O décimo sexto jogo da aclamada franquia de RPGs da Square Enix chegou ao mercado no dia 22 de junho com muitas novidades, estas que estão dividindo a opinião dos fãs. A história agora é contada seguindo “o script” de Hollywood e bebendo da fórmula de sucesso de grandes lançamentos, como por exemplo God of War Ragnarok. As novidades não ficam apenas na forma de contar a história, mas também em mudanças nas mecânicas de gameplay. Diferente de seus antecessores, Final Fantasy XVI não é mais um jogo de RPG estratégico, na verdade, ele pode ser definido como um jogo de ação hack and slash, mas calma, as caraterísticas de RPG ainda existem mesmo que timidamente. O estilo de jogo RPG clássico infelizmente vem perdendo seu espaço no mercado e é natural que as empresas busquem inovação para manter os seus títulos relevantes e atrativos para os consumidores, porém a sensação aqui é de que mantiveram os elementos de RPG apenas para causar nostalgia aos fãs.
Nesta análise iremos abordar os principais pontos destas mudanças que tem causado polemica na comunidade gamer, além de avaliar a performance geral do jogo!
O EvilHazard jogou Final Fantasy XVI através de código de acesso ao jogo enviado gentilmente a nós pelos representantes da Square Enix Latin America, a quem deixamos nossos mais sinceros agradecimentos!
Final Fantasy XVI, um Soft Reboot da franquia?
Na tentativa de agradar o público do Ocidente e aumentar as vendas da franquia, os diretores Hiroshi Takai e Kazutoyo Maehiro declararam em entrevistas anteriores ao lançamento de Final Fantasy XVI que eles buscaram inspirações em obras como Game of Thrones, o que justifica o tom mais sério do jogo com cenas violentas, de nudez parcial e até um romance LGBTQIAPN+, o que garantiu que o jogo fosse banido em alguns países e que culminou na classificação etária do jogo para maiores de 18 anos. Nessa tentativa de “reinventar” a franquia, a Square Enix também trouxe o designer de combate Ryota Suzuki, conhecido por trabalhar em jogos que também foram ocidentalizados pela Capcom como Dragon’s Dogma, Monster Hunter e Devil May Cry 5. Por isso o gameplay do jogo pode ser tão familiar, Ryota inclusive afirmou que Final Fantasy XVI é a sua “obra-prima”.
Em termos gerais, Final Fantasy XVI trouxe novidades agradáveis; as melhorias implementadas no jogo já estavam sendo testadas nos últimos lançamentos da franquia, como em FF VII Remake que já havia perdido a característica de JRPG de ataques por turno pra algo mais voltado para a ação. Final Fantasy XVI agradou a maior parte da crítica e apesar das mudanças ele não perdeu sua identidade, este Final Fantasy traz uma reinvenção, mas que é bem familiar aos conhecedores da franquia.
História, mundo e gameplay
Sem dar spoilers, a trama do jogo sem dúvidas é uma das melhores de toda a franquia, e a trilha sonora como sempre é magnífica e engrandece ainda mais as cinemáticas “in game” dignas da nova geração. A jornada gira em torno dos Eikons Elementais (os antigos summons da franquia) e seus portadores. A história é contada sob a perspectiva do protagonista Clive e seu irmão mais novo Joshua, este último escolhido como o portador dos poderes do Eikon de fogo, a Fênix. Após o surgir de um novo Elkon de fogo que destrói seu lar, Clive precisa encontrar respostas que o levarão à um caminho que pode alterar todo o mundo.
Apesar do mapa do jogo ser gigantesco, ele não é um jogo de mundo aberto, no entanto existem várias regiões exploráveis onde são distribuídas as missões principais e secundárias de acordo com o avanço do jogo; todas são bem lineares e possuem características distintas, o que torna o universo onde o jogo se passa mais crível e bonito. Após concluir as missões principais, ainda é possível retornar aos locais utilizando a viagem rápida acessando o menu do jogo, o que dá ao jogador a liberdade de escolher como jogar: seguindo apenas a história ou explorando e realizando missões secundárias, caçadas e outras atividades. As missões secundárias em si não são tão atrativas e em sua maioria podem soar cansativas, não valem tanto o esforço pela pouca recompensa e durante a gameplay foram poucas as vezes em que encontramos missões secundárias interessantes onde não éramos apenas um garoto de recados.
