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EvilTalk | Resident Evil 4 – Muito mais que um jogo, uma experiência de vida, antes e agora!

No EvilTalk, nossos redatores irão apresentar, em texto, suas opiniões acerca dos mais variados assuntos que envolvem a franquia Resident Evil e demais obras do terror/survival horror, em uma narrativa questionadora e que dará preferência à abordagem de temas polêmicos e que geram discussão na base de fãs do assunto em questão.

ATENÇÃO: todo o exposto nos textos do EvilTalk refletirão unicamente as opiniões e convicções do Redator responsável pela publicação.

Neste texto, o tema a ser abordado pelo Redator do EvilHazard Yan Santos será: Resident Evil 4 – Muito mais que um jogo, uma experiência de vida, antes e agora!

Em sua maioria, jogos eletrônicos – em outras palavras, videogames – possuem o objetivo principal de entreter aqueles que o jogam. Independente da maneira que é jogado, a finalidade de um videogame é a diversão. Porém, dentro do vasto universo de jogos e na sua variedade infinita, todo e qualquer ser humano consegue encontrar um que entrega muito mais do que apenas algumas horas de diversão; ele encontra um objetivo de vida, uma identidade – em raros casos, até mesmo um legado deixado por alguém. “Resident Evil 4 é só um jogo”. Este relato, de certa forma, é um fato, porém onde muitos vêem apenas mais um jogo, eu vejo o resumo de uma infância inestimável. Resident Evil 4 foi o jogo onde eu encontrei um “propósito” para trilhar o meu caminho neste mundo fantástico que conhecemos e vivemos diariamente que é o do videogame.

Tudo começou nos meados de 2005, quando eu, Yan Santos, tinha entre 3 a 4 anos de idade. Quando eu me encontrava nessa idade, vivia em uma casa humilde de fundo com meus pais e ambos não tinham uma condição financeira admirável, mas apesar disso, éramos felizes com o pouco que tínhamos. Eles se esforçavam para não deixar faltar nada na nossa casa e também para me presentear com brinquedos de boa qualidade, e sou grato até os dias atuais pelo gesto. Até essa idade, eu brincava com bonecos e usufruía da minha imaginação desproporcionalmente fértil – o que eu acredito que é um presente do próprio Deus vivo – para montar histórias aleatórias usando-os como personagens principais. Toda a minha vida mudou, porém, em uma única noite, quando meu pai chegou em casa com um presente para mim – um PlayStation 2 (lembro até hoje que ele chegou com o videogame escondido em seu moletom verde escuro estampado). Eu era ingênuo a ponto de ainda nem mesmo me reconhecer como um ser humano, mas só o fato de ter um console daquele me fazia sentir vivo, mesmo não detendo nenhum conhecimento sobre tais máquinas ainda. Em uma comparação figurada, sentia que, de alguma forma, eu estava ligado àquele acontecimento de corpo e alma.

Admito, tive uma “infância raiz”, sim – machuquei por muitas vezes o meu dedão jogando bola no asfalto descuidado da rua, caí incontáveis vezes da bicicleta sem rodinha (meu pai sempre trabalhou com isso, então ele me incentivava a começar andando com elas, e nas tentativas falhas de impressioná-lo, tentava andar sem proteção ou auxílio, pagando o árduo preço às vezes) e também já perdi as contas de quantas árvores já escalei, me imaginando subindo na torre mais alta de um castelo e governando toda uma terra, mas tudo mudou depois daquela noite, minhas vontades, pensamentos e sem exagero nenhum, meu próprio coração.

Tínhamos poucos jogos, entretanto todos eram clássicos do que hoje em dia eu considero o melhor console que já existiu na história da humanidade: God Of War II, Need For Speed Carbon e Metal Gear Solid são alguns exemplos. No meio destes, havia um com a capa de um homem apontando uma pistola para nós com vários inimigos em suas costas – Resident Evil 4. Devo dizer que, a princípio, nenhum dos outros capturou a nossa atenção como ele – apesar de termos jogado os outros futuramente. Resident Evil 4 foi o primeiro jogo que nós começamos a jogar no nosso PlayStation 2 Slim. Logo no começo do jogo nos deparamos com o nosso primeiro desafio: o jogo ser todo em Inglês, o que, para nós naquela época seria algo impossível de compreender. A história também era muito confusa para nós; sabíamos apenas que o protagonista se chamava Leon e estava atrás de uma garota. Mesmo assim, começamos a nossa jornada em Resident Evil 4.

