Aproveitando a tendência dos remakes, a Electronic Arts (EA) decidiu ressuscitar Isaac Clarke para a nova geração com Dead Space Remake. Nessa releitura, a trama central da nave USG Ishimura e a luta contra os Necromorfos permanecem, mas com algumas alterações pontuais que enriquecem a narrativa. Agora, Isaac deixou de ser mudo e interage ativamente com outros personagens e com o ambiente ao seu redor, dando maior profundidade à sua jornada no espaço infernal.
A franquia Dead Space é reconhecida como uma das melhores séries de survival horror do mundo dos jogos, desenvolvida pela EA Redwood Shores (posteriormente renomeada Visceral Games) e publicada pela Electronic Arts. O primeiro jogo foi lançado em 2008, apresentou aos jogadores uma trama envolvente com uma gameplay familiar, fortemente influenciada por Resident Evil 4. O primeiro jogo foi um grande sucesso, e isso garantiu que fossem lançadas, além de animações e um spin-off, duas sequências: Dead Space 2 em 2011 e Dead Space 3 em 2013. Embora ambas as sequências tenham recebido elogios por suas mecânicas de jogo e ambientação, houve algumas críticas em relação à mudança para uma abordagem mais de ação em Dead Space 3, uma tendência que já estava se tornando rotina em jogos de horror.
Em 2023, a franquia foi revitalizada com o lançamento do Dead Space Remake, uma reimaginação do jogo original de 2008. O remake trouxe melhorias significativas nos gráficos, apresentação, mecânicas de jogo e narrativa, mantendo a essência do jogo original e proporcionando uma experiência de terror ainda mais intensa e envolvente por conta das tecnologias atuais. Em nossa análise, iremos explorar esses pontos mencionados acima e as mudanças e melhorias que foram aplicadas nesse remake.
História Visceral
Dead Space Remake traz uma narrativa envolvente e um enredo intrigante que cativa desde o início. Ao resgatar a história clássica do jogo original de 2008, o remake mantém a essência da trama, ao mesmo tempo em que faz alterações pontuais com o propósito de melhorá-la e expandi-la.
O jogo coloca os jogadores na pele do engenheiro Isaac Clarke, que embarca em uma missão de rotina a bordo da gigantesca nave de mineração USG Ishimura. Porém, o que deveria ser uma simples visita se transforma em um verdadeiro pesadelo quando Isaac se depara com um massacre e descobre que sua namorada, Nicole, desapareceu. A partir desse momento, a aventura se transforma em uma luta desesperada pela sobrevivência em meio a criaturas aterrorizantes chamadas de Necromorfos e um ambiente tão hostil quanto.
Uma das mudanças mais significativas na narrativa é o protagonismo e as interações de Isaac Clarke, que no remake deixa de ser um personagem silencioso e ganha voz, interagindo com outros personagens e reagindo ao que acontece ao seu redor. A interação de Isaac com seus colegas e o ambiente é diferente do jogo original de 2008, onde ele basicamente só recebia ordens; nesse remake, o personagem é mais ativo, dando sugestões e fazendo comentários sobre a situação durante o gameplay. Essa mudança contribui muito para uma melhor caracterização de Isaac e torna as interações com outros personagens mais dinâmicas e realistas, o que torna a experiência mais imersiva e permite que os jogadores se conectem de forma mais profunda com ele e a história do jogo.
Além disso, o remake adiciona mais detalhes sobre o universo de Dead Space, enriquecendo a lore do jogo. Informações sobre a nave USG Ishimura, histórias secundárias de sobreviventes e observações sobre a evolução dos casos relacionados aos Necromorfos estimulam a exploração do cenário. Esses elementos contribuem para criar uma atmosfera rica e envolvente, que mantém os jogadores intrigados e curiosos para descobrir mais sobre o que está acontecendo na nave.
