Após o lançamento de Resident Evil Village, em maio de 2021, a expansão dos Winters chega muito bem vinda, em especial se considerarmos o conteúdo “Shadows of Rose” que traz uma adição à história do jogo base. Trazendo ainda mais conteúdos para o modo Mercenaries e uma opção de câmera em terceira pessoa para o título original, a expansão dos Winters se revela um bom passatempo, mas somente isso. Você não pode comprar nada disso separadamente, então a expansão é o que você precisa para jogar Shadows of Rose, por exemplo.
Esta análise foi feita graças à cortesia da Capcom Brasil, que enviou ao EvilHazard um código antecipado para acessarmos Resident Evil Village Gold Edition antes do lançamento oficial, que se dará em 28 de outubro. A análise, sem spoilers, concentra-se na versão do jogo para PlayStation 5. O EvilHazard agradece à Capcom Brasil pela oportunidade!
Antes de começarmos a falar sobre o modo em terceira pessoa do jogo base, já iremos responder uma dúvida frequente de muitos fãs: não, não é possível ver o rosto do Ethan no modo em terceira pessoa de Resident Evil Village e as cutscenes são todas em primeira pessoa, como já havíamos anunciado aqui, até mesmo no modo fotografia a câmera é limitada, não permitindo tirarmos foto do rosto dele, e acredite, tentamos de tudo, mas sem sucesso.
O jogo base, na visão em terceira pessoa, é o mesmo (você inclusive pode usar os saves que já possui de sua jogatina anterior) e realmente o que muda de fato é a possibilidade de jogar em 3ª pessoa a qualquer momento, bastando entrar nas opções do jogo. No começo, pensávamos que não sentiríamos que a câmera em 3ª pessoa faria muita diferença na jogatina, mas acabou trazendo uma experiência bem interessante, ainda mais para alguns fãs que sempre pediram em jogar RE Village em 3ª pessoa ou até mesmo para aqueles que tem problemas ao jogar na primeira pessoa, como tonturas e desconforto.
Algumas coisas aqui incomodaram um pouco: as animações são praticamente as mesmas, ou seja, acaba sendo estranho e até engraçado ver algumas ações em outra perspectiva. A câmera por algumas vezes, em lugares com menos espaço, acabou dificultando em certos momentos os combates, onde aproximar de costas para parede pode fazer com que o inimigo “desapareça” em frente a Ethan, dificultando a visibilidade do inimigo e, assim, dificultando em desviar ou defender de certos ataques. Fora estes pequenos contratempos, jogar RE Village na terceira pessoa é deveras interessante, e vale aqui destacarmos todo o trabalho da Capcom em tornar este modo possível.
Com a expansão dos Winters, o Modo Mercenários recebeu novos conteúdos, como o personagem Chris Redfield que já é desbloqueado logo de inicio (assim como Ethan que já existia no Mercenários do jogo base). Heisenberg e Lady Dimitrescu, esta que teve seu tamanho reduzido para o modo, são liberados após completar os cenários com Rank A e S. Cada personagem novo possui habilidades específicas, o que torna o primeiro contato com o novo Modo Mercenários bastante interessante. Novos cenários foram também incluídos, e cada um dos personagens traz consigo um arsenal diferente.
O novo conteúdo, apesar de não trazer um número maior de novidades, traz mais fôlego para aqueles que já fizeram praticamente tudo no Modo Mercenários do jogo base, e voltar a correr contra o tempo e fazer novas pontuações com os novos personagens acabou sendo divertido para nós.
Deixamos o melhor pro final: a DLC de história “Shadows of Rose”, que possui pouco mais de três horas de duração (dependendo das habilidades do jogador este tempo pode se estender ou se encurtar). Como já mostravam os trailers, aqui jogamos com Rose Winters, filha de Ethan Winters. Após 16 anos desde a morte do seu pai, Rose volta à vila em busca de respostas, porém a volta dela não é “fisicamente”, mas sim como se estivesse dentro de um sonho, algo mais sobrenatural e alheio à proposta da franquia Resident Evil. A DLC é toda jogada no modo em terceira pessoa, vale ressaltar. Considerando que a perspectiva de terceira pessoa em RE Village com Ethan é em grande parte uma adição interessante que transformou um jogo em primeira pessoa em um jogo em terceira pessoa, aqui nesta DLC a perspectiva já é parte integrante da mecânica de Shadows of Rose desde sua concepção.