Meu pai assumiu o controle de toda a jogatina. Para mim, só o fato de estar com ele vivendo aquele momento era mais do que suficiente. Assisti ele jogar do começo ao fim depois de meses e meses apanhando do controle, inimigos, dos ardilosos Quick Time Events e da língua original do jogo. “Jogamos” Resident Evil 4 de cabo a rabo apelidando e trocando o nome dos personagens da maneira que mais nos entretinha. Na ausência do dinheiro, cada gargalhada valia mais do que qualquer moeda. Me lembro de todos os momentos que tivemos juntos nessa época e, se eu tivesse a chance, retornaria a esse espaço do tempo e reviveria tudo de novo. Cada. Segundo. Dela.

Depois de dois anos, nos meados de 2007, meus pais se separaram e eu vivi uma das piores épocas da minha vida – se não a pior até hoje. Aos meus 5 ou 6 anos, eu já tinha que lutar contra pensamentos negativos, um desânimo inumano e muitos, MUITOS pensamentos em relação ao meu pai, mas no meio de toda essa batalha, eu tinha um único refúgio onde me sentia totalmente seguro, Resident Evil 4 e as memórias que o jogo me proporcionou. Era tudo o que eu tinha para lembrar dele naquela época. Para mim, o jogo deixou de ser um simples divertimento e passou a ser um motivo para viver, para preservar as nossas memórias e não deixá-las cair no esquecimento. Depois do término deles, meu pai levou uma parte do meu coração consigo quando ficou ausente em minha vida, e eu só conseguia senti-lo quando eu jogava, de forma desajeitada, Resident Evil 4. Os anos, entretanto, passaram e eu, com uma determinação sobrenatural, joguei o jogo até dominá-lo completamente, me tornando futuramente um jogador consideravelmente bom nele, modéstia à parte. Algo que devo citar aqui também é que, em seletos momentos onde eu terminei o jogo, me encontrava rendido às lagrimas em um misto de nostalgia e dor em meu coração. A aventura de Leon Scott Kennedy em busca de Ashley Graham foi a ponte que me ligou à minha figura paterna por muito tempo.

Com a chegada da releitura do jogo clássico de 2005, Resident Evil 4 Remake, me vi mergulhado em uma profunda obrigação de dominar o jogo assim como fiz com o clássico. Para mim, não era questão de provar nada para ninguém e muito menos me exibir, mas sim de honrar o “legado” deixado a mim por ele. Desde o seu lançamento, dia 24/03/2023, joguei o remake com um único objetivo no mais íntimo do meu coração e na parte mais profunda da minha mente: dominar o jogo de qualquer forma e a todo custo. No dia 28/03, às 21:28, eu conquistei o famigerado troféu de platina no meu PlayStation 4. Ao ver o troféu pulando na tela, me lembro de chorar como uma criança, com todas as memórias de 2005 desabando sobre o meu ser como uma chuva torrencial cai sobre uma cidade pequena. Depois de alguns dias eu peguei o 100% absoluto do jogo, assim dominando suas mecânicas e conquistando tudo dele. Claro, paguei um preço altíssimo por ter jogado o remake neste ritmo: dores de cabeça intensas cobradas com juros pelas noites em claro, dores fortíssimas no meu estômago pela má alimentação (em alguns casos, pela falta dela) e dores corporais fora do comum, mas o meu objetivo estava concluído, tinha honrado as memórias de mim e meu pai com o jogo e dado a elas o descanso que mereciam.

O que eu quero deixar registrado aqui neste texto é que, em certos casos, um jogo, APENAS UM JOGO, pode se tornar algo muito maior para uma pessoa que enxerga valor nele. Para mim, Resident Evil 4 é uma carta de um homem batalhador deixada para o seu filho, narrando uma infância que não há palavras em nenhum vocabulário para descrevê-la. Já Resident Evil 4 Remake é uma carta em branco – dessa vez, o filho portando a responsabilidade de escrevê-la para o seu pai, o agradecendo por tudo o que ele fez, faz, e está disposto a fazer por ele. Hoje, com 21 anos de idade, posso (e devo) dizer que a experiência que tive com o remake de Resident Evil 4 foi única. Jamais me esquecerei das memórias que residem no canto mais rico do meu ser, sejam elas as antigas ou as atuais.

Pai, independente da sua ausência, eu te amo para todo o sempre! Muito obrigado pela infância que o senhor deu a mim e por todos os nossos valiosíssimos momentos. Dia 07/04/2023. Daqui para toda a eternidade.

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