Olá comrades! Depois de uma série de artigos especiais sobre a saga em Live Action de Resident Evil, em que explicamos a história, referências aos games (algumas bem sutis e difíceis de notar) e diversas curiosidades sobre a produção, temos uma proposta diferente nesse artigo.
Há exatos 16 anos, no dia 15 de março de 2002, era lançado “Resident Evil: O Hóspede Maldito”, que diferente do que os fãs pensavam a princípio, traria uma história própria, sem personagens trazidos dos jogos. Surgia ali a história de Alice, contada diretamente em um dos centros de pesquisa viral da Umbrella. A recepção do longa foi boa o suficiente para garantir uma continuação dois anos depois, e assim surgia uma saga que duraria 15 anos, trazendo de volta o gênero de zumbis, esquecido desde a década de 80, e abrindo espaço também para a popularização das adaptações de games.
Abaixo, faremos um apanhado geral da série, com os faturamentos dos filmes em solo americano e ao redor do mundo, além de um ranking do pior para o melhor filme. Lembrando que a classificação é de opinião individual do autor, e não representa a opinião do EvilHazard como um todo. Preparados?
FATURAMENTO
Uma coisa é certa: ainda que as adaptações em live action sejam de gosto questionável, fazendo muitos fãs torcerem o nariz, é fato que gerou rios de dinheiro para a Sony Pictures. Além de possuir as adaptações de games com maior lucro da história até o momento, Resident Evil também marca a série mais duradoura, com seis adaptações. Em valores faturados nos Estados Unidos (faturamento doméstico) e ao redor do mundo, os lucros dos filmes ficam da seguinte forma:
Valores em milhões de dólares (sem ajuste de inflação)
Posição | Filme | Mercado doméstico | Em outros países | Faturamento Total |
1º | O Capítulo Final (2017) | US$26.830.068 | US$285.412.558 | US$312.242.626 |
2º | RE4 – Recomeço (2010) | US$60.128.566 | US$240.099.518 | US$300.228.084 |
3º | RE5 – Retribuição (2012) | US$42.345.531 | US$197.658.893 | US$240.004.424 |
4º | RE3 – A Extinção (2007) | US$50.648.679 | US$97.763.386 | US$148.412.065 |
5º | RE2 – Apocalipse (2004) | US$51.201.453 | US$78.141.316 | US$129.342.769 |
6º | O Hóspede Maldito (2002) | US$40.119.709 | US$62.865.153 | US$102.984.862 |
TOTAL | US$271.274.006 | US$961.940.824 | US$1.233.214.830 |
Arrecadação total da franquia mundialmente = 1.233 bilhões de dólares!
Como visto acima, os filmes nunca mandaram tão bem diretamente em solo americano, e a maior parte da arrecadação se deu em outros países (especialmente Japão e China, onde a série é muito popular).
Certo, agora saindo do âmbito de arrecadação, vamos a um Ranking do pior ao melhor filme, com uma explicação do porque eles ocupam a posição:
6º LUGAR – RESIDENT EVIL 5: RETRIBUIÇÃO
O quinto filme é o que traz o maior número de personagens dos games (com direito a Leon, Barry, Ada, Jill e Wesker!). Também adapta uma cena famosa de Resident Evil 4: a introdução de Ada Wong. Possui um 3D bom (em especial na cena de abertura; que foi bem criativa, atendendo à expectativa de grandeza gerada no final do filme anterior, e acontecendo em progressão reversa). Mesmo assim, além de ter a trama mais superficial de todas (com retornos de personagens que não acrescentam, e cenas de ação bonitas de se ver, mas sem nenhuma lógica), o filme traz personagens em quantidade, mas não os desenvolve. Com exceção de Ada, não fazem uma adaptação digna nem do visual (com Leon, Barry e Jill ficando até aquém do trabalho de alguns cosplayers profissionais). Pelo menos eles tiveram a coragem de matar um personagem importante, né Capcom?… (sim, eu ainda não me conformei com Chris vivo em RE6 – e nem alguns fãs, depois de verem o que ele virou em RE7…)
5º LUGAR – RESIDENT EVIL: O CAPÍTULO FINAL
O último filme da saga definitivamente não é ruim. Além de trazer uma conclusão digna para Alice, traz também um desfecho para o cenário pós-apocalíptico, além de explicar as origens da personagem e do surto viral como um todo. As cenas de ação são empolgantes, com lutas bem coreografadas e nos vemos torcendo pelo sucesso de Alice (ainda que ele seja óbvio), especialmente na reta final, em que é praticamente impossível não sentir empatia pela personagem. Porém, além de o filme ter alguns “erros” técnicos (como o excessivo corte de câmeras – que torna a ação difícil de acompanhar, e um 3D feito apenas na pós-produção – que dificulta ainda mais pegar os detalhes das cenas), o filme apresenta dois erros de desenvolvimento graves. O primeiro é que a tentativa de introduzir James Marcus na história como o criador do T-Virus, apesar de ser fiel ao jogo, anula a explicação já dada no segundo filme. O segundo é que Albert Wesker (o principal vilão humano dos jogos) tem um final extremamente simples, que frustrou a expectativa de uma grande luta final entre Alice e o personagem.
