A franquia Resident Evil vem desfrutando de um enorme ressurgimento em popularidade graças ao sucesso de suas entradas em primeira pessoa e sua lista de remakes. A série começou a ficar mais sombria do ponto de vista temático recentemente, mas a forma como lida com sua narrativa ainda deixa espaço para discussões, precisando também se desenvolver (na opinião de muitos) em uma outra área bastante importante.
Resident Evil sempre foi uma franquia sobre seus personagens. Ao contrário de uma série de terror de sobrevivência como Silent Hill, os protagonistas de Resident Evil (com uma exceção notável) terminam seus jogos fisicamente e emocionalmente intactos, deixando-os livres para estrelar lançamentos futuros. A série gira em torno de alguns personagens centrais, incluindo Chris Redfield, Claire Redfield, Jill Valentine e Leon Kennedy. Esses heróis são conhecidos por sua coragem, determinação e atitude positiva, e essas características lhes permitem enfrentar seus desafios de frente e enfrentar ameaças terríveis. Embora os jogos modernos de Resident Evil tenham desenvolvido alguns desses protagonistas e personagens secundários, a série deve continuar investigando suas origens e psiques.
Os famosos protagonistas de Resident Evil podem ser icônicos, mas muitas vezes podem parecer monótonos ou superficiais, sem uma caracterização muito mais profunda. Em Resident Evil Village a Capcom se esforçou, tomando medidas para tornar Ethan Winters um personagem mais complexo, contando a história sobre seu relacionamento com sua esposa e filho, mas ainda falta ao personagem o carisma dos protagonistas das outras séries (carisma este ausente no personagem em Resident Evil 7). Não parece que Ethan voltará à franquia tão cedo, de qualquer forma.
Assim, seria ideal que a série tomasse medidas para aprofundar esses personagens populares. Comparando Resident Evil com Silent Hill, essa franquia faz questão de mergulhar na psicologia de seus personagens, fazendo com que a narrativa de cada jogo se vincule diretamente aos seus relacionamentos pessoais e histórias de fundo. Desta forma, a Konami conseguiu usar a cidade de Silent Hill, o enredo e a mecânica de jogo para explorar os medos, desejos e traumas de cada personagem principal. Já os heróis de Resident Evil, além de Ethan Winters, costumam ser emocionalmente desligados das histórias que protagonizam, normalmente trabalhando como membros de equipes de aplicação da lei ou de forças especiais. Essa abordagem é intencional, pois faz com que eles se sintam mais como heróis de ação, mas isto pode estar começando a ficar um pouco obsoleto.
Resident Evil apresenta vários personagens jogáveis, mas os mais significativos são indiscutivelmente Leon, Chris, Ada, Claire e Jill. Infelizmente, esses personagens são alguns dos menos interessantes em muitos aspectos, e suas personas estoicas de heróis de ação atrapalham o desenvolvimento significativo do personagem. Em parcelas futuras, seria bom ver um outro lado deles, talvez mergulhados mais fundo em suas origens, arrependimentos e relacionamentos pessoais. Há muito potencial com esses personagens especificamente, já que suas aventuras na franquia os colocaram em um grande estresse e trauma, que podem ser explorados nas próximas narrativas. Mesmo os rumores de remakes de Resident Evil 5 e Resident Evil 6 poderiam oferecer um pouco mais de desenvolvimento de personagem, adicionando retroativamente certas cenas perspicazes ou linhas de diálogo que não estavam nos originais.
Esse foco no desenvolvimento de personagens não precisaria necessariamente significar histórias sombrias e perturbadoras à la Silent Hill. Algo tão simples como adicionar tramas de romance expandidas aos jogos de Resident Evil poderia fazer maravilhas, pois permitiria que os jogadores vissem um lado mais íntimo e vulnerável de personagens que geralmente são legais e desapegados. Opções alternativas incluem sequências de flashback ou o envolvimento de apostas mais pessoais para os heróis, conectando-os à narrativa maior em um nível mais profundo. Seja qual for o caminho que a Capcom escolher seguir com seus personagens de Resident Evil, será importante que eles experimentem algum desenvolvimento significativo.
Adaptado de GameRant.
Curitibano que aproveita o clima frio para tomar café e jogar bons jogos, e em alguns momentos de reflexão tenta explicar para si mesmo a diferença de remaster e remake nos dias de hoje. Jogos prediletos: Hollow Knight, The Witcher 3 e Super Metroid.