Com dezenas de jogos lançados para uma boa gama de plataformas, Resident Evil sem dúvida é não só uma das franquias mais populares da Capcom, mas dos video games em geral, conhecida por todo tipo de público. Também são conhecidas muitas histórias sobre os jogos da franquia, como sua inspiração em Alone in the Dark, como Resident Evil 2 e 4 mudaram em relação a suas versões iniciais, os filmes, enfim.
A história que será contada aqui fala não sobre um dos inúmeros jogos já lançados e sim sobre um que foi cancelado… por incrível que pareça, para o Game Boy Color! Parece estranho?
1998 foi um ano e tanto para os video games. Afinal, não apenas clássicos como Ocarina of Time, Metal Gear Solid e Star Craft foram lançados, como logo em janeiro a Capcom lançou Resident Evil 2, até hoje um dos jogos mais queridos e populares da franquia, se não o mais.
Em novembro 1998 também foi lançado o Game Boy Color, versão melhorada do Game Boy, que por sua vez já havia sido, digamos, turbinado pela franquia Pokémon. Ou seja, de um lado temos a franquia Resident Evil em plena ascensão, com RE 2 vendendo milhões de unidades – e de outro, um portátil recém atualizado e que surfava na onda Pokémon. Claro que a Capcom ligou os pontos e converter de alguma forma Resident Evil para o GBC.
Em algum momento entre 98 e 99 a Capcom contratou o estúdio britânico HotGen Studios, e até onde se sabe, as primeiras informações sobre essa conversão surgiram por volta de julho de 1999 em uma prévia do site IGN, por sinal de onde vem a foto que a revista Super Game Power usou em sua matéria da edição de agosto de 99. Então, o jogo simplesmente sumiu, e foi posteriormente cancelado sem qualquer anúncio. Até que em 2012, graças a uma vaquinha do fórum Assembler, duas versões de teste surgiram na internet, e mostraremos uma delas aqui.
Primeiro detalhe é que, por se tratar de uma versão incompleta, o jogo já inicia com a tela-título, sem splash screen nem nada. Mas alguém se deu ao trabalho de sintetizar uma uma narração dizendo “Resident Evil”, que ficou meio engraçada. Assim como na versão original, a versão GBC também permite escolher entre Chris e Jill, cada um com sua campanha. A introdução é bem resumida, já começa dentro da mansão, mas até que segue direitinho o roteiro do original.
Escolhendo a campanha de Jill, vemos que a cena do primeiro encontro com o zumbi foi retratada o mais fiel possível:
Ah sim, os zumbis não têm animação de morte nessa versão, por isso ficam assim ajoelhados como se estivessem rezando:
Por outro lado, essa versão conta com o menu de status, é possível equipar uma pistola e a mecânica de tiro contra os zumbis também foi implementada. Aliás, eles são os únicos inimigos presentes no GBC.
Os gráficos são bem detalhados dentro do padrão Game Boy, Jill e Chris têm boas animações, e a movimentação deles funciona de modo razoável, no mesmo estilo “tanque” do jogo original, com o direcional para cima e para baixo movimentando o avatar, e os direcionais direita e esquerda ajustando a direção, sendo possível correr, inclusive.
Boa parte das salas presentes na versão original reaparecem aqui bem identificáveis, mas essa versão possui interatividade limitada, pois até dá para recolher items, mas não há nenhum quebra-cabeça implementado. Segundo o site unseen64, é possível acessar o heliporto alterando sua posição no emulador, mas não há chefe final nem sequência de encerramento.
Ainda assim, é possível perder e o jogo exibe a telinha de Game Over, por sinal bem menos visceral que nas versões console.
Abaixo, confira a gameplay na íntegra desta versão de Resident Evil 1 para o Game Boy Color, trazida pelo canal do Youtube VICIOGAME Retro Game:
https://youtu.be/7L64kS91ka0
Sinceramente, é uma pena que essa conversão tenha sido cancelada, pois havia um potencial ali. Uma versão portátil de Resident Evil teria causado um impacto e tanto em 1999, e de repente poderia ter se tornado um clássico tal qual Metal Gear Solid foi um ano depois. Pois é, quem sabe?
Muito obrigado e até a próxima!
Paulista de Taubaté, Designer Gráfico, Designer de Games, quality assurance tester, tradutor de Inglês e Francês e dono do blog e canal Loading Time.