Quase todos os jogos da franquia Resident Evil apresentam designs de inimigos perturbadores e abomináveis, mas foi apenas em Resident Evil Village que a série quebrou as páginas de um livro mitológico e dissecou a denotação do que uma arma biológica poderia ser. Aqui, interpretações criativas, mas familiares, de lobisomens e vampiros se cruzam com outros pesadelos grotescos, que são o mais oposto possível em design dos monstros mofados sem graça que os jogadores enfrentam em Resident Evil 7.
De fato, enquanto Resident Evil 7 não possui uma grande variedade de inimigos, isso claramente não é uma característica que a franquia Resident Evil como um todo compartilha. Além disso, como Resident Evil Village também provou, é impossível prever que criaturas grotescas poderão ser apresentadas em qualquer futuro título da franquia, apenas com base nos inimigos que apareceram antes. Os zumbis tradicionais costumavam ser onipresentes em Resident Evil, por exemplo, embora tenham sido mais ou menos deixados de lado depois de tanto tempo. Por serem tão fundamentais e clássicos, os zumbis provavelmente sempre terão um lugar reservado em Resident Evil.
“Mortos-vivos”, “não-mortos”, “reanimados” – os zumbis têm sido retratados de inúmeras formas, o que fez com que o conceito de zumbis em geral se tornasse banal. Claro, a premissa de um apocalipse zumbi sempre foi melhor explorada como um simples pano de fundo para histórias emocionantes e centradas em personagens, e o mesmo é amplamente verdadeiro para Resident Evil. Seria redutor considerar a franquia Resident Evil como uma série “de zumbis”, já que seu jogo original também contava com a Yawn, com Hunters, Quimeras, aranhas gigantes e muito mais para enfrentar. No entanto, o impacto dos zumbis na franquia não é por acaso e demonstra de maneira clara o quão excelente é a representação dos zumbis em Resident Evil.
O remake de Resident Evil 2 foi um excelente ponto de reentrada para os zumbis como “esponjas de bala” em corredores estreitos que poderiam rapidamente sobrecarregar Leon Kennedy ou Claire Redfield. É inegável que os zumbis podem ter sido apresentados vezes demais na série, considerando tantos outros designs excelentes de inimigos que surgiram depois, mas, ainda assim, os zumbis sendo simples carne para o jogador ou um obstáculo ambiental é um elemento chave do que torna os primeiros jogos de Resident Evil extraordinários.
Os mapas em Resident Evil são feitos para serem investigados minuciosamente em busca de itens que os jogadores possam ter deixado passar, e são nessas buscas meticulosas por salas ou corredores que os zumbis regularmente têm a chance de gemer e seguir até o caminho dos jogadores. Os licantropos de Resident Evil Village podem ser duas vezes mais ameaçadores, mas eles carecem da nuance de um zumbi bem posicionado, que por acaso está bloqueando o acesso a uma porta ou escada desejada, especialmente se os jogadores estiverem desesperadamente tentando economizar munição ou itens defensivos.
Pode parecer um tanto redutor se os zumbis retornarem nos jogos principais modernos de Resident Evil, considerando o quão extravagantes os inimigos da franquia se tornaram. Ainda assim, os zumbis sendo espalhados por um jogo de Resident Evil como ameaças a serem contornadas é um ponto crucial da série que ainda não foi totalmente abandonado, e descartá-los completamente seria um grande erro.
Adaptado de GameRant.
Curitibano que aproveita o clima frio para tomar café e jogar bons jogos, e em alguns momentos de reflexão tenta explicar para si mesmo a diferença de remaster e remake nos dias de hoje. Jogos prediletos: Hollow Knight, The Witcher 3 e Super Metroid.