Fator Replay
Com uma duração estimada de 14 a 16 horas para a campanha principal na primeira jogada, Dead Space Remake oferece um conteúdo sólido e satisfatório. A exploração da nave, a descoberta de segredos da história e a possibilidade de enfrentar diferentes situações devido ao sistema dinâmico de geração de encontros aleatórios aumentam o fator replay e incentivam os jogadores a revisitar a aventura. No entanto, sentimos a falta de mais modos de jogo ou mais missões secundárias, essa adição poderia acrescentar ainda mais ao fator replay do jogo, oferecendo desafios adicionais e prolongando a experiência e vida útil de jogo.
Gráficos e otimização
Dead Space Remake apresenta um salto gráfico impressionante em comparação ao jogo original de 2008. Utilizando a poderosa engine Frostbite da EA, a mesma utilizada na franquia Battlefield, a qualidade dos gráficos é indiscutivelmente boa e está no patamar dos melhores gráficos da nova geração, proporcionando ambientes detalhados, sombrios e realistas que intensificam a atmosfera de terror espacial. Os cenários da gigantesca nave USG Ishimura ganham vida, com paredes rangendo, peças caindo e uma sensação constante de tensão e perigo iminente. O uso do Ray Tracing nos consoles de última geração aprimora ainda mais os efeitos de iluminação, criando sombras e reflexos realistas que elevam a experiência visual.
As animações no remake também merecem destaque graças aos avanços tecnológicos desde 2008, com movimentos suaves e expressivos dos personagens, incluindo o protagonista Isaac Clarke. Esses detalhes adicionam camadas de profundidade emocional ao personagem, proporcionando mais realismo e imergindo ainda mais os jogadores na história.
Além disso, os gráficos do jogo são sangrentos e incrivelmente detalhados, com um sistema de peeling que expõe camadas de pele, músculos, ossos e órgãos dos Necromorfos. Destroçar essas criaturas resulta em verdadeiros banhos de sangue, e a violência gráfica está presente de forma visceral, embora não se torne excessivamente exagerada ou gratuita, funcionando melhor do que em títulos que se basearam na obra, como The Callisto Protocol.
LEIA TAMBÉM
A trilha sonora contribui significativamente para a atmosfera aterrorizante do jogo. Sons misteriosos, gritos e outros efeitos sonoros envolvem os jogadores em um ambiente sombrio e opressor. A combinação de áudio 3D, o uso dos gatilhos hápticos do PS5 e as tecnologias de última geração acentuam ainda mais a experiência do jogo. A música é usada estrategicamente para aumentar a tensão e o suspense em momentos-chave do jogo, criando uma atmosfera assustadora que mantém os jogadores alertas e apreensivos, e convenhamos que Dead Space tem um dos melhores sound designers dos games.
Este Redator, como amante de dublagem e estudioso do assunto, não poderia deixar de comentar sobre a dublagem do protagonista Isaac Clarke, interpretado por Gunner Wright desde o segundo game; este é outro aspecto notável da apresentação do jogo e que diferencia o remake do jogo original de 2008. A atuação do dublador adiciona autenticidade ao personagem e, diferente do jogo original, ajuda a transmitir suas emoções e reações diante das situações de terror que enfrenta na nave infestada de Necromorfos, gerando uma melhor conexão com o Isaac no remake. Infelizmente o jogo não possui dublagem em Português – BR.
Mecânicas e gameplay
Dead Space Remake apresenta mecânicas de gameplay sólidas e melhoradas que aprimoram ainda mais a experiência do jogo original. Com controles precisos e uma jogabilidade fluida, o remake oferece aos jogadores uma experiência atualizada para nova geração, envolvente e desafiadora ao mesmo tempo que se mantém familiar.
Uma das principais mudanças no gameplay é a liberdade de exploração dentro da nave USG Ishimura. Ao contrário do jogo original, que seguia uma linearidade mais rígida, o remake permite que os jogadores explorem a nave de forma mais aberta e livre, encontrando segredos, cartões de acesso para novos locais e suprimentos que farão diferença na jornada. Essa adição torna a experiência mais imersiva e incentiva os jogadores a explorarem cada canto da Ishimura em busca de pistas da história e recursos.