Sabemos que uma coisa que a Square Enix Sabe fazer é contar histórias, e uma adição muito legal às cutscenes em tempo real é a possibilidade de pausar as cenas e consultar um sumário com detalhes de personagens, região e história, o que enriquece bastante a experiência final do jogador. Assim como em todo jogo da franquia Final Fantasy ou outro RPG que se preze, existe uma quantidade imensa de falas entre as missões e muitas delas não agregam muito à história principal do jogo; essa quantidade de falas entre as missões prejudica um pouco o ritmo do jogo, porém não chega a incomodar muito, principalmente por existir a opção de poder pular a fala dos personagens, o que nós não recomendamos, apesar de tudo.
O gameplay do jogo é de certa forma bem simples. Clive possuí várias habilidades especiais que podem ser acessadas ao toque de um botão, e como todo bom RPG as habilidades possuem tempo de espera para o uso, e, quando ativadas, entram no famoso ‘cooldown’. Todas as habilidades podem ser aprimoradas, e o jogo possui uma boa variedade de combinações delas, o que torna tudo muito mais divertido. Também é possível acessar um campo de treinamento localizado no esconderijo de Cid para testar as novas habilidades ou até mesmo revisitar missões e batalhas do jogo.
No combate podemos ver bastante da fórmula de Devil May Cry 5 empregada por Ryota Suzuki. Aqui a característica de hack and slash fica bem nítida e é de brilhar os olhos. O melhor do jogo é o combate em si, a mecânica de combate é fluida e empolgante, permitindo aos jogadores usar suas habilidades mágicas em batalhas emocionantes em tempo real. Existe limitação na quantidade de habilidades que podem ser equipadas em Clive, o que faz com que cada encontro se torne uma oportunidade para aprimorar novas estratégias e explorar diferentes combinações de poderes. Além disso, em alguns momentos podemos assumir a forma de Ifrit, o Elkon de Clive, que adiciona um novo dinamismo ao combate e garante momentos de pura adrenalina. Infelizmente, Final Fantasy XVI optou por adicionar Quick Time Events durante todo o jogo, na intenção de deixar algumas cenas mais interativas, porém isto acabou passando um pouco do ponto e fez com que o sistema, que já é datado, se tornasse totalmente repetitivo e funcionasse mais como um anti-climax do que qualquer outra coisa.
Final Fantasy XVI cativa os jogadores com um mundo repleto de desafios. À medida que nos aventuramos pelo cenário diversificado do jogo, somos apresentados a uma infinidade de criaturas e inimigos, cada um com suas habilidades, níveis, e características únicas. Uma das principais características da jogabilidade é a liberdade que os jogadores têm para tomar decisões. Podemos optar por evitar batalhas simplesmente ao nos afastarmos dos inimigos, o que é particularmente útil quando buscamos um caminho mais furtivo, quando desejamos explorar áreas sem perturbações ou simplesmente quando queremos avançar na história mais rapidamente. Por outro lado, se preferirmos encarar os desafios de frente, somos recompensados com experiência e itens especiais e de fabricação ao derrotar nossos oponentes. Lembramos que ainda se trata de um RPG, então enfrentar inimigos ajuda a subir o nível de Clive e ganhar recompensas para dar upgrade nos itens equipáveis, como cinto, braceletes e espada, que influenciam nas características de batalha, como na defesa e ataque.
Além das batalhas eletrizantes, a franquia “Final Fantasy” sempre foi conhecida por sua ênfase na exploração e descoberta. Embora a coleta de itens e poções seja uma parte essencial do jogo, esta edição específica da série optou por uma abordagem mais balanceada, onde a exploração é um aspecto significativo, mas não dominante. Isso permite que os jogadores mergulhem na história envolvente e desvendem os segredos do mundo, enquanto ainda desfrutam de momentos gratificantes ao encontrar recursos úteis pelo caminho.
Gráficos e performance
Final Fantasy XVI foi desenvolvido exclusivamente para o PlayStation 5, ou seja, é um jogo totalmente “full new generation”; os gráficos garantem uma experiência verdadeiramente imersiva, levando os gráficos de nova geração a novos patamares de excelência. Os visuais impressionantes são um dos destaques mais marcantes do jogo, conquistando até mesmo os jogadores mais exigentes em relação aos detalhes gráficos. As batalhas em si são de encher os olhos, cada habilidade especial libera centenas de milhares de partículas em telas, mostrando todo o poderio do PlayStation 5.
