Saudações aos leitores e amigos comrades! Aqui no EvilHazard nós já mostramos a curiosa conversão cancelada de Resident Evil para o humilde Game Boy Color.. agora, mostraremos mais um jogo da franquia que não viu o raiar do sol, e que seria lançado para o Game Boy Advance. Estamos falando da sequência de Resident Evil 1, “Resident Evil 2”, este que, aliás, foi o grande destaque da última E3 graças ao anúncio de seu tão aguardado remake.
IMPORTANTE: Tudo o que é descrito no texto e representado pelas imagens ao longo do mesmo, o amigo leitor poderá ver em movimento no próprio gameplay desta versão cancelada, em exibição no vídeo ao final do texto, certo?! Então vamos lá!
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Em 2001, a Nintendo lançou o Game Boy Advance, a aguardada (e um tanto tardia) atualização da linha Game Boy, que representou uma grande evolução com seu processador 32-bits e recursos gráficos muito superiores ao primeiros modelos. E é nesse momento que surge o estúdio Raylight. Fundado na Itália em 2000, o agora Raylight Games, desenvolveu o próprio motor gráfico para GBA, o Blue Roses,
O Blue Roses tinha um objetivo audacioso: ser uma ferramenta que tornava o GBA capaz de rodar jogos com gráficos tridimensionais, com polígonos texturizados, efeitos simples de luz e sombra e mesmo física. Uma vez a engine desenvolvida, era preciso convencer produtoras a licenciá-la, e é nesse ponto que Resident Evil entra. Em 2003 a Raylight desenvolve por conta própria um demo baseado no início de Resident Evil 2 para mostrar a capacidade da Blue Roses.
O jogo sai do menu principal direto para uma versão resumida da abertura, que exibe imagens estáticas presentes na versão original com uma narração bastante comprimida. Então, o jogo pula para a primeira cena com Leon – o único personagem jogável dessa demo – e de cara podemos notar que o cenário pré-renderizado é fiel à versão original (até tem um capricho do fogo animado ao fundo)
Já o modelo de Leon se por um lado é detalhado para o que poderíamos esperar do Game Boy Advance, por outro apresenta uma animação bem simples e até meio engraçada, andando como se fosse um robô com ferrugem nas juntas. A animação de corrida é um pouco melhor, pelo menos.
Encontramos os primeiros zumbis após três telas, que também têm um bom nível de detalhe, são animados e perseguem o jogador, mas bizarramente são azuis por algum motivo. Eles foram até bem implementados, sofrem e causam danos e contam com animação de “morte”, digamos assim. Falando nisso, a Raylight se deu ao trabalho de permitir o jogador sofrer Game Over.
Então seguimos para a loja de armas, que compreensivelmente não exibe a cena animada da versão original. Leon retorna já nos fundos da loja e a porta da quadra de basquete já está aberta.
Aí temos o que parece ser uma demonstração da força do motor gráfico, com a primeira tela da quadra exibindo três zumbis simultaneamente, uma tarefa nada trivial quando lembramos que é o Game Boy Advance. e é aí que a demo termina, com uma curiosa e bizarra cena do que seria um Street Fighter Alpha.
Claro tudo é bem básico e feito justamente para demonstração, mas quando comparamos com a versão original, o resultado é impressionante, sobretudo quando lembramos que o GBA é um console tecnicamente mais modesto que o PlayStation, seu maior cartucho tinha 32MB, metade da versão Nintendo 64, e em teoria sequer era capaz de rodar gráficos tridimensionais.
Pois é, amigos. Segundo consta, a Raylight apresentou a demo à Capcom, que infelizmente a recusou, matando o projeto. Decisão compreensível, pois três anos depois a própria Capcom portou Resident Evil Deadly Silence para DS.
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De qualquer forma, o motor gráfico Blue Roses continuou sendo usado e desenvolvido sobre jogos para várias plataformas como o próprio Nintendo DS, PSP, Wii e Wii U. O estúdio italiano, inclusive, continua ativo e publicará uma versão do jogo Gem Smashers para Switch.
Enfim, não deixa de ser interessante imaginar como um Resident Evil 2 se sairia em uma versão final para o GBA. E o que vocês acham?
Até a próxima!
Paulista de Taubaté, Designer Gráfico, Designer de Games, quality assurance tester, tradutor de Inglês e Francês e dono do blog e canal Loading Time.