Uma das melhores adições ao Remake é o sistema dinâmico de geração de encontros, que recebeu um trabalho excepcional da equipe de game design. Os inimigos, efeitos de áudio e iluminação são gerados aleatoriamente, criando situações únicas a cada sessão de jogo e assegurando que nenhuma partida seja igual à outra. Essa abordagem eleva a tensão e o suspense durante o gameplay. Ao revisitar uma área já limpa, eventos aleatórios ocorrem, como mudanças na iluminação, inimigos rastejando pelas ventilações, entre outras surpresas. Essas variações proporcionam uma imersão intensa e mantêm os jogadores sempre alertas e preparados, além de favorecer bastante o fator replay.
A jogabilidade em gravidade zero é outro elemento que merece destaque. Os jogadores podem se movimentar livremente como se fôssemos uma espécie de “Homem de Ferro”, o que adiciona dinamismo e novas possibilidades durante os trechos em que a gravidade é desativada. Essa mecânica se torna especialmente relevante em batalhas contra chefes, onde a movimentação fluida é essencial para a sobrevivência, além de claro ser muito divertida.
O sistema de aprimoramentos nas armas e no traje de Isaac também retorna com melhorias. Os layouts foram alterados e agora possuem habilidades especiais novas, tornando as opções de personalização mais interessantes e permitindo com que os jogadores tracem estratégicas. Essa mecânica permite que os jogadores adaptem o estilo de combate de Isaac de acordo com suas preferências e o tipo de inimigo que enfrentam. As mecânicas de Estase e Telecinese também retornam e são fundamentais para a resolução de puzzles e momentos de combate estratégico. O uso estratégico dessas habilidades pode ser a chave para enfrentar os desafios mais difíceis do jogo.
Em termos técnicos, o desempenho do jogo é sólido, com gráficos belíssimos e efeitos de iluminação impressionantes, aliados a uma trilha sonora que contribui para a imersão sombria. O jogo oferece diferentes modos gráficos, incluindo 4K com 30 FPS e Ray-tracing e desempenho com 2K e 60 FPS, permitindo que os jogadores escolham a melhor configuração de acordo com suas preferências e plataforma de jogo.
O desempenho geral de Dead Space Remake é bem consistente, com gráficos bem otimizados e uma taxa de quadros por segundo adequada para a maioria das plataformas. A estabilidade do jogo é satisfatória, e os tempos de carregamento são razoáveis e estão no padrão da nova geração de consoles, garantindo uma experiência fluida e imersiva. No lançamento do jogo havia muitas reclamações com relação a bugs gráficos que estavam presentes na versão inicial do jogo, porém, após uma atualização, esses bugs foram corrigidos. Nossa equipe testou o jogo na Versão de PlayStation 5 com o modo desempenho desativado e não foram notados problemas gráficos, pelo contrário, os visuais estão perfeitos, e a experiência de jogo foi livre de problemas técnicos que prejudicassem a jogabilidade. Porém, sentimos falta de mais opções de configurações gráficas no menu do console.
Principais pontos positivos:
Gráficos impressionantes e atmosfera imersiva
Mecânicas de jogo bem implementadas e dinâmica de encontros aleatórios
Narrativa intrigante e interações do protagonista
Tempo de jogo satisfatório e fator replay
Pontos negativos:
Falta de dublagem em Português do Brasil
Falta de mais modos de jogo ou mais missões secundárias
Falta de opções de configuração gráficas no Menu do console
No geral, Dead Space Remake é uma experiência de terror intensa e envolvente que honra o legado do jogo original enquanto oferece melhorias significativas na jogabilidade e apresentação. Se você é fã do original ou busca uma aventura aterrorizante, este é um jogo imperdível que promete deixar uma marca duradoura na nova geração de jogadores de Survival Horror. Com seus gráficos impressionantes, narrativa intrigante, mecânicas bem implementadas e uma sensação constante de tensão, Dead Space Remake aquece o coração e se destaca como um dos melhores survival horrors da história do mundo dos jogos! Se fôssemos dar nota ao jogo, seria: 9,5/10!
Dead Space Remake está disponível para Xbox Series X | S, PC e PlayStation 5.
Brasilense, produtor musical, estudante de jogos digitais. Apaixonado por música, séries, cinema, principalmente por games e hambúrguers.