Os personagens e cenários são representados com uma riqueza de detalhes impressionante, principalmente os cenários, com texturas vívidas e animações fluidas. Cada protagonista e antagonista tem sua própria personalidade distintiva, que é aprimorada graças ao excelente trabalho de dublagem do jogo que refletem emoções genuínas, tornando a experiência de jogo ainda mais envolvente. Infelizmente o jogo não possui dublagem em PT-BR, mas é totalmente legendado e localizado em nosso idioma.
Os ambientes são construídos com uma atenção meticulosa, transportando os jogadores para um mundo de fantasia deslumbrante e repleto de vida. Os cenários e áreas selvagens deslumbram com paisagens majestosas e incrivelmente detalhadas. Um ponto que causou um certo desconforto foi a iluminação em algumas cenas específicas, que faziam com que os personagens não conversassem com as paisagens realistas do jogo, mas mesmo assim a iluminação não é de fato ruim, a impressão que predomina é que a estranheza é causada mais por decisão artística do que por qualquer outro aspecto, pois o sistema de iluminação brilha realmente nos cenários do jogo, mergulhando os jogadores em uma experiência que vai além da simples jogabilidade, que fica ainda mais evidente nas últimas cenas do título.
A tecnologia de Ray Tracing é utilizada de forma magistral em Final Fantasy XVI, acrescentando sombras dinâmicas aos ambientes, o que enriquece ainda mais a experiência visual. As cenas noturnas brilham com a luz das estrelas e pontos de luz distribuídos pelo cenário, enquanto os efeitos de sombras dão profundidade e realismo às áreas mais escuras do mundo do jogo, mas nem tudo são só elogios. Final Fantasy XVI foi um dos jogos que recebeu melhor polimento antes do seu lançamento, mas ainda tem alguns problemas. Existem duas opções de desempenho: priorizar gráficos ou desempenho. No modo de qualidade, a taxa de quadros fica estável praticamente a todo momento em 30fps, porém isso garante que a jogabilidade não seja tão fluida, mas ainda assim é melhor que no modo performance, este que apresenta queda de frames constantes e tem queda de qualidade na iluminação, sombras e nitidez dos visuais. Terminamos o jogo no modo qualidade depois do relato de alguns jogadores que tiveram problemas de aquecimento durante as suas jogatinas, felizmente esse problema não foi presenciado pela nossa equipe e já foi reparado através de atualizações. A Square Enix é uma empresa que sempre se mostra ciente dos problemas em seus jogos e sempre trabalha em patches de correção para eliminá-los.
No fim das contas, o jogo aproveita ao máximo a tecnologia disponível no PS5! Com tempo de carregamento incrivelmente rápido e um design gráfico cuidadosamente elaborado, Final Fantasy XVI eleva o patamar dos jogos de nova geração, oferecendo uma experiência visualmente deslumbrante e imersiva que cativa os jogadores desde o momento em que começam sua jornada épica.
Considerações Finais
Para quem deseja completar somente o modo história, o jogo pode ser finalizado aproximadamente em 45 horas, e pra quem pretende explorar todo esse novo universo da franquia e completar 100% do jogo, gastará em média 85 horas de jogatina.
Com gráficos impressionantes e uma trilha sonora emocionante, Final Fantasy XVI oferece uma experiência envolvente e inesquecível para os fãs da série e novos jogadores. Seja enfrentando desafios épicos ou explorando um mundo mágico repleto de maravilhas, este jogo garante muitas horas de diversão e emoção em cada passo da jornada e pode ser considerado um dos melhores lançamentos do ano! Se fôssemos dar uma nota ao jogo, seria 8 de 10! Final Fantasy XVI foi lançado como exclusivo temporário para o PlayStation 5.
O EvilHazard jogou Final Fantasy XVI através de código de acesso ao jogo enviado gentilmente a nós pelos representantes da Square Enix Latin America, a quem deixamos nossos mais sinceros agradecimentos!
Brasilense, produtor musical, estudante de jogos digitais. Apaixonado por música, séries, cinema, principalmente por games e hambúrguers.