As franquias Resident Evil e Silent Hill são frequentemente comparadas até os dias de hoje, embora sejam bastante diferentes. A linha entre o que é considerado survival horror em oposição ao terror psicológico é decididamente confusa, e ainda é o que ajudou a distinguir Resident Evil de Silent Hill quando ambas eram franquias incipientes empregando controles de tanque e ângulos de câmera fixos nos primeiros sistemas PlayStation.
Essas franquias também evoluíram muito desde os primeiros capítulos, com Resident Evil levando um pouco mais de vantagem sobre a franquia Silent Hill, mas vantagem exatamente em quê?
Nem Resident Evil nem Silent Hill tiveram um legado perfeito, e isso é uma inevitabilidade que qualquer franquia encontrará quando for tão duradoura quanto essas são. Alguns jogos são muito mais agradáveis, com alguns deles mantendo um status lendário no gênero de terror em geral, por exemplo, enquanto outros games representam o que os fãs consideram ser o fundo do poço do gênero. Silent Hill foi vítima de mais entradas altamente criticadas do que Resident Evil, e embora a troca de desenvolvedores certamente tenha um papel a desempenhar nisso, Resident Evil também abandona brevemente o terror pela ação em certo ponto de sua trajetória.
Desde que Silent Hill existe, tem sido apropriadamente classificado como uma franquia de terror psicológico, com alguns jogos mais voltados para o terror de sobrevivência. De qualquer forma, Silent Hill é intrinsecamente voltado para o terror. Mesmo quando personagens como Harry Mason ou Murphy Pendleton lamentam seus embates com monstros psíquicos bizarros, a atmosfera nos jogos de Silent Hill sempre pretende perturbar e enervar.
Os jogos Silent Hill da Team Silent foram definitivamente bem-sucedidos em conseguir isso com sutis sustos ambientais, bem como sons mortificantes e designs de inimigos; no entanto, uma franquia só consegue se apegar aos temas principais do gênero antes que eles precisem ser reavaliados ou reforçados. Silent Hill desenvolveu habilmente uma série de antologia que poderia introduzir novos personagens e prolongar sua vida útil favoravelmente, mas mesmo isso acabou levando a ideias regurgitadas e a uma qualidade inferior nos jogos lançados, uma vez que o desenvolvedor seminal por trás de seus amados episódios não estava mais trabalhando neles.
Isso não quer dizer que jogos futuros, como o remake de Silent Hill 2, Silent Hill Townfall, Silent Hill Ascension e Silent Hill F não possam ser bons, e de fato a série tem mais potencial agora do que nunca. Independentemente disso, ainda está restrito ao terror e, a menos que consiga continuar a esculpir narrativas refrescantes em sua cidade turística de mesmo nome, Silent Hill pode acabar circulando pelos mesmos tropos e motivos que tornaram popular sua trilogia original.
Enquanto isso, Resident Evil gradualmente passou do terror de sobrevivência para a ação. Esta transição tornou-se palatável graças aos extremamente populares Resident Evil 4 e Resident Evil 5, e embora Resident Evil 6 tenha decidido ser um jogo muito mais longo com campanhas de múltiplos personagens, ainda era popular na época por sua jogabilidade de ação cooperativa. Só um pouco mais tarde é que os fãs compreenderiam o quão longe a franquia havia chegado de suas raízes de terror de sobrevivência, e Resident Evil 7 chegou no momento perfeito para ajudar a reabilitar a série e redirecioná-la para um caminho que os fãs mais afastados pudessem enfim retornar. Mas na época, a ação estava funcionando bem como um novo caminho de gênero para Resident Evil, e com os remakes dos jogos já chegando à quarta parcela, é provável que eles façam a escolha mais uma vez de prosseguir com a ação em vez do terror (o que não impede que os atuais remakes e a atual linha do tempo dos jogos numerados não tenham diversos elementos de terror com ótimas doses de survival horror, vale ressaltar).
Alguns fãs preferirão terror ou ação a seu critério, embora seja garantido que ser orientado para a ação por um tempo ajudou a dar a Resident Evil diversidade suficiente em seu conteúdo para não envelhecer como franquia, provavelmente por isso que foi capaz de estar até hoje tão presente e relevante quanto é. Se os novos empreendimentos de Silent Hill conseguirem ser criativos e inovarem um pouco dentro de seus próprios gêneros, então talvez ambas as franquias consigam florescer mais a mais daqui pro futuro.
Adaptado de GameRant.
Curitibano que aproveita o clima frio para tomar café e jogar bons jogos, e em alguns momentos de reflexão tenta explicar para si mesmo a diferença de remaster e remake nos dias de hoje. Jogos prediletos: Hollow Knight, The Witcher 3 e Super Metroid.