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EvilFiles – Resident Evil 7: biohazard (Análise)

“Go… tell aunt Rhody… Go, teell aunt Rhoody…”

Estamos em Louísiana, Estados Unidos. O jovem Ethan pega a estrada na procura de uma resposta para uma intrigante pergunta: como sua esposa, dada como morta há três anos, pode ter enviado um e-mail pedindo para que fosse resgatá-la? Sem pensar duas vezes, mas repleto de dúvidas, ele vai ao endereço que recebeu para salvar sua amada. Parece uma história tirada de um jogo da franquia Resident Evil? Não.. talvez esse não seja o início que os fãs de Resident Evil esperavam para o sétimo jogo canônico da série, mas estamos diante sim do começo da jornada da Capcom para tentar voltar às raízes de uma das maiores franquias de terror do universo dos jogos!

Plataforma inaugural e ano de lançamento: PlayStation 4, PC, Xbox One, 2017
Desenvolvedora e Publicadora: CAPCOM
Gênero: Survival horror
Diretor: Koshi Nakanishi
Número de jogadores: 1

Talvez o maior mérito da Capcom com Resident Evil 7: Biohazard é que ele consegue recuperar o clima de terror perdido em Residents anteriores ao mesmo tempo que não se prende ao passado, tentando uma abordagem totalmente diferente do que já foi visto na franquia até agora. Em Resident Evil 7 não temos grandes corporações do mal, heróis treinados, vilões atrás da dominação mundial e, incrivelmente, nada de zumbis. A grande aposta de Resident Evil 7 é o terror mais íntimo e psicológico, algo muito bem demonstrado nas primeiras horas de jogo. O protagonista, Ethan, é um cara normal que acaba de encontrar a esposa que supostamente estava morta. Encontrá-la viva e bem é desnorteante, mas não tanto quanto o que acontece na sequência.. afinal, o que está acontecendo com Mia? No momento seguinte, você está sentado à mesa com uma família bastante peculiar e bizarra – os Baker. O filho Lucas arremessa pedaços de comida podre em seu rosto. Marguerite, a mãe, parece animada em poder servir a gororoba estragada para Ethan.. seriam restos humanos servidos à mesa? Jack, o pai, senta-se quieto à sua frente, e uma velha catatônica fica à sua esquerda, imóvel, como se estivesse em uma realidade alternativa.

Bastam alguns instantes para a cena deixar de ser desconfortável para ser aterrorizante. Jack corta o braço de Lucas e empurra um pedaço de carne estranha na boca de Ethan, que engasga e cospe imediatamente. Marguerite berra descontrolada pela afronta do convidado. Jack ameaça Ethan com uma faca. E a velha continua imóvel, como se nada tivesse acontecido. No instante seguinte, a família abandona a sala, deixando Ethan junto da senhora com olhos brancos.. o jogo constrói seu clima assim, com momentos frenéticos intercalados por calmarias que serão interrompidas pela próxima explosão de violência imprevisível. É ai que a escolha controversa da produtora de trocar a visão de terceira para primeira pessoa se mostrar acertada. Abrir cada porta e virar em novos corredores são experiências tensas, pois não dá para prever o que há a seguir com sua visão limitada. Basta ficar de cara com Jack e sua pá, algo que, com os cenários estreitos e claustrofóbicos, é uma situação extremamente aterrorizante.

Resident Evil 7 bebeu de diversas fontes para se tornar o que é. Há uma pitada de Outlast com a perseguição dos inimigos e furtividade, um pouco de P.T. (Silent Hills) com o gráfico fotorrealista e até um pedacinho do filme O Massacre da Serra Elétrica, com os cenários sujos e a família bizarra. Todos esses elementos se unem para formar um jogo que reutiliza algumas idéias que já existem, mas faz isso de uma forma que consegue surpreender. Já o combate mistura influências dos jogos mais antigos e recentes da série. Os tiroteios são lentos como no Resident Evil original, mas exigem a precisão necessária de Resident Evil 4. Atirar, aliás, muitas vezes se mostra um desafio e tanto, já que os inimigos se movimentam de forma ágil e ainda levando em consideração que, propositalmente, Ethan não é tão habilidoso assim com armas brancas ou de fogo. Os inimigos mais comuns no jogo são os Mofados, humanos totalmente desfigurados, cobertos por gosma preta e com dentes e unhas enormes. Os primeiros, mais lentos, são uma ameaça graças aos ambientes fechados e escuros. Acertar os tiros exige calma para mirar, mas é um pouco difícil de fazer isso quando um monstro de dois metros de altura manca em sua direção. Quanto mais próximo ele estiver, mais tenso você fica e acaba errando os tiros. Cada bala desperdiçada pode significar que você não terá munição suficiente para enfrentar o próximo Mofado.

