No EvilTalk, nossos redatores irão apresentar, em texto, suas opiniões acerca dos mais variados assuntos que envolvem a franquia Resident Evil e demais obras do terror/survival horror, ou ainda assuntos referentes a games em geral, em uma narrativa questionadora e que dará preferência à abordagem de temas polêmicos e que geram discussão na base de fãs do assunto em questão.
ATENÇÃO: todo o exposto nos textos do EvilTalk refletirão unicamente as opiniões e convicções do Redator responsável pela publicação.
Neste texto, o tema a ser abordado pelo Redator e Administrador do EvilHazard, Joe Silva, será: Platinas e Conquistas: diversão ou “status”?
Em 2005, a Microsoft lançou no mercado o Xbox 360, primeiro representante da sétima geração de consoles que trouxe o sistema de Conquistas, onde uma “recompensa” em forma de pontos era dada ao jogador caso ele executasse uma certa tarefa dentro do jogo. Um ano depois, em 2006, a Sony introduziu no mercado o seu PlayStation 3, e ao perceber que a funcionalidade das Conquistas era de fato interessante, decidiu criar a “Lista de Troféus”, que basicamente seguia a mesma linha das Conquistas do rival 360, com um diferencial: no PS3, aquele que executasse todas as tarefas propostas ganhava ainda um “Troféu de Platina”, inexistente no console da Microsoft.
A aceitação do público gamer foi instantânea em ambas as plataformas, e o modelo segue vivo até hoje nos consoles da atual geração e até mesmo na Steam, dos PCs, sendo a Nintendo a única empresa que ainda não adotou o método em seus consoles. Muitos jogadores acham o sistema de troféus/conquistas um atrativo a mais para se jogar um jogo, encarando o sistema como um desafio a ser batido. Por outro lado, há aquela parcela de gamers que simplesmente não liga a mínima para ganhar troféus ou conquistas, jogando os jogos “just like old times” e se divertindo de maneira puramente simples.
Este assunto rende uma certa polêmica entre os jogadores ao redor do mundo, uma vez que a Microsoft e a Sony exibem em seus servidores o total de troféus e conquistas que cada jogador possui, e este “ranking” também é divulgado em sites especializados, que fazem comparativos e mostram aqueles que estão mais acima ou mais abaixo da tabela de pontuação. Sites como MyPst, PSN Proflies e TrueAchievements criaram todo um sistema de pontuação e avaliação das conquistas e troféus dos jogadores, o que estimula a competição.
Diante disso, surge a pergunta: afinal de contas, ganhar platinas e conquistas seria uma diversão, ou o interesse é maior pelo “status”, pela busca de ser “o maior de todos”?
Muitos jogadores não se importam com qual jogo estão jogando ou até mesmo se gostam do jogo ou não, pois para eles o importante é aumentar o seu Gamescore ou ganhar mais uma platina, rumo ao topo do ranking. Estes jogadores vão atrás de qualquer jogo, deixando a diversão de lado e buscando apenas o aumento no número total de conquistas/troféus que possui. O gameplay do jogo, inclusive, pouco importa: estes jogadores adquirem um novo jogo e já correm para os guias de troféus e conquistas disponíveis na internet para receberem de forma mastigada todo o passo a passo de como atingir os objetivos do jogo, ou seja, eles jogam o jogo de forma quase mecânica. Em 2017, tivemos um exemplo disso como o jogo ★★★★★ 1000 Top Rated, banido pela Sony da PS Store após inúmeros usuários terem comprado-o apenas visando sua platina “mais rápida do mundo”. Este é um perfil muito criticado por grande parte dos gamers que acha fútil a corrida pelas conquistas/troféus em detrimento da diversão.
Temos ainda os jogadores que zelam por ostentar uma lista de troféus e conquistas “hardcore”, onde jogos considerados “fáceis” não entram e são menosprezados, por mais divertidos que eles sejam. Estes jogadores são o oposto dos retratados no parágrafo anterior, e muitas vezes eles também não se divertem na busca por uma platina ou conquista “hardcore”, mas eles suportam todos os níveis de estresse e nervosismo que seja somente para ostentar que são gamers “hardcore” e que não dão chance para jogos bobos ou infantis.. mesmo que reconheçam estes como divertidos.