4º LUGAR – RESIDENT EVIL 3: A EXTINÇÃO
O terceiro filme quase esteve no pódio, por diversos motivos. “A extinção”, além de tomar um rumo próprio na narrativa, dá um tom diferente à trama e mostra o que a história de Resident Evil poderia ter sido se a Umbrella e o T-Virus não tivessem sido erradicados. Há bons elementos de terror no longa (antes da saga descarrilar pelo caminho da ação), além de se aprofundar na ficção científica; também presente no primeiro longa. Porém, esse filme é um dos mais odiados por muitos fãs, por ter sido onde a Alice teve uma ascensão de seus “poderes” (com direito à telecinese e campo de força!) e começou com a história de clones. O tom de pós-apocalipse, com cenários à luz do dia e um clima desértico (com influências de Mad Max), apesar de ter dado identidade própria à saga, trouxe um distanciamento ainda maior do material de origem. Além disso, o longa traz a adaptação de uma das quatro protagonistas dos jogos, Claire, de uma forma bastante descaracterizada (restando apenas a natureza prestativa da personagem).
3º LUGAR – RESIDENT EVIL 2 – APOCALIPSE
Enquanto o primeiro filme adaptou conceitos dos jogos de maneira sutil, o segundo fez questão de ter o máximo de fan-service possível. Apesar de ser o filme que estabeleceu de vez Alice como protagonista (considerando que o primeiro teve uma proposta inicial de servir como um prólogo, conforme explicado em nosso especial), os personagens do game estão lá. Cenas adaptadas diretamente dos primeiros jogos também estão presentes, bem como diversas referências visuais, das mais óbvias a algumas que pouquíssimos fãs perceberam. O filme também traz Raccoon City, dando ainda mais aquela sensação de “estamos assistindo ao jogo”. As adaptações de alguns personagens também merecem elogios, mesmo com as alterações. Nemesis, apesar de ter ganhado um aspecto mais “ciborgue”, foi considerado bom a ponto de influenciar o Spin-off Operation Raccoon City. Jill, apesar de trazer uma atriz não muito parecida, teve uma ótima adaptação do figurino, além do estudo notável dos trejeitos da personagem. Por esses motivos, esse é o longa predileto de muitos fãs da saga em live action.
2º LUGAR – RESIDENT EVIL 4: RECOMEÇO
Por que cargas d’água o autor deu terceiro lugar para Apocalipse e segundo lugar para Recomeço?! Calma, eu explico… Ainda que tenha um roteiro que segue de vez pelo caminho da ação e muda o cenário desértico do filme anterior sem maiores explicações, a parte técnica do longa merece sim elogios. Três anos após a última adaptação lançada, algumas críticas do anterior foram levadas em conta, especialmente na adaptação de personagens e no empoderamento de Alice. Claire retorna com um visual mais próximo ao da personagem, e o destaque do filme vai para Wesker, que apesar de contar com um ator mais jovem, é bem mais parecido com o original que a escolha do filme anterior. O figurino também é muito fiel ao do vilão em RE5, e o ator passa a “falta de expressões” do personagem. Por fim, o uso do 3D não foi apenas um motivo a mais para vender ingresso: o filme realmente funciona muito bem nesse formato, tendo os cenários trabalhados para possuir uma profundidade. E a tecnologia de 3D Real com fusão de câmeras (usadas em Avatar), garante uma das melhores experiências do tipo que eu já acompanhei (uma pena que a experiência em casa nem se compara à do cinema).
1º LUGAR – RESIDENT EVIL: O HÓSPEDE MALDITO
A primeira adaptação merece o primeiro lugar porque, mesmo não trazendo personagens do jogo, é a que melhor traz o clima dos jogos da série na época em que foi lançado (que ainda tinham o terror como foco). Há sutis referências aos jogos, como Lickers, uma inspiração no famoso trem de RE2, uma mansão, uma citação sobre o “Projeto Nemesis” no final… Entretanto, o que mais merece destaque no longa é o clima de tensão passado. Com os zumbis aparecendo apenas na segunda metade, e criaturas com um aspecto visual prejudicado (em função do próprio orçamento; em uma época que adaptações de videogames não estavam em alta), o filme mesmo assim consegue segurar a atenção do expectador. Além disso, esse filme tem a famosa sequência dos lasers, bem recebida a ponto de ser adaptada não apenas nas continuações, mas também nos games.
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Tabela de faturamento adaptada do site Box Office Mojo.
Redator do EvilHazard, paulista, administrador, viciado em jogos de aventura e cultura nerd, com uma queda pelo mundo do Survivor Horror