Na história, um amigo explica a Rose como ela poderia entrar na mente do Megamycete para encontrar um Cristal Purificador. Rose concorda com isso, e o que ela passa a acessar é uma versão distorcida da mesma vila européia para a qual seu pai foi anos atrás. Acordando no Castelo Dimitrescu, Rose é recebida por uma versão maligna do Duque e seu exército de criaturas bizarras. Rose não tem a mesma constituição corporal ou seleção de armas que seu pai, então seu sprint é mais lento e leva menos acertos para os inimigos matá-la. O que ela tem mesmo para se defender são seus “poderes”.
Rose é guiada por Michel, que acaba ajudando ela a achar uma certa “cura” para tudo que está acontecendo; não iremos dar spoilers aqui, mas a história acaba sendo mais profunda e tensa do que a do jogo principal, e de certa forma passou até mesmo mais medo para nós enquanto jogávamos; já que os lugares são infestados de monstros que acabam sugando a alma de Rose quando eles a agarram. A trilha sonora foi bem trabalhada em diversos momentos, e acaba ajudando a deixar o clima mais de terror em alguns pontos.
Uma das principais coisas que nos gerou estranheza ao jogar foi que agora Rose possui alguns “poderes” psíquicos, que ela acaba adquirindo ao decorrer do jogo, algo que nunca antes foi visto em outros jogos da franquia Resident Evil. Um exemplo é a possibilidade de Rose congelar inimigos por um período de tempo, ajudando-a durante as batalhas para enfrentar os inimigos, ou fugir e soltar uma espécie de “Hadouken” para liberarmos alguns caminhos que são bloqueados por uma espécie de gosma criados pelo Megamiceto durante os caminhos, e também para resolução de puzzles. A franquia Resident Evil já havia flertado levemente com o sobrenatural e o fator psíquico em Resident Evil 7, mas nada igual ao modo abordado por esta DLC, fato que pode gerar muita estranheza para alguns fãs mais exigentes.
No tocante aos gráficos, não foi difícil para nós perceber que a RE Engine continua a impressionar. A DLC (bem como toda a expansão dos Winters e ainda o jogo base) tem desempenho incrível no PlayStation 5 e funciona perfeitamente a 60 quadros por segundo. A forma como a gosma preta do Megamycete escorre pelas paredes do Castelo Dimitrescu, ou como o modelo de personagem de Rose detalhado aparece em close-up parece melhor do que tudo que foi apresentado em Resident Evil Village, sendo o fator “gráfico” talvez o único nesta expansão digno de uma nota 10.
A jogabilidade de Rose acaba deixando um pouco a desejar, ela é lenta e algumas vezes da à sensação de ser travada, pode até ser que essa decisão foi feita intencionalmente para passar a sensação de que toda hora ela está sendo perseguida, porém acabou sendo frustrante em certos momentos para nós enquanto jogávamos. Os puzzles estão presentes novamente, porém a maioria deles conseguimos passar sem muita dificuldade. Os cenários em que se passam a DLC são praticamente os mesmos que já havíamos visto no jogo base, por exemplo: a mansão de Lady Dimitrescu acaba sendo legal revisitar com Rose e há sim áreas novas, porém são poucas; é nítido o reaproveitamento dos cenários e pode parecer um pouco frustrante nesse aspecto para alguns jogadores, já que seria interessante a possibilidade de explorar novas áreas (só colocar obstáculos novos para dar uma “diferenciada” nos caminhos acaba não sendo a melhor das ideias).
Concluindo, sentimos que foi muito divertido jogar com Rose nesta DLC no geral, conhecer mais sobre ela e até mesmo termos a resposta de algumas perguntas que ficaram sem respostas na história de Ethan, representando um digno fim para a história dos Winters, apesar de todo o tom sobrenatural e psíquico da história, que se afasta um pouco da proposta da franquia Resident Evil como um todo. Jogar com Ethan na terceira pessoa no jogo base pode ser um passatempo interessante para aqueles mais apaixonados por esta perspectiva de câmera, e o Modo Mercenários agora está mais rico e com novos desafios. Nada mau, Capcom!
Resident Evil Village Gold Edition, bem como os conteúdos da expansão dos Winters, estarão disponíveis no dia 28 de outubro de 2022 para todas as plataformas onde o jogo base já foi lançado. Os novos conteúdos estão dublados e localizados em Português do Brasil. O EvilHazard deixa aqui, novamente, um agradecimento especial à Capcom Brasil pelo envio do código antecipado para a confecção desta análise.
Curitibano que aproveita o clima frio para tomar café e jogar bons jogos, e em alguns momentos de reflexão tenta explicar para si mesmo a diferença de remaster e remake nos dias de hoje. Jogos prediletos: Hollow Knight, The Witcher 3 e Super Metroid.