dela iria se arrepender!

Agora a preocupação de cada integrante do grupo é uma só: escapar com vida daquele lugar mal assombrado, e quanto mais eles avançam nesta corrida contra a morte, mais detalhes da história da mansão vão sendo revelados através de diários, recados e quadros que estão espalhados pelo local. Os investigadores descobrem, por exemplo, que a esposa do pintor foi a responsável pela queda acidental do filho do casal no incinerador da mansão, o que provocou sua morte. Ao tentar salvá-lo, Lady Mamiya acabou se queimando e por pouco não morreu. Tomada pela loucura e pela dor, ela passou a matar diversas crianças que moravam nos arredores (jogando-as no incinerador já citado), no intuito insano de enviar novos amigos ao espírito de seu filho, até que um dia pôs fim à própria vida, suicidando-se. Passivo a tudo isto, o pintor se viu aliviado com a morte da esposa, acreditando que todos aqueles crimes iriam enfim cessar, mas o espírito de sua mulher não descansou, e passou a assombrar a mansão, dando sequência às mortes. O grupo de investigadores concluiu, mediante frases de um diário, que Ichirou morreu justamente ao decidir, tomado pelo desespero, enfrentar o fantasma de sua mulher.

Sim, caro leitor. Foi este, e não Alone in the Dark, o jogo que serviu de inspiração para Shinji Mikami criar o primeiro Resident Evil, e as referências de um jogo para o outro são várias: a mansão no meio de uma floresta, alguns puzzles, os quadros que revelam segredos, a tela da porta se abrindo e fechando, passagens secretas, arquivos espalhados pelo jogo como forma de contar em detalhes a história do mesmo, sprays de cura, a ênfase na “sobrevivência”, os itens em um inventário, uso de itens para resolver enigmas, itens exclusivos para personagens distintos (como o “Lockpick” ou o “Lighter”) e todo o clima sombrio do jogo em si. Resident Evil 1, inclusive, foi inicialmente pensado para ser um remake de Sweet Home! Apesar do game ser, em essência, um RPG, muitos o consideram o primeiro “survival horror” da história, porém, alguns outros jogos menos famosos lançados antes de 1989, como “Haunted House” do Atari 2600, também podem se encaixar nesse gênero.

O fato é que Sweet Home foi o primeiro jogo a explorar destacadamente uma atmosfera aterrorizante em um game, clima acompanhado de uma história grotesca (para a época). Os criadores do jogo não se preocuparam somente em criar uma atmosfera assustadora, e também escreveram uma história tensa o bastante para acompanhar todo aquele cenário de horror, e Mikami se aproveitou de tudo isso para produzir o jogo que daria início a uma das franquias mais famosas do mundo dos games.

Jogos de terror sempre estiveram presentes no NES, como os jogos inspirados nas franquias “Friday the 13th” (Sexta-feira 13) e “The Nightmare on Elm Street” (A Hora do Pesadelo), mas nenhum deles explorava o gênero da mesma forma que Sweet Home, e o mesmo era competente em todos os seus elementos, apesar das limitações existentes no console da Nintendo. Os gráficos eram ótimos para o padrão da época, e conseguiram atingir o objetivo de deixar o jogo com o aspecto misterioso. A mansão é rica em detalhes, o jogo abusa de diversas cores, efeitos de luz e trovões dão o tom do suspense, e algumas paredes possuem nitidamente marcas causadas por monstros. Por falar nos monstros, em Sweet Home eles são enormes, detalhados, e a maioria deles possui animações. A trilha sonora mantinha o clima arrepiante, lembrando muito algumas trilhas da série Castlevania, e até mesmo os efeitos sonoros eram de boa qualidade e ajudavam a envolver o jogador naquele clima de tensão.

Já a jogabilidade era a tradicional dos RPGs: no jogo, você controla cinco personagens, cada um com habilidades e itens específicos. Durante o gameplay, vários desafios e quebra cabeças são encontrados pelo grupo, e muitas vezes a combinação de habilidades dos personagens para seguir adiante é fundamental. Armadilhas também estão por toda a parte, e para escapar de algumas delas, o game se aproveitou de uma versão simplificada dos famosos “quick time events”.  No decorrer da exploração na mansão, você se depara com batalhas randômicas com inimigos diversos, enquanto controla estes cinco personagens, batalhas estas que te levam a uma nova tela, onde você ou enfrenta o inimigo, ou foge da luta.

