No EvilTalk, nossos redatores irão apresentar, em texto, suas opiniões acerca dos mais variados assuntos que envolvem a franquia Resident Evil e demais obras do terror/survival horror, em uma narrativa questionadora e que dará preferência à abordagem de temas polêmicos e que geram discussão na base de fãs do jogo em questão.
ATENÇÃO: todo o exposto nos textos do EvilTalk refletirá unicamente as opiniões e convicções do Redator responsável pela publicação.
Neste texto, o tema a ser abordado por nosso Redator Gerson Ashford será: Qual série de Resident Evil você quer ver? E qual você realmente precisa?
Chris, Jill, Leon e Claire atirando em zumbis em Raccoon City pode parecer interessante, mas isso seguraria uma série? Há anos especula-se a possibilidade de uma série televisiva baseada na saga, em parte, pela parcela insatisfeita com o rumo dado nos cinemas, que fugia do cânon e se apoiava no material-base apenas em referências visuais. Embora alguns não se lembrem, já ouve uma tentativa de adaptação: a série Arklay. O projeto iria ao ar em 2015, mas não teve continuidade. Já em 2017, pouco após lançarem o último filme, o presidente da Constantin Film afirmou que o estúdio já planejava um reboot nos cinemas, escolhendo inclusive um diretor: James Wan, que dirigiu filmes da série Jogos Mortais e o vindouro Aquaman. Nessa mesma ocasião, também foi declarado que o projeto de uma série não foi descartado, e a questão era apenas acertar criativamente, desenvolvendo algo inovador. De que forma então poderiam acertar, tanto no que os fãs desejam quanto no que realmente seria um diferencial?
Vamos voltar um pouco. Em 2011, o gênero de zumbis estava no auge, com o sucesso de The Walking Dead, então claro que foi utilizado à exaustão: outras séries com a temática, jogos de videogame, diversos filmes… até ficar totalmente saturado. Hoje, a série da AMC sofre para segurar a audiência, e nada do gênero parece tão “inovador”. Dentro deste cenário, uma série de Resident Evil precisa ser certeira, equilibrando o fan-service que segura os gamers com uma história que atrai o público geral (sejamos realistas: só base de fãs não gera lucros significativos. Estão aí todas as adaptações de filme para provar isso). E aí vem o grande diferencial de Resident Evil…
A série de jogos se destacou no fim da década de 90 por um motivo: seus personagens. Apesar de começar de forma criativa, explorando ficção científica, a saga só se manteve por mais de duas décadas graças ao fator humano nela. O que torna os arcos significativos não são a ascensão e queda de corporações, mas sim, como os protagonistas cresceram meio a isso. Esse é o aspecto principal a ser considerado em uma adaptação, e apenas partindo dessa base é possível pensar em enredo. Mas como retratar de forma fiel uma saga tão longa?
Como dito acima, a história se divide em arcos: teve a queda da Umbrella, bioterrorismo se tornando uma realidade global, surgimento de diferentes órgãos e empresas, etc. O mais certeiro, em minha opinião, é fazer uso desses momentos para planejar temporadas. Usando o exemplo da série American Horror Story: cada temporada aborda uma história distinta, com personagens diferentes. É uma forma de manter o conteúdo fresco, ao mesmo tempo que se explora a imensa gama de personagens de Resident Evil. Como dividir os episódios então?
Embora alguns gostem de conteúdo repetido à exaustão, penso que a melhor forma seria temporadas curtas, de 6 a 8 episódios. De início, resultados dos eventos da Mansão Arklay à destruição de Raccoon, sob a perspectiva de Jill, criando um gancho para a saída de Chris da cidade. Assim como nos jogos, deixaria um espaço para o que aconteceu antes, ao mesmo tempo em que já iniciaria com o arco mais querido. Uma segunda temporada poderia explorar a fuga de Leon e Claire (usando os novos fatos do “Remake”) e fatos que levaram a Code Veronica e RE4, assim sucessivamente, trazendo as diversas sub-tramas da saga, ao invés de adaptar diretamente fatos já vistos nos jogos (o que tornaria previsível, além de poder gerar ainda mais furos na cronologia).
Isso abriria espaço para explicar fatos não vistos nos jogos, como a forma o governo lida com os incidentes, a amizade antiga entre Chris e Leon (que é quem avisa ao irmão de Claire onde ela está em Code: Veronica), o surgimento da BSAA…. Além disso, poderia mostrar fatos anteriores aos jogos em meio às temporadas (por flashbacks), ou em “websódios”, como TWD fez nas primeiras temporadas (desenvolvimento do Progenitor, descobertas científicas da família Ashford, etc.). E o principal: mostrando os protagonistas em seu lado humano, já que nos games eles não são sempre os heróis vencedores – Jill é infectada por Nemesis, Chris é movido pela vingança a Wesker, Sherry fica sob a tutela do governo, etc. A série também precisaria ser fiel no gore (que está de volta nos últimos jogos) e na produção dos cenários, com uma classificação indicativa na faixa de 16 anos, e com um bom investimento em efeitos especiais, já que temos diversas criaturas (por isso, é algo que para dar certo requer o interesse de uma empresa grande, disposta a investir – como uma HBO ou Netflix).
Adaptando tantos elementos e com um estudo aprofundado da história (não apenas enchendo de referências visuais), atrairia também o público em geral. Dessa forma, era possível fazer uma adaptação realmente de sucesso em uma época na qual adaptações medianas geram mais impacto. E você comrade, o que acha das ideias? Concorda ou discorda? De que forma você acha que uma adaptação televisiva poderia ser bem-sucedida no mercado atual? Deixe seu comentário.
Redator do EvilHazard, paulista, administrador, viciado em jogos de aventura e cultura nerd, com uma queda pelo mundo do Survivor Horror