A série The Last Of Us da HBO Max segue no seu ritmo irrefreável e, assim como tal, não para de impressionar o público com sua fidelidade ao jogo, a originalidade de seu roteiro e a tremenda carga emocional que cada minuto de seus oito episódios possuem. O oitavo episódio lançado no domingo dia 5 de março na plataforma de streaming contém 50 minutos de duração e retrata Ellie (Bella Ramsey) enfrentando o maior desafio de sua jornada até então, onde a garota encontra David (Scott Shepherd) e o seu grupo.
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A história continua de forma progressiva e linear. Seguimos no oitavo episódio logo após o seu anterior, “O que deixamos para trás”. Nele, Ellie se encontra em uma responsabilidade gigantesca pois é a única que consegue cuidar de Joel (Pedro Pascal), que continua gravemente ferido depois do confronto com um grupo de pessoas na faculdade dos vaga-lumes no 6° episódio, grupo este que, neste 8° episódio, é revelado como o grupo de David. O capítulo de Lakeside, como o trecho é conhecido no jogo, é um dos mais importantes de toda a história, e na série não é nada diferente. Começaremos pelo básico: David é um dos seletos sobreviventes do Cordyceps e gerencia uma cidade que, na falta de alimento para o seu povo, passa a adotar o canibalismo como prática. Tanto no jogo quanto na série, David tem um parceiro chamado James. Na adaptação, James é interpretado por ninguém mais, ninguém menos que Troy Baker. Para os leigos no assunto, Troy Baker é o responsável pela captura de movimento de Joel nos dois jogos. Esta inclusão de atores da obra original na adaptação para o streaming é um ponto positivo para os produtores, pois demonstra a atenção e a afeição pela obra original.
Lakeside é conhecido no jogo por ser um capítulo com muitos combates, sejam eles abordados de maneira furtiva ou não. A série cumpre perfeitamente o seu papel ao resumir os encontros sanguinários para que o episódio não se torne algo cansativo de se assistir. Neil Druckmann e Craig Mazin tornam tudo mais dinâmico, reservando a maior parte do foco na trama em si e apresentando o mínimo do combate. Assim como tem feito em seus episódios anteriores, a adaptação enriquece a história com detalhes do passado de David na época pré-Cordyceps, e em um passado próximo, durante o surto do fungo. Os produtores tomaram a liberdade de apresentar um pouco mais sobre os costumes religiosos do grupo de David. Logo no começo do episódio, o vemos lendo uma passagem do livro de Apocalipse, na Bíblia Sagrada, mas no decorrer da trama, acompanhamos o líder do grupo mostrando um comportamento totalmente diferente do que está nas escrituras. No fim das contas, David usa o cargo de pastor – algo que foi introduzido na série – como um “disfarce” para o seu povo.
Outro ponto de suma importância é a relação de Joel e Ellie, que, no episódio atual, já se encontra no ápice. Assim como no jogo, Joel reúne forças mesmo estando ferido para ir atrás de Ellie, que é capturada por David; e é neste ponto onde vemos que Joel é capaz de fazer tudo por ela. Pedro Pascal nos dá um show de interpretação ao nos mostrar o lado sádico e bárbaro, de Joel ao enfrentar seus inimigos e durante os seus famigerados interrogatórios. Vale ressaltar também que a relação de Joel e Ellie em ambas as obras parte de um ponto zero e se desenvolve em um ritmo natural, chegando ao ápice no final dos acontecimentos de Lakeside, onde podemos ter a certeza que Ellie é uma “filha adotiva” para Joel.
Agora, quando olhamos para Bella Ramsey, a atriz que sofreu incontáveis ataques antes, durante e depois das gravações da série, testemunhamos uma Ellie completa. Ramsey se entregou completamente à personagem e deu uma aula riquíssima de interpretação, provando que não é necessário um molde para se inspirar, afinal, Ashley Johnson, a Ellie dos jogos, não teve ninguém para se espelhar, ela apenas foi a Ellie, e é isto que Bella Ramsey fez neste episódio assim como tem feito nos outros.
The Last Of Us da HBO Max é uma série diferente das demais. É a primeira e única adaptação de um jogo que consegue entregar todo o material de seu conteúdo original de forma dinâmica, fácil de entender, no meio de seu roteiro forte e estruturado. O elenco da série continua com a excelência em trabalho ao interpretar e mostrar aos espectadores o “eu” dos personagens, e seus respectivos dubladores brasileiros os acompanham no mesmo ritmo. Os cenários, em uma parcela esmagadora, nos mostram representações fiéis e algumas das cenas gravadas neles são idênticas as do jogo, deixando um sentimento satisfatório para os veteranos da franquia. Se fosse preciso definir a adaptação em uma única escala, é seguro dizer que uma de 0 a 100 não seria capaz de defini-la.
Abaixo, confira o teaser do Episódio 9, o último da primeira temporada da série:
Do interior de São Paulo. Redator e coordenador chefe de redes sociais do EvilHazard. Possui um grande conhecimento e domínio da franquia Resident Evil.