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EvilFiles – Novo Resident Evil 2 (Análise)

Já vou começar dizendo: é assim que se faz um remake! Resident Evil 2 é o perfeito exemplo de como um título moderno de terror e sobrevivência deveria ser. O que ajuda e muito essa formula é ser baseado em um dos melhores jogos da franquia. Mas antes de tudo, vou preparar a análise para quem ainda não está familiarizado com o game clássico.

Você joga com Leon S. Kennedy, chegando a Raccoon City para seu primeiro dia no trabalho como policial, ou Claire Redfield, que está na cidade à procura de seu irmão e protagonista do primeiro jogo, Chris Redfield. Claro, as coisas rapidamente vão buraco a baixo. Devido a alguns acontecimentos começa um surto de zumbi em toda a cidade. Em um toque brilhante da Capcom, o que antes era apenas uma abertura cinematográfica, é agora uma pequena seção jogável. Os dois personagens se cruzam enquanto se aproximam da cidade. Infelizmente, eles logo se separam e é aqui que o jogo começa.

[ LEIA TAMBÉM: EVILFILES – NOVO RESIDENT EVIL 2: HISTÓRIA ]

Dependendo de quem você escolha jogar, seu percurso pelo jogo será alterado com diferentes rotas e personagens encontrados ao longo do caminho. O departamento de polícia de Raccoon City é o primeiro lugar que os protagonistas decidem ir, mas é mais fácil falar do que fazer. Este é o horror de sobrevivência definitivo. Não se trata de matar tudo em seu caminho, mas é melhor evitar conflitos. A munição é incrivelmente escassa e se você espera os tiroteios alucinantes de Resident Evil 6, você terá uma decepção.

Com nossos heróis já conhecidos retornando, Leon e Claire são novatos e não têm nenhum dos movimentos defensivos que você pode estar familiarizado. Por exemplo, o chute de Leon usado em Resident 4 está muito longe de aparecer em Resident Evil 2.

Apenas os zumbis iniciais já podem trazer uma dificuldade, suportando vários headshots antes que caiam. Mas não subestime nem mesmo inimigos supostamente abatidos. Eles costumam fingir de morto, esperando que você passe antes de voltar à vida para morder seus tornozelos. Cada tiro tem um certo impacto sangrento que é, de alguma forma, absolutamente satisfatório e absolutamente fascinante de se ver. Alguns tiros deixam pedaços pendurados, ou até mesmo completamente ausentes.

Membros podem ser removidos, ou até mesmo os corpos rasgadas ao meio, as pernas caindo no chão quando a metade superior desliza para fora, e então se derramam enquanto continuam a rastejar atrás de você. Todos os inimigos são persistentes por todo o jogo. Os cadáveres permanecerão em qualquer estado em que você os deixar, e se não forem finalizados corretamente, irão reanimar mais tarde. Em mais de uma ocasião, eu corri através de um quarto supostamente limpo apenas para encontrar um zumbi que eu pensei já ter matado, que veio acompanhado por uma reação rápida do inimigo.

Felizmente, os itens de defesa retornam, embora sejam ainda mais limitados do que as munições comuns, e, no caso da faca, só podem ser recuperados depois que você matar o inimigo. O inimigo está geralmente escondido no cenário. Muitas vezes, é melhor usar uma brecha que você criou para escapar. Inimigos vão te perseguir no entanto e você não pode mais usar aquela velha estrategia de se esconder em outra sala passando pelo loading.

Cada porta é aberta em tempo real, e os inimigos podem usar esse recurso tanto quanto você. Você terá pelo menos alguns segundos batendo na porta para se preparar, mas, assim que chegarem, é melhor que você esteja pronto. Zumbis se movem de maneiras imprevisíveis, desviando e esquivando-se e, geralmente, tentando tornar ainda mais escassa sua munição. Lickers correm e pulam em um piscar de olhos, sendo resistentes a tiros e levando muitos jogadores ao pânico. Cada encontro parece tenso e uma bala perdida pode significar vida ou morte.

Os fãs que retornam a franquia já tem suas expectativas definidas, mas, enquanto muita coisa permanece o mesmo, a Capcom consegue manter a curiosidade até mesmo dos fãs mais obstinados. Sem estragar nada, se você puder pensar em uma parte do original que se destaca para você, é provável que a Capcom tenha pensado nisso e a tenha atualizado de maneiras que talvez você não espere. Eles fizeram com que tudo parecesse novo e, o mais importante, assustador. Tendo jogado o clássico do PlayStation mais vezes do que posso contar, eu posso dizer que o remake é completamente surpreendente.

Aqui, a Capcom brinca, insinua e mantém a sua atenção presa no game. Lições foram claramente aprendidas com Resident Evil 7, já que o jogo inteiro tem a mesma vibração opressiva. Paredes ressoam constantemente, zumbis podem ser ouvidos se arrastando em salas ao lado, e há sempre aquela sensação de que algo está te esperando virando a esquina. O design de áudio é realmente de primeira qualidade, dando um peso e senso ao lugar e ambiente. Os arrepios percorrem sua espinha quando escuta o clique de uma garra de um licker, isso sem te-lo visto. Você pode até segurar o seu folego, mas só até você escutar as fortes batidas dos passos do Tyrant, ficando mais altas à medida que se aproximam do seu esconderijo.