O sistema de menus do jogo e das batalhas segue os menus tradicionais dos RPGs, e, durante um embate, você pode chamar os outros integrantes do grupo para ajudá-lo. Se um dos personagens morrer em uma batalha, ele não poderá reviver no curso do game, e, como os personagens têm habilidades específicas, caso alguns deles morram em batalha, você conseguirá encontrar pelo jogo itens que correspondem às habilidades do personagem morto. Estes elementos diferenciaram Sweet Home dos demais RPGs existentes até aquele ano e a morte do personagem ainda era mostrada em uma cutscene, super detalhada e sem nenhum pudor. Ainda falando da jogabilidade, em Sweet Home havia opção “Pray” (orar). Todos os personagens possuem Pray Points (pontos de oração) no jogo; ao escolher esta opção, no meio de uma batalha, uma barra semelhante ao sistema de MPs dos RPGs surge, e ela se enche e esvazia constantemente. Ao apertar “A” no momento certo (quando a barra está mais cheia) os personagens causam mais dano nos inimigos. Fora das batalhas a opção “Pray” também pode ser utilizada, ao resolver enigmas ou desviar de objetos que podem te ferir.

Como citamos que cada um dos cinco personagens do game possuem habilidades específicas, convém detalharmos as características de cada um deles: o grupo é composto por Kazuo, Akiko, Tagushi, Asuka e Emi. Kazuo é o líder da equipe e da pesquisa que irão fazer. Seu item exclusivo é o isqueiro (Lighter), que pode ser usado para queimar cordas e atacar inimigos. Ele é o personagem mais forte do grupo, e sua esposa morreu tempos antes de ele decidir entrar na mansão. Akiko é uma enfermeira que cura os membros da equipe, sendo ela o personagem mais fraco de todos.

Ryo Tagushi é um “camera man”, e, com sua máquina, ele consegue causar danos a alguns inimigos e também detectar códigos escondidos nas pinturas da mansão. É o membro do grupo com a defesa mais aprimorada. Asuka é uma restauradora, e com seu aspirador de pó ela consegue limpar quadros sujos e pisos com vidros quebrados. Ela é a segunda personagem mais forte da equipe. Emi é a filha de Kazuo, e, no jogo, ela carrega uma chave que pode abrir portas trancadas da mansão. É a personagem mais forte entre as mulheres, e a mais justa da equipe. Fora os protagonistas, o jogo ainda conta com as figuras de Ichirou Mamiya (pintor famoso que deixou provas, quadros, e partes de um diário espalhados pela mansão), Lady Mamiya (a esposa de Ichirou, que assombra a mansão junto dos outros inimigos) e Ken’ichi Yamamura (senhor misterioso que ajuda a equipe no decorrer da exploração).

Sweet Home é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores surpresas do lendário Nintendinho. O jogo inovou em diversos aspectos, conseguiu reunir uma atmosfera horripilante com uma história trágica e representar isso de forma incrível nos humildes 8 bits, e, como se não fosse bastante todo esse primor, ainda serviu de inspiração para o gênio Mikami desenvolver sua principal criação: Resident Evil. Uma ótima pedida para os fãs dos games antigos, e para os fãs de uma boa dose de terror!

Se você é fã de Resident Evil, esta mansão neste ambiente certamente será familiar..

Comments

comments

Curtiu este artigo? Gostaria de APOIAR nosso projeto para que ele siga criando os mais diversos conteúdos do universo do Survival Horror? Basta nos ajudar com qualquer colaboração através do PIX! Desde já agradecemos!

Facebook
Twitter
Telegram
Email
WhatsApp

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Populares

Nossa Loja Evilstore

APOIE-NOS NO PADRIM!

Séries de Resident Evil

EvilFiles: Análises e Biografias

EvilSpecial: Artigos e Traduções

EvilWorld: O Universo do Terror

VOCÊ PODE GOSTAR

Populares

Nossa Loja Evilstore

APOIE-NOS NO PADRIM!

Séries de Resident Evil

EvilFiles: Análises e Biografias

EvilSpecial: Artigos e Traduções

EvilWorld: O Universo do Terror

Contact Us