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EvilSpecial – Dead Space: uma franquia imortal e inesquecível

Amigo leitor, dê uma olhada na imagem abaixo deste parágrafo.. tá vendo este camarada vestido nesta futurística roupa espacial? Pois então, ele é Isaac Clarke, protagonista de uma das melhores séries de horror do mundo dos jogos, e não, não estamos nos referindo a Resident Evil ou Silent Hill. Um pouco antes de a franquia Resident Evil embarcar na ação desenfreada e repleta de decepções, por exemplo, a EA, através da Visceral Games, nos presenteou com uma gratíssima surpresa quando, em meados de 2008, lançou Dead Space 1, um dos survival horrors mais impactantes e com atmosfera mais assustadora da geração PS3/360!

A franquia Dead Space foi um produto brilhante, fruto de uma “Electronic Arts de mente aberta”. A gigante empresa, dona de títulos de peso como FIFA, Need for Speed e Battlefield, deu liberdade criativa e proporcionou meios para o estúdio Visceral Games criar uma nova IP que abordaria um tema um tanto quanto clichê na verdade, mas sempre eficiente, que é o survival horror; ao ambientar a atmosfera do jogo valendo-se de inspirações em séries consagradas como Alien e o próprio Resident Evil já citado, entretanto, o temido clichê desapareceu: a Visceral conseguiu trazer bastante veracidade ao terror vivido por Isaac Clarke no espaço morto, recheando a franquia de elementos que a tornaram única!

Falando em Isaac Clarke, inclusive, o personagem é um destes elementos que fizeram de Dead Space um sucesso. Isaac é praticamente um mudo em Dead Space 1, emitindo ruídos somente quando está sendo massacrado pelos simpáticos e carinhosos Necromorphs. Na história do jogo, Isaac é um engenheiro espacial, e por mais que ele seja um homem de zero palavras no decorrer do primeiro (e somente nele) jogo da franquia, suas ações conseguem nos transmitir com clareza o quanto ele sofreu com os horrores da nave USG Ishimura, horrores piores do que qualquer ferramenta de trabalho com a qual ele já havia lidado na vida.

Em Dead Space, não estamos controlando um Leon S. Kennedy com suas habilidades super especiais de agente do governo norte-americano quase imbatível e de penteado impecável.. Isaac é “só mais um Silva”, só mais um cara que conserta coisas pra sobreviver, fato que o aproximou ainda mais do jogador. Felizmente, as ferramentas que Isaac manuseia são ideais para desmembrar, cortar, decepar, destroçar aliens enlouquecidos em um brilhante derramamento de sangue. A medida que você avança dentro do ambiente claustrofóbico e desolador da USG Ishimura em Dead Space 1, por exemplo, você vai entendendo melhor os horrores pelos quais Isaac passou.. você vai descobrindo, junto com Isaac, que na USG Ishimura o terror nasce das maneiras mais criativas possíveis!

Outro elemento de destaque em Dead Space é uma arma: a Plasma Cutter. É a arma inicial dos jogos da série principal e poderia ser, portanto, a mais ordinária e descartável das armas, mas ao jogar, você percebe o quão maravilhosa e letal ela pode ser! Inicialmente projetada para consertar defeitos nas engrenagens de naves espaciais, ela também se mostra lindamente eficaz em picotar inimigos ensandecidos.. picotar mesmo, sem dificuldades! A angulação vertical ou horizontal da Plasma Cutter, aliada ao seu número de precisos disparos, permite a Isaac desmembrar os Necromorphs com fulminantes tiros de plasma e, jogando, o prazer que isto proporciona ao jogador é algo magnífico e pouco sentido nos atuais jogos consagrados de terror. A Plasma Cutter é tão valiosa que, em Dead Space 1, há uma conquista especial para o jogador que finaliza o game usando somente ela, no jogo inteiro.

O ato de desmembrar estrategicamente os inimigos revela-se, inclusive, como mais um valoroso elemento da franquia Dead Space. Arrancar os membros superiores ou inferiores das demais variantes de Necromorphs é a mecânica padrão para vencer os inimigos, fugindo um pouco do já batido e cansado conceito de Resident Evil e outras obras de zumbis: estoure as cabeças. Todos os Necromorphs de Dead Space, sejam inimigos normais ou chefes, são resistentes a tiros na cabeça, mas se mostram humilhados, porém, quando Isaac concentra seus tiros nos braços, pernas ou tentáculos dos monstros. É exatamente este foco, este valor aos tiros precisos em partes específicas do corpo dos aliens da franquia que permitem ao jogador avançar pelo jogo sempre de forma atenta e cuidadosa.

Toda esta estratégia de combate imediatamente elevou Dead Space ao patamar de survival horror de primeira grandeza na geração PS3/360, geração esta que deu espaço a Resident Evils repletos de tiroteio, à luz do dia e com “zumbis atiradores”, bem como a Silent Hills apagados e sem nenhuma identidade como SH: Downpour.. entretanto, apesar de o combate ser de fato elemento chave para o sucesso de Dead Space, a ambientação, outro elemento notável da franquia, é quem quase sempre rouba a cena! A nave espacial USG Ishimura de Dead Space 1, por exemplo, é retratada de forma magistral como um lugar a esmo, sombrio, abandonado e doentio, com esquinas e dutos de ventilação que fazem gelar a espinha do jogador da pior maneira possível. A Visceral Games retratou alas médicas, salas de reuniões, corredores, casas de máquinas e demais ambientes com tamanho realismo que o jogador dificilmente não vai sentir seus pelos arrepiarem em diversos momentos do jogo! Ishimura, sem dúvida, é perturbadora e desagradável, e a estação espacial Sprawl, de Dead Space 2, não fica atrás!

Talvez seja consenso entre os fãs que Dead Space 1 é o maior destaque da franquia; deixando de considerar os spin-offs, livros, HQs e filmes, é a trilogia principal da geração PS3/360 que é digna de nossas honras, mesmo após Dead Space 3 ter flertado com a ação após a Visceral ser picada pelo mesmo inseto maldito que picou a Capcom na produção de Resident Evil 5 e Resident Evil 6. A Visceral Games havia deixado Dead Space de lado para trabalhar em um jogo da saga Star Wars, e mesmo assim muitos fãs da franquia esperavam ansiosos pelo anúncio de Dead Space 4, voltando ao terror e reinando no PS4/One, ou ainda esperavam ao menos pelo anúncio de uma coletânea remasterizada da trilogia principal, porém, com o recente anúncio do fechamento do estudio pela EA, que pegou todos de surpresa, talvez seja o momento de deixarmos de sonhar..

.. deixarmos de sonhar, mas com a certeza de que Dead Space nunca morrerá! Após analisarmos todos os elementos elencados neste texto, podemos repousar na certeza de que Dead Space é, de fato, uma obra imortal e inesquecível, afinal, sem seu legado, não teríamos hoje outros ótimos exemplos de jogos de terror modernos como Alien: Isolation, Outlast, e vejam vocês, Resident Evil 7. A Visceral Games pode morrer, mas o espaço morto nunca esteve tão vivo!

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