O novo Resident Evil 2 já provou ser incrivelmente lucrativo para a Capcom, e o novo RE3 é uma realidade. Os remakes têm mesmo esse poder de tirar proveito dessa doce nostalgia do PS1 para criar novas imagens que permanecem verdadeiras para aquelas boas lembranças do passado, trazendo-as para a era moderna com uma nova camada de tinta e mecânicas novas e aprimoradas.
É um ótimo momento para todos, mas a Capcom vai dar um passo adiante? Porque, após a tentativa de fuga de Jill Valentine de Raccoon City, temos os apuros vividos por Claire e Chris em Resident Evil CODE: Veronica, e mais adiante vem Resident Evil 4. Os fãs de Resident Evil, no Brasil e ao redor do mundo, já entenderam o recado da Capcom de que a empresa vai continuar apostando em releituras de clássicos do passado e já estão fazendo coro para que o jogo protagonizado por Leon ganhe seu próprio remake.
A questão é: é claro que a Capcom poderia fazer isso com tempo e dinheiro suficientes, mas será que ela deveria? Agora?
O clássico do Game Cube se tornou um assunto um pouco complicado dentro da franquia Resident Evil, afinal, o jogo foi portado para todas as plataformas imagináveis na década passada, embora ainda seja inegavelmente um dos melhores jogos de todos os tempos. Caso aceitasse a tarefa, a Capcom voltaria a pisar em terreno notavelmente sagrado se quisesse retornar às aldeias rurais da Espanha, a ponto de o nível de atendimento que este projeto justificasse pudesse aumentar consideravelmente os tempos de desenvolvimento do mesmo. Afinal, a Capcom estaria mexendo em um dos jogos mais bem avaliados da franquia, e ainda o jogo mais querido pelos fãs.
É uma decisão que a Capcom precisará tomar, mas como seria realmente um remake de Resident Evil 4? O novo Resident Evil 2, juntamente com o remake de Resident Evil 3, são incrivelmente fáceis de vender por causa do console em que foram originalmente lançados. O PS1 limitou a experiência a controles de tanque e ângulos fixos de câmera, o que significa que os lançamentos do PlayStation 4 dos jogos são muito superiores ao que era possível duas décadas atrás. No entanto, Resident Evil 4 foi o primeiro da série a mudar para uma câmera atrás do ombro.
Então, sem esse aspecto, qual é o ponto de venda de um remake além de um facelift gráfico? Claro, isso junto com o fato de que é Resident Evil 4 provavelmente ainda vende o projeto por conta própria, mas você poderia argumentar que ele precisa de mais. Certamente, ele agrupará todo conteúdo de bônus e potencialmente introduzirá novos cenários no mix, mas não há muito que você possa mudar drasticamente quando se trata da experiência principal.
Um remake completo de Resident Evil 4 venderia muito, muito bem no PlayStation 5 – não há dúvida disso. No entanto, após incontáveis remasterizações e relançamentos ao longo dos anos, a Capcom de certa forma tem sua parcela de culpa na empolgação coletiva pelo possível retorno em 4K da maior aventura de Leon S. Kennedy. Pode ser considerado um dos melhores jogos já feitos, mas os ports contínuos que levam a piadas após piadas realmente o deixaram em uma posição delicada, mesmo com a base de fãs clamando até hoje que seu remake é mesmo necessário, e pra ontem.
Talvez seja mais interessante para a Capcom olhar para o futuro da franquia e investir pesado em Resident Evil 8, para somente após este passo, dar outro no sentido de reimaginar mais um de seus maiores clássicos.
Adaptado de Push Square
Fundador e Administrador do EvilHazard, mineiro, de BH e da Independência, advogado, oldschool gamer, uma criança Wesker e fanático por Resident Evil.
