EvilSpecial | Décadas depois, por que Silent Hill 1 ainda tem a melhor atmosfera da série?

Muito antes de os avanços em hardware e motores de jogo tornarem as renderizações foto realistas uma possibilidade, o gênero de terror de sobrevivência praticamente viveu e morreu com base nas atmosferas de seus jogos. A ascensão do gênero à proeminência durante a 5ª geração de consoles no PlayStation foi essencialmente dividida entre duas franquias, com Silent Hill da Konami levando o prêmio pela atmosfera mais enervante e sensação de pavor penetrante sobre as tendências de ação de Resident Evil e o exagerado filme B.

Como uma franquia, Silent Hill sempre deu importância ao terror psicológico e à tensão angustiante em vez do puro choque ou sustos, mas poucos jogos da série (se houver) chegam perto de igualar a estranheza esotérica do original do PlayStation 1.

+ MAIS sobre a franquia Silent Hill

Décadas depois de seu lançamento inicial em 1999, o Silent Hill original pode não ser o melhor jogo da série para alguns (uma honra que, para estes, sem dúvida vai para Silent Hill 2), mas quase certamente tem a melhor atmosfera de terror de qualquer jogo com o nome de Silent Hill. Entre a névoa opressiva, o ruído branco desorientador do rádio de bolso para alertar Harry sobre a presença de ameaças e o estranho enredo que se inspira tanto em Twin Peaks e The Outer Limits quanto no terror tradicional, o primeiro Silent Hill é um mestre sobre como o cenário e a atmosfera apropriados podem sustentar a longevidade de um jogo e ocupar um lugar no coração dos fãs.

Embora todos os jogos da série Silent Hill tendam a confundir intencionalmente os limites entre o que é real e o que não é, o início do primeiro jogo é uma aula magistral absoluta em ofuscação e distorção da realidade. Os jogadores começam o jogo em um verdadeiro pesadelo (ou, pelo menos, é isso que o jogo leva você a acreditar), acordando repentinamente dentro de uma lanchonete na misteriosa cidade de Silent Hill no momento da “eminente morte” do protagonista. A partir daqui, o jogo apenas leva os jogadores pela proverbial toca do coelho, usando ângulos de câmera que mudam dinamicamente e neblina pesada e persistente para tornar o ato de travessia um desafio por si só.

Harry adquire um mapa nos primeiros segundos depois que os jogadores recebem o controle sobre o protagonista, mas isso pouco ajuda a evitar a confusão em torno de como ele deveria encontrar sua filha. Quase todas as ruas terminam em um penhasco misterioso, bloqueando o acesso às vias principais e forçando o protagonista a voltar atrás rotineiramente e tentar entender sua direção dentro da câmera em movimento e das condições climáticas que obscurecem a visão. O fato de ser necessário enfrentar muitos inimigos horrivelmente deformados durante esta abertura só serve para aumentar a tensão, tornando até mesmo chegar à primeira seção principal de Silent Hill, a escola, uma tarefa difícil.

A 5ª geração de consoles representou uma mudança sísmica na indústria, vendo os desenvolvedores adotarem totalmente mundos e personagens renderizados em 3D e utilizarem técnicas cinematográficas para transformar a forma como a mídia interativa pode contar histórias. Enquanto algumas séries tropeçariam na nova dimensão dos jogos totalmente em 3D, outras (como The Legend of Zelda ou Super Mario) se destacariam em seus primeiros lançamentos, estabelecendo precedentes que quase todos os outros contemporâneos seguiriam. A existência do PlayStation como o lar inicial do terror de sobrevivência se deve em grande parte graças a Resident Evil e Silent Hill, e o primeiro jogo da série faz de tudo para mostrar que os videogames podem ser verdadeiramente aterrorizantes, mesmo parecendo um pouco desatualizados.

Anos e anos desde o seu lançamento inicial, Silent Hill ainda é capaz de incutir uma sensação generalizada de pavor e desconforto graças à forma como o seu design de áudio e ambiente se combinam para criar um dos cenários mais perturbadores dos jogos. Cada movimento em Silent Hill faz o jogador sentir como se estivesse jogando com as amarras de sua própria sanidade, e simplesmente ir de sala em sala pode ser um exercício para testar os limites de sua determinação. Silent Hill 2 ( e seu remake) não têm apenas o pedigree de seu material original para seguir, como também estão na sombra do Silent Hill original e da sua atmosfera definidora de gênero.

Adaptado de GameRant

Lan Schultz

Curitibano que aproveita o clima frio para tomar café e jogar bons jogos, e em alguns momentos de reflexão tenta explicar para si mesmo a diferença de remaster e remake nos dias de hoje. Jogos prediletos: Hollow Knight, The Witcher 3 e Super Metroid.

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