Silent Hill sempre foi uma série assustadora até os ossos. Surgiu em uma época em que Resident Evil era o líder em dar sustos. Por mais que existam comparações, Silent Hill tem sua cara própria, com monstros feitos de partes humanas desconexas – pernas no lugar de braços, braços a mais, rostos deformados e por aí vai – e, acima de tudo, uma história profunda e intrigante. Mas o pior era como os jogos da série nunca prezaram pelo prazer de jogar. As câmeras muito mal posicionadas causavam enjoos em alguns, por exemplo. O sistema de combate, para outros, era tosco demais.
Por isso é que algumas coisas têm que mudar radicalmente para dar certo, e foi o que aconteceu com Silent Hill: Homecoming, o sexto jogo da série.
Plataforma inaugural e ano de lançamento: PlayStation 3 e Xbox 360, ano 2008
Publicadora: Konami
Gênero: Survival Horror
Designer: Jason Allen
Número de jogadores: 1
Pelas mãos da softhouse Double Helix, muitas coisas mudaram neste Homecoming, algumas para melhor, outras… bem, outras se mantiveram as mesmas, o que não é uma coisa ruim. Homecoming se mantém fiel ao que foi construído de bom na série. É macabro, assustador e perturbador, mas sem estar estagnado no passado. A exploração continua praticamente a mesma, ou seja, portas fechadas aos montes, puzzles para dar e vender, estruturas em ruínas e ainda com o lado quase esquizofrênico entre o mundo real e o infernal.
Há algumas diferenças que vieram direto de uma atualização de geração. Agora existem muito menos loadtimes, quase todas as áreas são acessíveis de uma forma ou de outra – seja passando por portas, seja um ambiente adjacente. Além disso, os inimigos não são tontos como antes – se você fugir por uma porta, eles vão segui-lo até encontrá-lo. Tudo isso em cenários realmente decadentes e assustadores, um prato cheio para quem adora a sensação de medo.
Houve diversas mudanças na jogabilidade que ajudaram Homecoming a se mantar atualizado à realidade dos games de hoje em dia. Para começar, basta lembrar que algumas pessoas realmente não conseguiam jogar Silente Hill por conta de sua câmera, e esse foi o primeiro grande passo dado pelos novos produtores. Agora você é quem controla o ponto de vista, e controla de verdade. Enquanto você se move com a alavanca esquerda, a direita fica com a tarefa de mostrar o cenário e os inimigos, mostrando o que você realmente quer ver. E o que você quer ver é um sistema de combate decente. Não que seja incrivelmente inovador ou realmente amistoso com o usuário, mas, de longe, está muito melhor que os jogos que vimos em sua época. A ideia de lutar combina esquiva e ataque. Isso funciona muito bem e deixa as lutas muito mais intensas quando se encara um inimigo. Porém, quando o local está infestado de seres nefastos, fica intenso até demais.
Não foram poucas as vezes em que nos vimos usando itens de cura – que são escassos demais. Mesmo quando você está equipado com armas de fogo com um revólver, não é fácil se livrar dos inimigos. Isso não chega a ser frustante, mas também não é algo por que você se sinta recompensado ao passar uma parte tão difícil. Por isso, recomendamos que você fuja sempre que a situação começar a ficar perigosa demais.
Veja bem, estas novidades são bem legais, mas o que já era bom continua presente. A narrativa continua com os mesmos temas (perdão, pecado, redenção e amor), porém, está mais clara a direta. Isso deixou o jogo mais linear que antes, o que geralmente é um ponto negativo, mas neste caso é diferente e não deixa os jogadores cara de bobo e todos os finais (sim, são vários) são compreensíveis – o que nem sempre acontecia nos games anteriores.
No final das contas, Silent Hill: Homecoming é um bom jogo de horror, feito para o novo jogador que surgiu em sua geração. A Double Helix só pisou na bola no balanceamento dos combates, porém, este nunca foi um ponto positivo na série. Sentimos que Homecoming foi um grande passo que a Konami deu para o bem da franquia, pena que, anos depois, ela deu diversos passos para trás em sua franquia de horror, e, após um péssimo Downpour e o cancelamento do ótimo Silent Hills, Silent Hill deixou de ser um jogo relevante nos tempos modernos e se tornou um game esquecido, o que é uma lástima.
Redator do EvilHazard, paulista, 21 anos, gamer amante de jogos de computador, fã de videogames antigos e de jumpscares em jogos de terror.