Há 23 anos, no dia 22 de março de 1996, era lançado no Japão Biohazard, jogo que seria o ponto de partida para uma das franquias mais importantes dos vídeo games. Rebatizado depois como Resident Evil, quando do seu lançamento ocidental, o jogo marcou época com sua temática inovadora, original e assustadora.
Então hoje vamos celebrar a franquia Resident Evil relembrando alguns dos seus principais jogos e tentando desvendar qual é o segredo de sucesso desta que pode ser considerada a maior franquia da Capcom! Vamos lá!
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O ponto de partida é o PlayStation, que recebeu Resident Evil em 1996 e imediatamente surpreendeu a todos. Inspirando-se no antigo (e desconhecido para o ocidente) Sweet Home, lançado para Famicom, e em Alone in the Dark, sucesso de terror para computadores, Resident Evil apresentava uma mecânica que invertia a lógica comum da maioria dos jogos. Isso porque normalmente em jogos de ação, o jogador costumava acumular muitas armas e sair detonando vilões, enquanto que em RE, ele se via em situação de sobrevivência, com munição escassa e por vezes encurralado por zumbis.
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Os gráficos eram surpreendentes para época, graças ao uso de texturas pré-renderizadas, o que dava ao cenários um detalhismo impossível para aquela geração. A câmera fixa foi outra ideia genial e incomum, sempre posicionada de forma a deixar o jogador tenso e preocupado com o que virá a seguir. Claro que Resident Evil envelheceu e hoje é impossível não notar os personagens “blocudos”, o controle tanque e principalmente o péssimos diálogos, com destaque para o clássico exibido no vídeo abaixo:
Assim o original de PS1 virou hoje uma relíquia do passado, sobretudo por conta do fantástico remake que a Capcom lançou em 2002 para GameCube. Mais do que atualizar o original com gráficos de ponta e um clima de terror excepcional, a versão GameCube corrigiu os problemas do original adicionando uma série de recursos como items de defesa, modos extras de controle, zumbis que retornam à vida ainda mais agressivos e um script que fez jus a trama do jogo. É a versão definitiva de um dos grandes clássicos da história dos video games, seja no GameCube ou a versão HD relançada anos depois para várias plataformas.
A sequência definitiva e um dos maiores sucessos da franquia até hoje, Resident Evil 2 foi maior e melhor que o antecessor em todos os aspectos. As campanhas de Leon e Claire traçam caminhos ainda mais distintos que as de Chris e Jill, sem contar os cenários extras. Novos personagens que se tornariam presentes na franquia foram apresentados como Ada e Hunk, além do temível vilão Mr.X. Com ainda mais variedade de monstros, situações e cenários a enfrentar, Resident Evil 2 marcou época e não por acaso recebeu uma chuva de conversões para várias plataformas; e não poderíamos deixar de mencionar o excepcional novo Resident Evil 2, lançado pela Capcom agora em 2019, que redefiniu o que já era incrível.
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Assim como no remake de Resident Evil, a Capcom não se limitou a atualizar gráficos no novo Resident Evil 2, modernizando também mecânicas e adicionando conteúdos. Os zumbis estão mais resistentes do que nunca e ainda podem voltar a vida, Mr.X é o terror que anda, e a delegacia de polícia foi modificada em diversos pontos. Em resumo, o novo Resident Evil 2 não apenas fez justiça ao clássico original, como já pode ser considerado como um dos grandes jogos de 2019.
Em 1999 a Capcom mantém a boa fase com Resident Evil 3: Nemesis. Originalmente concebido como um derivado da série principal, Nemesis foca um pouco menos no terror e mais na ação, se bem que o aspecto “survival” nunca esteve tão em evidência como nesse jogo, com o infame vilão Nemesis sempre perseguindo o jogador, a ponto de em algumas situações termos alguns segundos para decidir por que caminho seguir ou se vamos fugir ou enfrentar o monstrão. Outro detalhe interessante é que como Resident 3 ocorre cronologicamente em paralelo a RE2, o jogador pode aqui vivenciar o inferno de uma Raccoon City degradada pela invasão zumbi.
Resident Evil 3 foi a despedida da franquia em grande estilo no PlayStation, console onde tudo começou, e a franquia ainda brilhou intensamente com Resident Evil CODE: Veronica, primeiro no Dreamcast e depois em outras plataformas, jogo este que nos trouxe o encontro dos irmãos Redfield nos papéis de protagonistas.
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Resident Evil 4 foi a resposta brilhante da Capcom para uma pergunta que muitos já se fizeram: permanecer na fórmula consagrada ou correr o risco e mudar radicalmente? Felizmente Resident Evil 4 trilhou o caminho da ousadia e mudou a franquia para sempre. Tudo mudou: uma vila espanhola no lugar de uma cidade do interior dos Estados Unidos, moradores contaminados pelo vírus Las Plagas no lugar dos tradicionais zumbis e novos personagens que compõem uma trama pós-Umbrella. Foi também o fim do controle-tanque, com movimentação e ações livres em cenários tridimensionais, além de muito mais ação que os jogos anteriores.
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Gráficos excepcionais, jogabilidade precisa e inovadora e uma campanha épica tornam Resident Evil 4 um marco, não apenas para a franquia, como para o universo dos games também. Mesmo tendo enferrujado em alguns aspectos – como a imobilidade de Leon ao atirar ou o enredo simplório – continua firme e forte, envelhecendo como um bom vinho. Independente da versão, Resident Evil 4 é obrigatório a qualquer fã da franquia que se preze, e talvez seu único “ponto fraco” tenha sido abrir espaço para a ação desenfreada nos títulos posteriores (RE5 e RE6).
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Por fim, vale destacar que a Capcom novamente não teve medo de ousar com Resident Evil 7, último jogo da série principal numerada. Com o novo protagonista Ethan, câmera em primeira pessoa, novos vilões personificados pela sinistra família Baker e mesmo suporte para VR, RE7 se baseou em novos ingredientes para entregar uma experiência inovadora e ao mesmo tempo familiar o suficiente para fazer parte do já vasto universo Resident Evil, resgatando o terror e o suspense perdidos nos jogos “modernos” da franquia e recuperando o prestígio da mesma entre grande parte dos fãs.
Claro que a franquia Resident Evil sendo tão diversa, com suas ramificações, jogos derivados e mesmo os filmes, seriam necessários vários textos para cobrir tudo o que a franquia representa no mundo dos jogos, mas importante e essencial é reconhecer o mérito da Capcom em manter uma franquia em evidência mesmo 23 anos após o lançamento do jogo que originou tudo, e talvez seja este o segredo de sucesso da série! Mesmo depois de jogos tão distintos, de altos e baixos, de experimentações, o fato é Resident Evil continua aterrorizando e servindo de referência para os video games, com mais força do que nunca! Vida longa a Resident Evil!
Paulista de Taubaté, Designer Gráfico, Designer de Games, quality assurance tester, tradutor de Inglês e Francês e dono do blog e canal Loading Time.