Hoje em dia temos muitos filmes de terror sobre possessão ou casas assombradas. O maior exemplo atual é a saga criada a partir de Invocação do Mal (2013), mas se hoje temos todos esse filmes é porque em 1973 estreava nos cinemas O EXORCISTA.
A atriz Chris McNeil precisa cuidar da filha Reagan, que adoece de repente, mas após os médicos não conseguirem identificar a doença e não saberem o que fazer, é descoberto que, na verdade, Reagan está possuída.
O Exorcista, dirigido por Willian Friedkin e roteirizado por William Peter Blatty, é sem dúvida alguma o maior clássico do horror de todos os tempos, mas a questão é: cinquenta anos depois, o filme continua sendo tão bom? Envelheceu como vinho ou acabou apodrecendo com o tempo?
A primeira questão que precisa ser lembrada é que os filmes não eram feitos como são feitos hoje. Filmes de terror lançados atualmente são repletos de sustos e imagens assustadoras. O Exorcista acaba indo por outro lado: o intuito de Friedkin é chocar pela imagem de Reagan, uma menina de 12 anos possuída, o que deu extremamente certo por dois motivos: o filme é baseado em um livro, de mesmo nome, baseado em fatos reais; e em 1973 não existiam outros filmes sobre possessão, ou nenhum que tenha sido tão notório pelo menos. As pessoas não estavam acostumadas a ver esse tipo de coisa, então assustá-las não foi nada difícil.
Hoje em dia, obviamente, o longa não vai assustar tanto, mas isso não tira qualidade nenhuma do filme, que ainda tem imagens que chocam o espectador, e a direção de Friedkin continua inventiva e perturbadora, seja em planos fechados na cara de personagens, seja pelas faces do demônio Pazuzu que ele espalha escondido entre cenas e, principalmente, pela antecipação que ele cria magistralmente.
Então por que o longa funciona tanto? Simples: porque o filme se preocupa em criar e desenvolver uma história e personagens antes de os eventos assustadores acontecerem. Na primeira metade do filme nós temos duas linhas narrativas, uma apresentando Chris e Reagan e mostrando o começo do problema, onde nós vemos a insistência médica sobre o caso de Reagan (alegando que ela pode ter problemas mentais como esquizofrenia) e Chris surtando ao perceber aos poucos que o caso da filha é algo mais; e a outra linha contando a história de Padre Karras, onde vemos como ele perdeu sua fé e posteriormente lida com o falecimento da mãe, algo que Pazuzu vai usar contra ele eficientemente.
Toda essa construção e desenvolvimento leva ao terceiro ato onde, durante o exorcismo, o espectador fica aflito e assustado pois conhece os personagens e fica de fato interessado em ver a resolução dos eventos. Não é apenas para te assustar, para dar sustos baratos, é para te envolver com os personagens e você de fato torcer para salvarem Reagan de tal mal.
O Exorcista foi o inicio de um subgênero de filmes de horror que perpetua até hoje. Assistindo hoje você vai, com certeza, perceber vários detalhes que com os anos se tornaram clichês (tabuleiro ouija, sons estranhos pela casa, cômodos mais frios), detalhes esses que nasceram aqui e continuaram sendo usados pelos próximos cinquenta anos. O Exorcista é um filme de terror envolvente e assustador. Cinquenta anos após seu lançamento, ainda se mantem como um clássico e vale muito a pena assistir. Os efeitos, todos práticos, ainda funcionam muito bem em tela, roteiro maravilhoso sem pontas soltas e uma direção genial e única de William Friedkin.
Curiosidades assustadoras:
William Friedkin chegou a disparar com uma arma para o alto dentro do set para assustar os atores para uma cena.
Ellen Burstyn (Chris McNeil) machucou as costas de verdade em uma cena (onde é jogada em um armário). O diretor preferiu filmar sua reação de dor para a cena do que ajudar de imediato.
Em uma cena de um dos procedimentos médicos de Reagan, vemos um enfermeiro, e posteriormente foi descoberto que o ator que fez esse enfermeiro no filme era um serial killer.
Nascido em 1996 em Bauru (SP). Redator e Editor de Vídeos do EvilHazard. Escritor publicado. Diretor e roteirista de cinema.