Em um nível conceitual, Umbrella Corps é interessante. Sim, apesar da enxurrada de críticas que o jogo sofreu (todas justas), o jogo tem sua peculiaridade que merece ser analisada. Gostamos da ideia de jogos de tiro multiplayer com foco em cobertura em que você se une a outros participantes para enfrentar hordas de mortos vivos, gostamos de tiroteios em ambientes tirados da história de Resident Evil, e gostamos da velocidade de movimento insana do jogo, que resulta em batalhas rápidas.. mas, apesar desses aspectos terem potencial, Umbrella Corps os emprega de modo a provar que ideias não são nada sem uma execução adequada.
Plataforma inaugural e ano de lançamento: PC e PS4, ano 2016
Desenvolvedora e Publicadora: CAPCOM
Gênero: Shooter Tático
Produtor: Masachika Kawata e James Vance
Número de jogadores: Até 5 jogadores, multiplayer
Apesar de ser um título controverso, a Capcom já confirmou, em entrevistas, que o jogo é sim canônico e faz parte da história da franquia, portanto, por mais que não pareça, Umbrella Corps tem sim enredo em seu modo single-player, batizado de “The Experiment”: a história se passa entre 2012 e 2013, e nela seguimos os passos de um agente com codinome 3A-7. A organização para a qual ele presta serviços, a Umbrella Co., é a mesma que aparece com o nome “Umbrella Corporation” em Resident Evil 7, aparentemente sendo uma nova organização, utilizando o nome da Umbrella, com nova logomarca, e, ao que tudo indica, tendo o herói Chris Redfield como um de seus líderes.
O agente 3A-7 é mandado em missões, por seus superiores, em ambientes artificiais que remetem a cenários clássicos da história de Resident Evil (como o RPD ou a vila de RE4), para que seja testado um novo equipamento, e, uma vez que o teste é completado, seus superiores tentam matá-lo mandando-o em missões cada vez mais perigosas. O modo “The Experiment” acaba com o agente 3A-7 superando todos os seus limites e sobrevivendo a todas as missões, o que assusta seus superiores. Muitos defendem que 3A-7 na verdade é HUNK, ou uma pessoa com mesma periculosidade e habilidade. Há indícios, ainda, da presença de um clone de Albert Wesker na história, através de pistas deixadas por arquivos de áudio encontrados no jogo.
Umbrella Corps sofre de um senso de direção que, na melhor das hipóteses, é confuso – e na pior, conflitante. É um jogo com foco em cobertura, mas se esconder atrás de objetos é inútil, já que inibe seu movimento e torna difícil reagir contra seus oponentes velozes. É um jogo de tiro ultrarrápido, mas os mapas são pequenos pra acomodar tal velocidade – tanto que você às vezes ressurge no meio de um tiroteio. É um jogo de tiro somente online, com um sistema de progressão que começa a liberar novas armas imediatamente, mas muitas são as opções estéticas que não fazem sentido, já que você tem uma camuflagem melhor com a roupa preta com a qual começa.
A Capcom tentou ser diferente e isso fica claro assim que você entra em um dos modos multiplayer. O primeiro é o modo One Life, uma versão 3×3 do mata-mata em equipe, na qual você não retorna após ser derrotado. Essa opção tenta oferecer tiroteios táticos tensos nos quais você usa manobras lentas e planejadas contra os oponentes. Infelizmente, a movimentação ultrarrápida não permite tiroteios táticos e a maioria das partidas termina em uma bagunça total antes de você voltar à tela de busca de partidas. A segunda opção online é um modo que o coloca em uma equipe para completar uma série de missões aleatórias, incluindo variações dos populares rei da colina, capture a bandeira e mata-mata em equipe. As missões são escolhidas de forma aleatória no começo de cada rodada e a primeira equipe a ganhar três rodadas vence a partida. O elemento de aleatoriedade é bacana, mas é estranho que essas modalidades não tenham modos próprios. Se você quiser jogar mata-mata em equipe, por exemplo, precisa escolher o modo de múltiplas missões e torcer para cair nesse tipo de partida.
Outros jogadores não são seus únicos inimigos em Umbrella Corps, já que cada fase está repleta de zumbis. Felizmente, você está equipado com uma mochila especial que os impede de atacar você. Isso soa ridículo, mas teoricamente cria uma tensão curiosa entre você e os zumbis. É possível ignorá-los na maior parte do tempo, mas se um inimigo destruir sua mochila, as hordas próximas podem correr atrás de você para terminar a tarefa. Mas isso quase nunca acontece. A maior parte dos jogadores morre depois de poucos tiros, então é raro que um jogador sobreviva até sua mochila ser atingida o suficiente para parar de funcionar. Mesmo quando o aparelho é desativado, jogadores são velozes o bastante para fugir dos zumbis, então a existência desses cadáveres ambulantes não é uma ameaça significativa.
Graças a todos os seus defeitos, Umbrella Corps parece uma esquisitice online que todos deveriam ignorar. O lançamento do jogo recebeu pouca atenção e teve uma recepção terrível entre os fãs. Dessa forma, encontrar uma partida não é fácil. Em média, é preciso esperar de cinco a dez minutos para começar o jogo, então você inevitavelmente passa mais tempo esperando do que jogando – e nenhuma das duas atividades é divertida. A única solução para esse problema é convencer cinco amigos a comprar o jogo para jogar com você, mas é assim que se acaba com uma amizade, ainda mais se os cinco forem “fãs-raiz” de Resident Evil..
No quesito gráfico, Umbrella Corps é um jogo onde os ambientes e os personagens são passáveis, mas os efeitos quando um zumbi sai do chão são bem bacanas. No tocante ao som do jogo, o gemido dos mortos-vivos e os disparos de rifles são familiares, mas oferecem pouco incentivo para aumentar o volume. Na jogabilidade, os controles são meio imprecisos e a velocidade de movimento é absurdamente rápida, o que resulta em ação frenética. O fator replay é bom, por se tratar de um multiplayer, porém, quando é possível encontrar partidas com frequência, você tem uma experiência de tiro medíocre; infelizmente você passa mais tempo olhando para uma tela de busca de partidas do que jogando.
Concluindo, Umbrella Corps é um jogo de tiro incomum. Infelizmente, sua mistura excêntrica de mecânicas não funciona bem e a busca de partidas é uma piada. A pessoa que se dispuser a esperar quase 20 minutos para uma partida que vai durar menos de 10 minutos, certamente, gastaria melhor seu tempo indo até uma loja e comprando um jogo melhor.
Redator do EvilHazard, paulista, 21 anos, gamer amante de jogos de computador, fã de videogames antigos e de jumpscares em jogos de terror.