Esse é um dos tipos de problema que quem jogou os três primeiros Resident Evil conhece bem. O outro é ter espaço no inventário para coletar munição, itens de cura e as chaves necessárias para avançar. Resident Evil 7 traz essa tradição de oferecer pouco espaço para carregar itens, combinada a um novo sistema de troca de armas por meio do direcional de controle, que permite alternar rapidamente entre quatro armas equipadas. Junto com a volta do inventário limitado, as velhas salas seguras também retornaram, cada uma com sua caixa para guardar e organizar itens. As máquinas de escrever que serviam para salvar seu progresso foram substituídas por toca-fitas, que precisam de fitas, para salvar o jogo só na dificuldade Hospício, da mesma forma que eram necessários Ink Ribbons para salvar o progresso no passado. Há até mesmo gavetas que necessitam de lockpicks para serem abertas – você ganha a conquista Mestre do Arrombamento ao abrir a primeira delas, referência ao icônico diálogo de Barry com Jill no primeiro Resident Evil. Se você for um fã da franquia, encontrará dezenas de referências como essas, das mais óbvias (como um quadro das montanhas Arklay, onde se passa o primeiro jogo) às mais obscuras, como uma reportagem de jornal assinada por Alyssa Ashcroft, uma das protagonistas de Resident Evil Outbreak: File #1.

Além disso, os Baker são inimigos tão formidáveis quanto assustadores. Cada conflito com algum dos integrantes da família reservam boas surpresas. Abrir uma porta e dar de cara com Jack é tão ruim quanto perceber que sua pistola é quase inútil contra ele. Encontrar Marguerite em um corredor escuro e ver sus olhos brilharem enquanto lança insetos em sua direção é no mínimo perturbador (sem falar em sua aparência final, uma mistura de horror com uma espécie de pornografia.. bizarro! Lucas, que havia aparecido pouco nos trailers, acabou se revelando um dos personagens mais interessantes do jogo, tanto, que voltou a aparecer na DLC Not a Hero. Também há alguns monstros gigantes e nojentos para serem derrotados, uma das marcas registradas da série.

Talvez um dos maiores atrativos em Resident Evil 7 seja jogá-lo com o PlayStation VR ou outros óculos de realidade virtual. O título funciona muito bem no óculos de realidade virtual e aumenta a imersão em cenas como o já clássico jantar com os Bakers. Na verdade, o que parece é que Resident Evil 7 só foi concebido do jeito que conhecemos, valorizando a câmera em primeira pessoa, por conta de sua interação com esta nova tecnologia, porém, há também vários momentos ao jogar com o VR que prejudicam bastante a imersão no jogo. O primeiro deles acontece logo no começo: o vídeo do começo é em 2D, permitindo que você apenas assista o que está acontecendo em uma tela grande. Depois, ocorre algo pior: você está dentro do carro de Ethan e, quando olha para fora, o cenário exibe um gráfico horrível. Isso acontece apenas por alguns segundos, mas é uma terrível primeira impressão. No jogo, os gráficos não são perfeitos, mas não incomodam tanto. Vez ou outra há pedaços do cenário extremamente distorcidos, em lugares que você supostamente não deveria olhar.

Os controles no modo VR também não são perfeitos. Virar a cabeça enquanto anda faz o personagem ir nessa direção, mas não o suficiente para que não seja necessário usar o analógico direito para ajustar a câmera. Isso acaba criando outro problema: você não pode olhar para trás enquanto foge dos inimigos, pois o personagem desvia na direção que sua cabeça está virada e se enrosca no cenário. Algo que também prejudica a imersão são os cortes entre o jogo e a interação com itens e alguns personagens. Por exemplo, ao puxar a corrente da lareira no começo do jogo, há um pequeno corte preto entre o momento que você aperta o botão e a ação do personagem, como se você tivesse entrado em uma cutscene. Além disso, no modo VR, os braços de Ethan só existem apenas do antebraço para baixo. Mesmo assim, parece que cada susto dentro do VR tem força redobrada. Escutar Jack perseguindo-o por um corredor e ver sua mão aparecer em seu rosto é aterrorizante, assim como a primeira aparição de Mia na casa de hóspedes. Por incrível que pareça, mirar e atirar também passa uma sensação de naturalidade, mesmo que force a olhar bem de perto na cara dos Mofados ao disparar com as escopetas.

Podemos concluir, então, que Resident Evil 7 superou todas as expectativas ao entregar um sólido jogo de survival horror diferente da ação desenfreada em Resident Evil 5 e Resident Evil 6. Por mais que o título tenha dividido a base de fãs da franquia, onde alguns amaram a nova experiência e outros simplesmente detestaram, o jogo conseguiu trazer novamente a série de horror da Capcom a um patamar de relevância dentro do universo do terror, algo que havia se perdido após o bem sucedido Resident Evil 4. Cada inimigo representa uma grande ameaça ao jogador, que deve lutar para prevalecer mesmo com poucas chances de sobrevivência. O título assusta tanto por sua brutalidade quanto pelo horror psicológico que emprega, mesmo que isso perca um pouco de força após as primeiras quatro ou cinco horas de jogo. Por falar em sustos, Resident Evil 7 no PlayStation VR ou outros óculos de realidade virtual é definitivamente uma das melhores experiências, que vale a pena ser testada!

A satisfação de explorar cada cantinho dos cenários e de descobrir a verdade por trás dos acontecimentos de RE7 é uma experiência que evoca a nostalgia dos jogos antigos sem deixar de acrescentar uma nova camada para história e renovar uma franquia que parecia fadada aos tiroteios intermináveis e socos em rochas grandes. Resident Evil 7 é sim um bom Resident Evil, e torcemos para os próximos serem melhores ainda.

 

Adaptado da Official PlayStation Magazine.

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