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EvilSpecial – Por que Resident Evil 2 é tão especial para a franquia?

Em 21 de janeiro de 1998, Resident Evil 2 era lançado, se firmando como um sucesso absoluto ao longo de suas duas décadas de existência. O EvilHazard preparou esse especial, mostrando as inovações, curiosidades, e por que esse título de duas décadas permanece entre os preferidos de muitos amantes de Survivor Horror.

O NASCIMENTO DE UM CLÁSSICO

Pouco menos de dois anos após o lançamento do primeiro game (realizado em março de 1996), RE2 chegava ao mercado, e como muitos sabem, essa não era a primeira versão do projeto. Apenas um mês após completar o desenvolvimento do primeiro jogo, a Capcom já começou a trabalhar na continuação. Alguns pontos permaneceram na versão final: duas campanhas, a história ocorrendo pouco mais de dois meses após os eventos do primeiro jogo, a cidade de Raccoon City, etc. Porém, as mudanças foram o que tornaram o título tão importante…

Leon não mudou quase nada da versão descartada para a final. Porém, a personagem feminina, Elza Walker, seria uma corredora profissional de motos e estudante universitária de férias em Raccoon, sua cidade natal. As duas campanhas NÃO TERIAM LIGAÇÃO ENTRE SI, com os personagens não se encontrando ao longo da jornada, e cada protagonista teria ajuda de dois personagens: Leon contaria com o apoio do policial Marvin Branagh e a pesquisadora Linda (que na versão final se tornou a espiã Ada Wong), enquanto Elza teria o suporte de Sherry Birkin e de John (que acabou virando o dono da loja de armas Robert Kendo). Os personagens também poderiam se equipar com coletes, e os cenários pré-renderizados sofreriam alterações ao longo da história (esse último permaneceu na versão final).

O que muitos não entendem é: por que a versão inicial foi descartada? Pois bem… Shinji Mikami era o Produtor dessa continuação, com o Diretor dessa vez sendo Hideki Kamiya. Durante os estágios iniciais de desenvolvimento, os dois apresentavam muitas diferenças criativas. Quando o projeto estava entre 60 e 80% concluído, o diretor do primeiro jogo observou que o material funcionava bem individualmente, mas não como uma sequência. Então decidiu recomeçar do zero, aproveitando alguns elementos, mas tentando criar o máximo de ligações com o anterior. Porém, os planos de Mikami eram CONCLUIR A HISTÓRIA. Já o Supervisor Yoshiki Okamoto queria criar um universo maior para a saga, então contratou como escritor Noboru Sugimura, que foi quem criou maiores conexões com o primeiro jogo. A maior delas foi substituir Elza por Claire Redfield, tornando a personagem irmã do protagonista do primeiro jogo. Essa nova visão levou à reformulação da equipe, usando apenas parte dos programadores. O restante deles passou a trabalhar em Resident Evil: Director’s Cut, que trazia uma demo jogável do segundo jogo, como uma forma de se desculpar pelo atraso no lançamento.

MUDANÇAS E CURIOSIDADES

A versão final sofreu diversas alterações técnicas. O novo software usado permitiu cenários muito mais ricos do que na “beta” (que na época levaram entre duas e três semanas para CADA UM deles ser renderizado!), e protagonistas mais detalhados. Porém, o gráfico mais “pesado” limitou o número máximo de inimigos na tela em sete, e foram removidos os machucados físicos nos personagens, que passaram a andar mancando para indicar dano. Ao contrário dos jogos atuais, que contam com captura de performance, na época, cada etapa era feita separadamente. As vozes do jogo foram todas gravadas antes das cenas em CG serem feitas, e para as animações foram usados action figures e técnicas de stop motion, depois convertidas para a versão digital. A personagem Ada não teve seu modelo finalizado a tempo, por isso, é a única que não aparece em CGs, contando apenas com a engine do jogo.

HISTÓRIA E CRIAÇÃO DE UM UNIVERSO

Além da ideia de Claire ser a irmã de Chris Redfield, e da história se passar em Raccoon City, citada no primeiro jogo, o projeto definitivo de Resident Evil 2 criou muitas outras ligações com o primeiro, além de deixar espaço para uma franquia. A substituição de Linda por Ada fez não apenas uma referência a um File do primeiro game, mas também cria todo um mistério sobre quais as reais intenções da personagem e para quem ela trabalha; o que foi explorado nos jogos seguintes. E se no primeiro sabemos que a Umbrella é uma grande corporação, é nesse jogo que temos a real dimensão do quanto seu trabalho é avançado e está enraizado na cidade de Raccoon.

A substituição de uma delegacia com ares modernos por um espaço mais clássico, que antes servira como museu, traz de volta aquele ar da mansão. Se no primeiro jogo a trilha sonora teve um papel importante na criação do medo, aqui também se faz presente de forma muito importante. A música foi criada com o intuito de ao mesmo tempo criar tensão e trazer elementos mais modernos de filmes de investigação policial, nesse ponto refletindo a proposta original de dar um ar mais Hollywoodiano para a trama (que também é visto nas cenas de ação em CG). No primeiro, tínhamos o corredor dos cachorros. Nesse, sentíamos um calafrio ao escutar o som das garras do Licker no chão… Por fim, além de uma ligação maior com o título anterior, a história deixou de ter um final fechado para terminar com diversas pontas soltas, a serem exploradas em continuações (como CODE: Veronica, que seria originalmente o terceiro jogo e se passa pouco tempo após, com Claire continuando sua busca por Chris).

POR QUE VAI SER SEMPRE UM JOGAÇO?

Em uma época em que se estabeleceram diversas franquias que seguem conhecidas até hoje e os produtores tinham uma maior liberdade criativa, a Capcom acertou em diversos pontos: preferiu descartar um trabalho em estágio avançado para entregar algo que realmente fosse uma evolução em gráficos, criou uma história que substitui os protagonistas, mas ainda assim tem uma trama ligada ao anterior, e principalmente, apostou na criação de um universo maior, que foi o que estabeleceu a série.

Em Resident Evil 2 tivemos ao mesmo tempo uma familiaridade com o terror e os sustos do primeiro, mas também, nos sentimos em um mundo muito maior, com uma história bem amarrada e que nos prendia do começo ao fim. O impacto desse jogo na indústria foi tão grande, que ele é lembrado como um dos melhores da história, e duas décadas depois, vemos uma geração de jogadores amando jogar a nova versão do jogo.

E você, amigo leitor, jogou esse clássico? Gostou de ver a história clássica recontada na geração atual?

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