Uma coisa a se destacar é o olhar quase real sobre os personagens, como fizeram em Resident Evil 7, com expressões e características quase palpáveis, ajudando a vender o caos que acontece. Usando o RE Engine, visto pela primeira vez em Resident Evil 7, Raccoon City e seus vários locais são um espetáculo para ser visto. O RPD sempre parecia um pouco limpo por ter passado por um apocalipse zumbi, mas aqui no remake, sem dúvida alguma, algo sério aconteceu lá. Grande parte do poder do game está em sua atmosfera quase sem luz, com sua lanterna ajudando a iluminar os horrores antes de você.

Luz e sombra desempenham um papel fundamental para a atmosfera, escondendo os inimigos ou provocando sombras suspeitas em torno de um canto estreito. Os pedaços estão espalhados por toda parte, e dá pra se imaginar que são os restos de qualquer sobrevivente anterior. É um jogo lindamente sombrio. O efeito que eu mais gostei foi a implementação de um granulado. Em cenas mais escuras (ou seja, a maior parte do jogo), o visual tem uma tremulação excessiva que provou ser bastante perturbadora. Você tem a opção de desativá-la, mas eu sempre gostei da estética do granulado de filme e aqui as coisas parecem um pouco limpas sem ela.

Mas de qualquer forma, essa atmosfera tensa nunca desaparece. Mesmo com um generoso sistema de itens para recuperar vida e munição em certas partes do jogo, não impedirá seu coração de pular ao entrar em cada novo cômodo, ou ouvir esses passos sempre presentes batendo cada vez mais perto. Jogar com a dificuldade normal acaba com a necessidade de usar as fitas de tinta, no entanto, você ainda precisará encontrar uma máquina de escrever para salvar o progresso. Se você não der cabo dos inimigos, a sua situação pode piorar cada vez mais.

Os jogadores experientes poderão ter uma noção de quando algo grande está prestes a acontecer, mas até eu fui pego de surpresa em mais de uma ocasião. Logo você aprenderá a amar os breves momentos de descanso genuíno, mas essa sensação de medo de ter que voltar para os corredores estreitos é palpável o tempo todo. Felizmente, os controles modernos funcionam muito bem, permitindo que você se mova com uma grande liberdade, mesmo quando mira. Ao contrário de Resident Evil 7, voltamos aqui para um ponto de vista sobre o ombro, ajudando você a se manter ciente de seu entorno.

No entanto, não espere que o foco de ação de Resident Evil 6 esteja em vigor aqui. Leon e Claire caminham de forma lenta, mesmo em velocidade de “corrida”. Eu me encontrei segurando o botão de corrida com a força de mil pessoas toda vez que eu estava tentando fugir do Tyrant com cada batida de seu pé fazendo com que eu desejasse que o personagem corresse mais rápido! Os zumbis têm um alcance surpreendente também. Não dá nem pra contar a quantidade de vezes que eu mal consegui desviar das pontas dos dedos deles.

Igual acontece no original, você é classificado em estatísticas de conclusão. Indo para níveis mais altos de dificuldade só aumenta a tensão. Você sente cada esquiva fracassada e cada bala perdida. Estas classificações desbloqueiam novos modos de jogo que testarão as suas habilidades com novas jogadas em sua aventura através de Raccoon City que, sem dúvida, os fãs que regressam terão prazer em jogar. O lado B também faz um retorno. Depois de completar uma companha com Leon ou Claire, você pode experimentar a mesma história, mas da perspectiva de outro personagem, com eventos paralelos àqueles da sua versão anterior.

Foi uma ótima ideia na época que nenhum outro jogo conseguiu realmente reproduziu, mas a volta dessa ideia no remake não é tão satisfatória. Efetivamente, o jogo te da 4 campanhas em um, antes dos jogos extras mencionados, e há o suficiente aqui para manter os jogadores empenhados por algum tempo. Mas a diferenças entre as campanhas do Lado A para o lado B são bem sutis, mudando basicamente os quebra-cabeças, inimigos e o final.

Se você está voltando para Raccoon City depois de alguns anos, ou se esta é sua primeira visita ao local, não há melhor maneira de experimentar Resident Evil 2 do que esse remake. Desde os visuais sombrios, passando pela atmosfera tensa com sustos genuínos, até o controle brilhantemente atualizado. E caso você seja um amante do difícil, o modo hardcore remove algumas coisas do jogo normal:  os inimigos são mais difíceis, o salvamento automático é desativado e agora você também precisa de fitas de tinta para salvar, assim como os bons velhos tempos. Um para os puristas, isso testará absolutamente sua coragem.

Embora permanecendo fiel ao arco geral do jogo original, tudo aqui foi ajustado, atualizado e transformado em um horror de sobrevivência verdadeiramente brilhante.

Capcom está voltando a sua era de ouro!

Análise adaptada, original de Júlio César Angelo, dos nossos Parceiros do GamerSpace.

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