The Last of Us 2 conta a história de Ellie, Joel e Abby – personagens complexos que cometem atos terríveis de violência – mas será que algum deles é o verdadeiro vilão?
Aviso: este artigo contém SPOILERS!
Ellie, Abby e Joel estão no coração da história de The Last of Us 2. Os jogadores devem torcer por eles à medida que o jogo avança, mas o que os torna tão atraentes são suas qualidades indiscutivelmente “más”. Apesar de cada uma de suas ações horríveis, a Naughty Dog tentou escrever The Last of Us 2 sem um verdadeiro e único vilão, e isso ocorre na maneira como o jogo trata as ações desses personagens.
De certa forma, a primeira grande reviravolta de The Last of Us 2 é estabelecer Abby como se ela fosse “a garota má”. Mas, mesmo assim, já há dicas de que haverá mais na personagem dela. Antes de ela matar Joel, os jogadores são colocados no lugar dela e olham para um momento de silêncio com seus amigos. E quando ela brutaliza Joel, está implícito que ela está fazendo pelo menos por uma razão. “Joel matou muitas pessoas”, como Ellie mais tarde diz, então é seguro assumir que ele fez algo igualmente horrível para incitar essa retaliação.
Ainda assim, o fato de Joel ter matado o pai de Abby não é necessariamente uma justificativa para ela matá-lo. A lição inteira de The Last of Us 2 é que essas situações de “olho por olho” podem durar para sempre, ou seja, qualquer pessoa que se apegue à vingança está convidando-a de volta. Isso faz de Abby o vilão do jogo? Não é bem assim.
Dos três personagens principais, Abby é a única a buscar ativamente a redenção por suas ações. Após a morte de Joel, ela ajuda Lev e Yara a escapar do culto serafita de The Last of Us 2, vendo-o como uma maneira de compensar seus crimes. Mas ela ainda volta à armadilha de vingança, indo atrás de Ellie, matando Jesse e quase matando Dina e Tommy depois que ela descobre que Ellie matou seus amigos. É possível que a Naughty Dog incluísse sua eventual captura pelos Cascavéis como uma espécie de vingança cármica por isso, mostrando que as ações de todos os alcançam.
É o mesmo para Ellie também. Embora ela não busque ativamente o perdão, ela acredita que suas ações são justificadas e, em troca, recebe punição por tentar se vingar. Abby mata Jesse, e Ellie acaba pagando por sua própria raiva, destruindo seu relacionamento com Dina em troca de sua busca por vingança. O ciclo não termina até que Ellie faça uma bondade acidental por Abby – libertando-a dos Cascavéis – e depois a solte, aparentemente em um ato de perdoar Joel e perdoar Abby.
Dessa maneira, o egoísmo de Joel no final do primeiro The Last of Us é a raiz do mal de Ellie e Abby. Ellie estava tão brava com Abby, pelo menos em parte, porque ela nunca teve a chance de perdoar Joel por mentir para ela sobre os Fireflies, e Abby só foi atrás de Joel (e depois Ellie) porque Joel matou seu pai. Joel é o vilão mais verdadeiro, já que ele foi o ato violento original. Mas a lição de violência cíclica também se aplica às ações de Joel, uma vez que ele destruiu os Fireflies por amor a Ellie – assim como Abby matou Joel por amor a seu pai e Ellie matou os amigos de Abby por amor a Joel.
Por fim, The Last of Us 2 não está interessado em declarar que seus personagens são inerentemente ruins ou bons. Cada um deles faz coisas ruins, mas geralmente são motivadas por boas intenções. A história funciona mais como um exame das coisas que poderiam levar as pessoas a cometer atos horríveis, bem como como essas motivações quase nunca justificam a violência que elas provocam.
Adaptado de Screen Rant
Fundador e Administrador do EvilHazard, mineiro, de BH e da Independência, advogado, oldschool gamer, uma criança Wesker e fanático por Resident Evil.
