Dá para perceber as intenções por trás de Resident Evil Revelations 2 apenas olhando seus protagonistas. Clarie Redfield e Barry Burton são personagens que retornam à série – mais velhos e capazes que antes, mas ainda assim reconhecíveis; e há Moira e Natalia, que nos lembram que está tudo bem em ficar assustado. A sensação é que a Capcom batalhou para voltar às raízes de sua série de survival horror, evocando personagens carismáticos que remetem às origens da franquia e ao terror que muitos sentiram ao andar pelos corredores da Mansão Spencer ou as vielas de Raccoon City nos jogos originais.
Plataforma inicial e ano de lançamento: PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One e PC, 2015
Desenvolvedora: CAPCOM
Publicadora (s): CAPCOM
Gênero: Survivor Horror
Diretor: Yasuhiro Anpo
Número de jogadores: 1 (campanha) e 2 (modo de Raide)
Em Resident Evil Revelations 2, a novidade é que, pela primeira vez, o game foi lançado em episódios semanais – fora dois extras – a partir de fevereiro de 2015. O game não é uma continuação direta de Revelations, protagonizado por Jill Valentine. No início do jogo, Claire Redfield acorda dentro de uma cela de uma prisão localizada em uma ilha. Perto do final do corredor, ela encontra Moira Burton, filha de Barry. Cada uma tem suas habilidades próprias, necessárias para prosseguir no game: Claire pode atirar e chutar os inimigos enquanto Moira tem um pé de cabra que abre portas e finaliza inimigos caídos. Moira também tem uma lanterna que deixa os oponentes tontos e destaca itens no cenário. As garotas tem braceletes que indicam o quão assustadas elas estão com cores: verde quando estão bem, laranja para levemente aterrorizadas e vermelho para surto psicológico. Em um momento, uma voz sinistra sai dos braceletes e explica que tudo vai piorar ainda mais na vida de Claire e Moira.
Do outro lado da ilha está Barry Burton, que chega de barco para resgatar sua filha. Rezando para que Moira não esteja morta, ele invade o local para descobrir onde ela está. Lá ele encontra uma garotinha chamada Natalia Korda, que tem um sexto sentido que detecta itens e inimigos próximos. Juntos, os dois enfrentarão os perigos da ilha para se unirem às outras moças e escaparem com vida.
Os monstros desfigurados que circulam pelos corredores do jogo são diferentes dos inimigos tradicionais de Resident Evil, mas ainda parecem fazer parte do mesmo mundo. Eles parecem ter sido afetados por algum tipo de arma biológica, mas não foi o antigo T-Vírus, que causava a maior parte do terror nos três primeiros jogos. Esses inimigos são um meio termo entre os lentos zumbis clássicos e os quase maratonistas enfrentados em Resident Evil 5. Dessa forma, atirar neles é fácil, mas eles conseguem enganar sua mira de vez em quando ao dar pulos em direções aleatórias. Conte bem a sua munição, pois ela é bem mais escassa que nos últimos games da série.
Esse jogo tem um grande foco nas relações humanas, uma mudança bem-vinda comparada aos heroísmo movidos a explosões e testosterona dos últimos dois títulos da série principal antecedentes a este. Caso você goste mais de armas do que de sentimentos, Revelations 2 traz o familiar esquema de tiro de Resident Evil 4 – câmera por cima do ombro completa com chutes giratórios. Claire está mais capaz do que nunca, mas ela não é um soldado: sua vulnerabilidade ainda existe. Já Moira é bem mais frágil: ela não usa armas de fogo, então cabe a Claire protegê-la. O mesmo ocorre do outro lado: Barry cuida do tiroteio e da pancadaria enquanto Natalia tem um uso mais tático, encontrando itens e avistando inimigos.
Essa cooperação é incentivada durante o jogo. Muitas ações importantes necessitam da atuação dos dois personagens juntos. Além disso, os combates ficam mais fáceis se ambos os personagens atuarem em harmonia. Por exemplo, usar a lanterna de Moira cega os Afflicted e permite que Claire atire neles mais facilmente. Assim, Claire derruba o inimigo com os disparos e deixa Moira finalizá-lo usando seu pé de cabra. Um conselho: você vai querer jogar com outra pessoa para aproveitar a cooperação ao máximo. Caso prefira jogar sozinho, a troca entre os personagens é dinâmica e não afeta muito as lutas contra inimigos.
O gráfico do jogo deixa um pouco a desejar, porém, é o aceitável quando somos informados que o game foi produzido com baixo orçamento por parte da CAPCOM. Os cenários são de certa forma bem construídos e as cenas em CG convencem, porém, fica aquela sensação de que o jogo poderia ser ainda mais bonito e bem trabalhado, especialmente se jogarmos as versões PS4 e XOne. A trilha sonora também se mostra competente e pontual, mas não chega a ser marcante. Diferente dos outros jogos da franquia, Revelations 2 foi distribuído no formato de episódios semanais, como uma série. Cada capítulo trouxe várias horas de jogo, intercalando as histórias de Claire e Barry. O jogo também foi vendido em mídia física, inclusive para o portátil PS Vita, e chegou recentemente ao Nintendo Switch junto de Resident Evil Revelations, em um super pack contendo todos os conteúdos adicionais de ambos os jogos, mais conteúdos inéditos e exclusivos da versão para o híbrido da Nintendo.
CURIOSIDADE:
Não seria Resident Evil se não houvesse monstros nojentos para atrapalhar o caminho, certo? Três tipos de inimigos nos aterrorizam em Revelations 2. Os Afflicted são os principais, que atacam qualquer coisa com vida que passe por ele, mas também há os Rotten, que são uma versão mais esquelética dos Afflicted, e os Revenant, que tem membros humanos e pedaços de metal costurados ao corpo.
Concluindo, RE Revelations 2 pode sim ser considerado um grande título da série Resident Evil, pois une características muito pedidas pelos fãs, o retorno de Claire Redfield, um clima mais obscuro em lugares fechados, escassez de munição e combates com maior enfoque na sobrevivência do que na matança de monstros, sem falar em seu enredo bastante revelador e que deixa pontas soltas pra uma futura sequência. Sem dúvida, uma grande pedida para os fãs de série e do survival horror mais clássico!
Redator do EvilHazard, paulista, 21 anos, gamer amante de jogos de computador, fã de videogames antigos e de jumpscares em jogos de terror.