Há ainda uma pequena parcela de gamers que, na busca pelo topo dos rankings de platinadores e conquistadores, compram troféus e conquistas.. isso mesmo, compram! Não é raro encontrarmos no Mercado Livre, por exemplo, pessoas oferecendo seus serviços de “platinadores/conquistadores” de jogos: o jogador interessado paga um preço, e fica a cargo da outra pessoa jogar o game em sua conta e fazer tudo pra ela, e claro, o “mérito” e a “glória” de ter adquirido mais uma platina ou mais 1000 pontos de Gamescore ficam para o comprador, que se orgulha e se exibe perante os demais.
Existem também aqueles que hackeiam troféus nos sistemas PlayStation, para destravar troféus sem ao menos terem jogado o jogo, muitas vezes inclusive sem eles nem terem o jogo em seus consoles! O sistema de hack, ao ser descoberto, faz com que o jogador seja banido de todos os sites de ranking oficiais existentes na internet. Muitas vezes a pessoa se atrapalha na hora de hackear os troféus, e a trapaça fica visível a olho nu por qualquer jogador, o que na minha opinião é deprimente.
É uma discussão que está longe de ter um fim. Eu, particularmente falando, me considero um platinador, mas costumo priorizar a diversão e gosto de jogar os mais variados tipos e estilos de jogos. Admito que não é qualquer game que eu jogo atualmente, e admito também que já deixei de jogar um ou outro game, por considerá-lo fácil demais ou por saber que ganhar sua platina envolveria reunir 50 pessoas no online. Admito ainda que sou bastante fresco com minha lista de troféus e não gosto de ver jogos “incompletos” nela (aleluia Senhor que a Sony agora permite apagarmos os “0%” da lista), pra isso eu tenho uma conta secundária onde eu “testo” alguns jogos que sei que não vou jogar na minha conta principal. Eu tenho todas estas frescuras mas me divirto com cada platina que eu faço, não platino jogos por platinar, não dou muita bola pra aumento de número de troféus a qualquer custo, e acesso guias de troféus somente após ter finalizado o game jogando “às cegas”, priorizando a diversão sem pressa e da melhor forma possível.
Os perfis de jogadores são vários, cada um tem o seu sistema de jogo e também as suas preferências. Alguns são extremistas demais na busca dos troféus e conquistas, outros são tranquilos e vêem isto como um bônus sem nenhuma importância, tem aqueles que só se importam com subir posições nos rankings.. o que devemos entender é que, com exceção daqueles que hackeiam troféus (isso eu condeno e acho uma palhaçada mesmo!), todos os demais perfis de jogadores estão sim se divertindo, mas à sua maneira, por isso não cabe a nós julgarmos como o outro está jogando! A maneira como o outro está se divertindo nos jogos não deveria dizer respeito algum à sua maneira de se divertir, há espaço para todos curtirem os jogos da forma que melhor lhes convier, ganhando troféus/conquistas ou não.
Uma outra coisa importante que deve ser entendida por alguns é que é possível conciliar tudo: jogar, ganhar troféus e conquistas, passear, sair pra curtir, trabalhar, estudar, namorar.. tudo! Os jogadores possuidores de muitos troféus e conquistas muitas vezes são “discriminados”: “ah você não tem vida social!”.. “que isso você não sai de casa não?”.. “caramba, mulher às vezes faz bem viu?”.. tudo isso eu já ouvi de diferentes amigos e colegas, e garanto que vocês platinadores/conquistadores também, e é puramente desnecessário! Eu tenho uma vida social bastante ativa e acho tempo ainda pra me divertir jogando videogame e ganhando troféus, e ninguém tem nada com isso. Por mais difícil que seja para muitos entenderem, platinar ou militar jogos não tem segredo nenhum, basta se dedicar.
Você, amigo leitor, é um platinador ou tem muitos mil pontos no seu Gamescore? Qual a sua opinião a respeito de toda essa discussão? Ao meu ver, não cabe a nós julgarmos como o outro está se divertindo, cabe a nós nos divertirmos da melhor forma possível e da forma que mais nos agrada.. e claro, sempre aguardando a próxima platina ou conquista pular na tela, haha!
Fundador e Administrador do EvilHazard, mineiro, de BH e da Independência, advogado, oldschool gamer, uma criança Wesker e fanático por Resident Evil.
